5ª Lição: O plano da redenção
Quando Adão e Eva pecaram, Deus não só lhes expôs as terríveis conseqüências de seu erro mas também lhes anunciou a existência de um maravilhoso plano que Lhes garantiria a vitória final sobre o pecado e a morte.
Esta lição trata exatamente do plano da redenção. Ao discorrermos sobre ele, procuraremos responder às seguintes questões: Qual a solução para o pecado proposta por Deus? Por que unicamente Cristo pode ser o Salvador dos homens? Que condições teria Cristo que preencher para tornar-Se o Redentor? Qual o propósito do plano da redenção?
A PROBLEMÁTICA DO PECADO
Texto para memorizar: João 3:16
Vimos pela lição anterior que a condenação de Adão foi a condenação de toda a humanidade; de sorte que cada um de nós pode dizer como o salmista Davi: “Eis que eu nasci em iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe.” Salmos 51:5. Pela culpa herdada de Adão, participamos com ele de toda a maldição da desobediência, e isto inclui também a morte. Esta é a nossa situação.
Mas o Senhor Deus declara: “Não tenho prazer na morte de ninguém.” Êxodo 18:32. Deus nunca desejou que o homem caísse nesse estado deplorável. Mas ele caiu. Que fazer agora? Que medidas tomar?
“O Céu encheu-se de tristeza quando se compreendeu que o homem estava perdido, e que o mundo que Deus criara deveria encher-se de mortais condenados à miséria, enfermidade e morte, e não haveria um meio de livramento para o transgressor.” (EGW, História da Redenção, p. 42).
Pela entrada do pecado na Terra, Satanás parecia ter realmente formulado um problema insolúvel para Deus:
1. O Criador não podia modificar a lei que o homem transgredira, tampouco a pena da transgressão. Isto implicaria a idéia de que Deus era autor de uma lei imperfeita, o que é impossível;
2. Se um transgressor pudesse ser salvo pela modificação da lei, isto é, pela acomodação dela à sua vida, o resultado certo seria anarquia e ruína;
3. Destruir o homem e criar outra espécie humana pareceria injusto aos olhos do Universo, porque tal atitude não se coadunaria com os princípios básicos do governo de Deus, que são justiça e misericórdia.
Deus, porém, não foi apanhado de surpresa. Antes que os fundamentos da Terra fossem lançados, Pai e Filho haviam planejado uma maneira de redimir o homem, caso ele fosse vencido por Satanás. As providências para enfrentar a emergência tinham sido tomadas.
A SOLUÇÃO DE DEUS
O homem precisava de um Redentor. Alguém que pudesse, como homem ser capaz de obedecer perfeitamente no lugar dele a lei que fora violada; e, ao mesmo tempo, receber em lugar do homem a penalidade que a ele era devida, a saber, a morte, sem no entanto por ela ser subjugado. Está claro que esse Redentor não podia ser o próprio homem. Primeiro porque o homem, em seu estado pós- edênico, não seria, como ainda não é, capaz de obedecer a uma lei perfeita; segundo porque nem homem algum, nem anjo, nem qualquer outro ser criado, seriam capazes de vencer a morte, visto serem criaturas, isto é, seres que não têm vida em si mesmos (Jeremias 3:23).
A justiça de Deus exigia estes requisitos para o Redentor: perfeita obediência, natureza humana e vida em si mesmo. Sabe como Deus resolveu esse dilema? Com um plano chamado Plano de Redenção.
Por esse plano, Jesus Cristo, o Filho de Deus, assumiu o solene compromisso de Se tornar o fiador da raça humana. Essa foi a solução de Deus, a única e a melhor solução. Somente Cristo possuía as três qualificações essenciais a um Salvador:
1. Divindade (Hebreus 1:8) Era Deus, portanto possuía vida inerente, com capacidade de vivificar a Si mesmo e a outros.
2. Humanidade (Gálatas 4:4) Tornar-Se-ia homem, a fim de obedecer em lugar do homem e morrer no seu lugar, como de fato o fez.
3. Impecaminosidade (1 Pedro 2:22) Como homem, Cristo não pecou em toda a Sua vida. Isto Lhe deu o direito de vida eterna, o qual transferiu para o homem, pois de Si mesmo já possuía vida.
