

Havia certo barbeiro que fazia um bom trabalho, era limpo, rápido, e sempre dava um sermão grátis em vez de vales-brinde.
Mas o que disse um dos seus fregueses - especialmente a respeito do sermão? O barbeiro o conduziu ao Senhor com o seu fervoroso testemunho? Não exatamente. Ouviram aquele freguês dizer que ele poderia crer em Jesus Cristo se não fosse por aquele barbeiro. Esse freguês descontente pode até mesmo lembrar-se de muitos exemplos de como o barbeiro o tornou descrente em Jesus Cristo. Houve a vez, por exemplo, em que esse homem entrou na barbearia, pendurou o chapéu, e disse na sua voz mais amigável:
- O que há de novo?
- Nada - replicou o barbeiro, - exceto as boas-novas de que Cristo morreu para salvar os pecadores e isso seguramente inclui você.
- Isso é novo? Você me vem repetindo essas palavras há dez anos. Como um disco defeituoso.
- Sim, bem, a única coisa nova seria se você lhes desse ouvidos, para variar,- disse o barbeiro, e então acrescentou ominosamente - Acautele-se para que não se esqueça do Senhor.
- Você pode esquecer isso, no que me concerne - retorquiu o homem, e tentou mudar a conversa para o tempo, política, qualquer coisa, mas o barbeiro insistiu investindo contra ele com projéteis bíblicos como estes:
- Todos nós devemos prestar contas ante o tribunal de Cristo... os iníquos serão lançados no na escuridão... como escapará você se despreza tão grande salvação?
- Olhe - disse o homem - se você se preocupa tanto a respeito da minha alma, onde estava você quando eu estava no hospital, no mês passado?
- Bem, eu estava ocupado. você sabe como o meu trabalho me mantém amarrado aqui.
- Sim, você estava muito ocupado caçando o onipotente dinheiro, isso é que é. Eu quase morri, mas foi você conversar comigo? Uh-uh. Você não se preocupou.
- Preocupar? claro que eu me preocupei! Eu o avisei repetidamente: "Está ordenado aos homens morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo".
- Certo, você tem-me dito que se preocupa, mas mostre-me. Até mesmo eu posso dizer a diferença!
E assim, é por isso que aquele homem diz hoje: "Aí está - vê por que não sou cristão?"
Sim, não é difícil ver por que essa vítima de uma testemunha afiada, como navalha, não é cristão. Aqui está um claro exemplo de como testemunhar sem democracia. É essa forma como Cristo testemunhou? Em João 4 nós O observamos em ação. Há muita coisa ali que o barbeiro poderia aprender desta mensagem e muita coisa que nós tmabém poderíamos aprender.
Antes de continuar leia João 4:1-42 clicando aqui.
Sete princípios para um testemunhar diplomático
Enquanto fala com a mulher junto ao poço, Cristo demonstra, pelo menos, sete princípios para testemunhar eficazmente. O barbeiro declamador de Bíblia, a quem você ficou conhecendo no início deste artigo, viola quase todos eles, como você verá...
1. Você tem que manter contactos sociais. Em outras palavras, para pescar, você vai onde os peixes estão. Muitos cristãos pensam que têm de conseguir trazer pessoas à igreja a fim de testemunhar-lhes. Realmente, a única maneira de você pegar certas pessoas na igreja, seria estarem elas mortas; mas atentariam para alguém falando de Cristo na rua, num carro, numa sala de restaurante, etc. Você terá que dar ao barbeiro o devido mérito. Ele estava, certamente, ansiando por falar a pessoas fora da igreja. De fato, ele tentou transformar a sua barbearia numa missão de salvamento. Seus ouvintes, entretanto, não pareciam gostar de seus esforços para salvá-los. Se você der uma olhada nos outros seis princípios em João 4, poderá obter uma idéia do porquê.
2. Estabeleça um interesse comum. Note que Jesus não começa a conversa com algo como: “Senhora, não sabe que eu sou o Messias e que a senhora deveria crer em mim?” Em vez disso, Ele começa com alguma coisa sobre a qual ela está penando – a saber, água. Ele lança um simples alicerce sobre o qual construir a conversa.
Muitos cristãos negligenciam este princípio vital quando tentam “testemunhar”. Em vez de estabelecerem um terreno comum ou em lugar de conduzirem para uma referência lógica a coisas espirituais, muitas pseudo-testemunhas cristãs atacam da mesma forma que o barbeiro fez. Disparam uma fuzilaria de balas bíblicas que deixa a vítima “abatida” ou correndo em busca de cobertura psicológica.
3. Desperte curiosidade. Jesus passou de falar a respeito de água de poço para “água viva”. Ao fazer isto, Jesus lançou a “isca” e a mulher samaritana “mordeu-a”.
Talvez os cristãos necessitem gastar menos tempo aprendendo a tornar-se “pescadores de homens” e mais tempo aprendendo a “colocar a isca no anzol”. O barbeiro, é claro, nunca se preocupava com “iscar um anzol”. Ele preferia muito mais arpoar as suas vítimas antes que elas tivessem oportunidade de achar-se confortavelmente instaladas em sua cadeira.
4. Não apresse as coisas. Nos versículos 10-12 você obtém uma clara impressão de que Cristo definitivamente despertou a curiosidade da mulher. Nos versículos 13-15 nós O observamos como Ele continua deixando que a conversa prossiga na velocidade dela, não da Dele. Ao mesmo tempo, ele continua a deixá-la ainda mais curiosa e mais interessada.
Jesus não matraqueia uma fileira de textos demonstrativos nem dá a ela o plano do reino de Deus num esboço básico. O barbeiro, por outro lado, começou seu “testemunho” com uma explosão de fogo bíblico e ele nunca cessou. Em outras palavras, o barbeiro “foi muito longe” na primeira vez em que abriu a boca.
5. Cultive, não condene. Nos versículos 16-19 vemos Jesus chamar a atenção da mulher para uma real necessidade, sem a condenar. Com um discernimento sobrenatural, Jesus detectou o adultério da mulher e a falha “por atacado” em cinco casamentos. Mas Ele não a informou de que era “uma suja pecadora”. Ela já sabia daquilo e não necessitava de sermões; necessitava de assistência.
Quando tentam testemunhar, muitas vezes os cristãos, inadvertidamente, condenam as pessoas de maneira sutil (algumas vezes não tão sutil). Por exemplo, um cristão pode recusar um drinque ou um cigarro dizendo: “Não, obrigado. Sou cristão”. O resultado, e claro, é que o ouvinte imediatamente equipara Cristianismo com não fumar e não beber, e para ele Cristianismo é nada mais que alguma espécie de rígido código negativo.
No caso do barbeiro, ele condenou deu freguês com a sua observação inicial, dizendo que Cristo morreu para salvar pecadores, o que seguramente o inclui. Esta espécie de lugar-comum convence pouca gente de seus pecados. Ao contrário, obscurece o assunto e leva muita gente a pensar que Cristianismo é alguma espécie de refúgio para fanáticos “mais santos do que tu”.
6. Não se perca com problemas secundários. Nos versículos 20-24 vemos como Jesus mantém a conversa no rumo, em vez de entrar numa discussão sem importância, como “o lugar apropriado para a adoração”. Jesus permanece firme no assunto