UMA PONTE SOBRE O ABISMO
Pelo pecado, o homem alienou-se de Deus, tornando- se Seu inimigo. A Terra foi separada do Céu. Formou-se um grande e incomensurável abismo. O homem não podia ir a Deus. Mas o Senhor tomou a iniciativa, ao estender uma ponte à Terra por sobre o abismo – Cristo — e assim resgatar o homem. Esta é a razão de Paulo dizer: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo.” 2 Coríntios 5:19. Um relacionamento de amor e confiança foi restaurado por Aquele que é o único “Mediador entre Deus e os homens.” 1 Timóteo 2:5. Cumpriu-se o juramento que Deus fizera para Si próprio: “Eu os resgatarei do poder da sepultura, e os redimirei da morte.” Oséias 13:14 (King James Version).
Uma imagem que ilustra bem esta verdade e a clarifica às pessoa que anseiam por libertar-se do peso da culpa, encontra-se em Gênesis 28:10-17. Narra-se ali o incidente em que, depois de seu pecado de enganar a Esaú, Jacó fugiu do lar paterno, ficando opresso por um sentimento de culpa. Solitário e desterrado, longe de casa, um pensamento lhe oprimia a alma: o temor de que seu pecado o alienara de Deus, de que fora rejeitado pelo Céu. Com tristeza, e fatigado pela extenuante caminhada, deitou-se para repousar sobre a terra nua, nada tendo em volta de si senão as solitárias colinas, e sobre si o Céu resplandecente de estrelas. Pôs uma pedra debaixo da cabeça para dormir. Então sonhou: Viu uma escada cujo topo parecia alcançar o próprio Céu, e sobre ela os anjos de Deus que subiam e desciam. A voz de Deus lhe falou, desde o alto, confortando-o. Assim foi revelada a Jacó a única esperança de um mundo a perecer — um Salvador. Com alegria indescritível viu, em símbolo, elucidada a grande verdade do Evangelho: Jesus é o único meio de comunicação entre Deus e o homem.
Cristo foi o agente ou mediador na criação física, e quando o pecado entrou no mundo Ele Se tornou o mediador na criação espiritual. “Ele é o único e absoluto elo entre ambos. Nada menos que Sua vida e obra em carne, com o Seu consumado martírio, serviria para assegurar o amor e perdão de Deus.” (The Doctrine of Christ, p. 83).
O PROMETIDO LIBERTADOR
Tão logo Adão e Eva pecaram, Deus os cientificou do Seu “eterno propósito.” Efésios 3:11. Prometeu-lhes a vinda de um Libertador que feriria a cabeça da serpente (Gênesis 3:15). Um dia aquela serpente malvada, que acarretara sobre eles tanta dor ocasionando-lhes uma perda tão irreparável, seria destruída.
Para que eles e seus descendentes não se esquecessem dessa promessa, Deus arranjou um meio eficaz de memorização: a obra que Jesus devia realizar seria tipificada por símbolos.
Foi instituído o sistema sacrifical. Todo pecador, toda vez que cometesse pecado, devia escolher um cordeirinho sem defeito e sem mancha, do seu rebanho, confessar sobre ele o seu pecado, transferindo-o simbolicamente para o animal, matá-lo, retirar-lhe todo o sangue e queimar a vítima no altar do holocausto. Ali estava um símbolo de Cristo, o verdadeiro “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.” João 1:29. “Os pecados dos homens foram postos sobre Cristo, e, embora fosse Ele inocente, sujeitou-Se a sofrer a penalidade da culpa, para que pela fé nEle o mundo pudesse ser salvo.” (EGW, Signs of the Times, 30/5/1895). Cada vez que se erguia um altar de sacrifício, e um cordeiro era imolado, a verdade de que “sem derramamento de sangue não há remissão” ia sendo cada vez mais inculcada no coração dos descendentes de Adão.
Deus providenciou a pele do primeiro cordeiro, a fim de vestir Seus filhos e agasalhá-los da intempérie, antes de os despedir do Éden. Eles se encheram de esperança ao ouvir a boa nova do prometido Libertador. Com imensa ansiedade aguardaram seu primeiro bebê, na esperança de que ele fosse Aquele que esmagaria a cabeça da serpente. Assim não demoraria muito até que fossem novamente readmitidos no Éden. Isso, porém, não aconteceu. Chegou seu primeiro filho, Caim, que em vez de esmagar a cabeça da serpente, uniu-se a ela, produzindo grande decepção e muita dor. O Redentor prometido só viria cerca de quatro mil anos depois.
CRISTO, O MESSIAS
Chegando a plenitude dos tempos, o Filho de Deus veio à Terra. Tinha Ele que cumprir algumas condições a fim de que o plano da redenção do homem obtivesse êxito:
1. Tornar-se homem (Romanos 8:3; Filipenses 2:5-7) E, de fato, cumprindo o tempo, Ele Se revestiu da carne humana ao nascer de Maria, uma virgem israelita. Seu nascimento bem como a Sua natureza teantrópica (divina e humana ao mesmo tempo), constitui um mistério. (Mateus 1:20).
A Bíblia diz que Cristo Se fez homem, para dar à humanidade uma idéia concreta e definida do tipo de pessoa em que devemos pensar quando pensamos em Deus. (João 1:18; Gálatas 4:4). Cristo é a imagem do Deus invisível (João 1:18; Colossenses 1:15). Jesus foi Deus encarnado em forma humana. Talvez a afirmação mais sucinta sobre a divindade e humanidade de Cristo tenha sido a do poeta Lord Byron, quando disse: “Se alguma vez o homem foi Deus ou Deus foi homem, Jesus foi ambos.” Cumpriu-se a profecia que diz: “Pelo que, entrando no mundo, (Cristo) diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas um corpo Me preparaste; não Te deleitaste em holocausto e oblações de pecado.” Hebreus 10:5-7. Cristo veio ao mundo, não na Sua glória, pois não nos era possível resistir, mas teve a Sua divindade velada pela humanidade. [Sua existência histórica é admitida como um fato, tanto pelos Evangelhos do Novo Testamento, como por fontes pagâs (Talo o Samaritano, Tácito, Suetônio, Plínio o Jovem e o Talmude Babilônico). O historiador judeu Flávio Josefo, contemporâneo do apóstolo Paulo menciona tacitamente Jesus Cristo, apontando-O como um homem sábio, autor de notáveis façanhas (Antigüidades Judaicas), XVIII, 3, 3, e XX, 9, 1]. Isso desfaz a concepção de que Jesus é uma personagem fictícia.
2. Depender do Pai como depende qualquer criatura (João 5:19; 12:4, 9; 14:10) Cristo que subsistia “em forma de Deus não considerou o ser igual a Deus coisa a que Se devia aferrar, mas esvaziou-Se a Si mesmo; tomando a forma de servo, tornando-Se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, tornando-Se obediente...” Filipenses 2:6-8. O Senhor Jesus Cristo, apesar de ser Deus existente antes de os mundos serem criados, como homem, dependia inteiramente de Deus Pai.
3. Obedecer perfeitamente a lei que Adão violara (João 15:10; Romanos 5:19). Cristo, nascido sob a lei, obedeceu perfeitamente as exigências da lei no lugar do homem (Romanos 8:4; Gálatas 4:4, 5). Os evangelhos de Mateus 5:17 e João 15:10 testificam que Cristo cumpriu a lei. Que lei? A lei a que todos somos sujeitos até hoje. A Lei Moral dos Dez Mandamentos, registrados em sua Bíblia, no livro de Êxodo, capítulo 20. Embora nascido com a natureza física degenerada dos filhos de Adão, possuía a natureza moral de Adão antes da queda. Não tinha inclinação para o mal; “em tudo foi tentado, mas sem pecado.” Hebreus 2:18. Nenhum pensamento, palavra ou ação de Sua parte foram maculados pelo pecado. Viveu trinta e três anos de vida perfeita. Cumpriu a lei nas suas mínimas exigências, e lança toda essa obediência a crédito de todo aquele que O aceita pela fé como Salvador pessoal. A confiança do cristão tem sua base na vida singular de Cristo. Sua obediência é poder.
4. Receber sobre Si todo o pecado do mundo (Isaías 53:6; 2 Coríntios 5:21). Cristo, à semelhança do inocente cordeiro sacrifical, sem culpa alguma, recebeu todos os nossos pecados, passados, presentes e futuros. Assim como os pecados do povo eram transferidos simbolicamente para os cordeiros imolados diariamente, assim os pecados de toda a humanidade foram transferidos para Cristo. Deus assim o permitiu para que se cumprisse o plano da Redenção. Diz a Escritura: “Aquele que não conheceu pecado, Deus O fez pecado por nós; para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus.” 2 Coríntios 5:21.
5. Morrer em lugar do pecador (1 Coríntios 15:3; Gálatas 3:13) O castigo para o pecado é a morte (Romanos 6:23). Cristo morreu em lugar do homem, livrando-o assim da condenação da morte eterna. Ele provou a morte por todos (Hebreus 2:9). Seu sacrifício tem alcance universal e é todo-suficiente; “Pecado algum pode ser cometido pelo homem, para o qual não se tenha dado satisfação no Calvário.” (EGW, Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 343). Por Sua morte, Cristo nos resgatou do cativeiro de Satanás e nos deu novamente direito de sermos chamados filhos e filhas de Deus. Cumpriu-se então a palavra que diz: “Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos pecadores, assim também pela obediência de UM muitos serão constituídos justos. ...onde o pecado abundou, superabundou a graça.” Romanos 5:19. 10.
6. Ressuscitar (Oséias 6:1, 2; Atos 2:31; 1 Coríntios 15:22). Cristo reviveu da morte por Sua própria virtude, tornando possível a ressurreição dos justos. Esse fato sobrenatural é o mais poderoso argumento do cristianismo. Cristo ressuscitou! Muitos houve no mundo que se diziam iluminados, mas que morreram e permanecem na sepultura, inertes. Nosso Salvador não, Ele ressurgiu. Esse é um fato plausível, que atesta a realidade da morte expiatória de Cristo, razão por que o cristianismo é uma religião histórica. Ela não nasceu de um líder morto! A ressurreição de Cristo possui um transcendental significado. Como disse Myer Pearlmari, autor do livro Conhecendo as Doutrinas da Bíblia: “A resposta de Deus para a morte de Cristo foi a ressurreição.” Todos quantos crêem em Cristo têm a certeza da vida eterna. Embora morram por algum tempo, quando Cristo voltar ressuscitarão de seu estado de inconsciência para nunca mais morrer. “Por haver sofrido a penalidade do pecado, por haver descido à sepultura, Cristo iluminou a tumba para todos os que morrem na fé.” (EGW, Testimonies to the Church, vol. 6, p. 230).
O PROPÓSITO DO PLANO DA REDENÇÃO
Faz algum tempo, próximo das cataratas do Niágara, havia uma ponte estreita de madeira. Certo dia, um homem, ao atravessá-la, havendo perdido o equilíbrio caiu no rio. As furiosas águas levavam-no em direção à profunda catarata, que mede 50 metros de altura. Populares que ali estavam, viram-no agarrar-se a uma pequena rocha escura e lutar contra a fúria tremenda da correnteza. Foram debalde todas as tentativas para lançar-lhe uma corda, antes que as forças lhe faltassem. Mas, quando o caso já parecia perdido, um cidadão ofereceu-se para salvar o homem. Amarrando uma ponta da corda em volta do seu corpo e a outra à ponte, ele lançou-se às águas violentas, permitindo à correnteza levá-lo até a pequena ilhota escura onde estava quase a perecer o infeliz homem. Rapidamente o segurou nos seus braços fortes e os dois foram puxados pela corda até o lugar seguro.
Foi exatamente isso o que Jesus fez por nós quando estávamos sendo arrastados pela correnteza do pecado para a morte. Lançou-Se contra as torrentes do pecado, e, vitorioso sobre o mesmo, que nos ameaçava tragar, deu-nos a vida e estendeu-nos a mão para nos salvar. Redimiu-nos.
Esta foi a parte de Deus; e a sua parte, caro estudante? O que você deve fazer para ser salvo?
A resposta para esta pergunta acha-se na próxima lição intitulada: “Que Devo Fazer Para Ser Salvo?”
RECAPITULAÇÃO
1. A problemática do pecado parecia insolúvel porque:
a. o Criador não podia modificar a lei nem a pena da transgressão; o que não se coadunaria com Sua justiça:
b. o transgressor tinha que morrer, o que não coadunaria com a misericórdia de Deus.
2. A solução divina foi o plano da redenção, pelo qual Alguém eterno morreria pela humanidade.
3. As três qualificações essenciais a um Salvador, preenchidas por Cristo eram:
a. ser divino;
b. ser humano;
c. ser sem pecado;
4. Assim como Cristo fora o mediador na criação, Ele o é na redenção.
5. Desde a queda de Adão e Eva, Deus prometeu enviar o Salvador. Uma simbologia dessa promessa era o sistema sacrifical.
6. Através do sistema sacrifical, um cordeiro era morto em lugar do pecador; simbolizando assim o futuro sacrifício do verdadeiro Cordeiro de Deus: Cristo.
7. Condições que Cristo tinha que cumprir, para que o plano da redenção obtivesse êxito:
a. tornar-Se homem:
b. depender de Deus;
c. obedecer perfeitamente à Lei de Deus;
d. receber sobre Si o pecado do mundo;
e. morrer em lugar do pecador;
f. ressuscitar;
8. O objetivo do plano da redenção é resgatar a humanidade perdida.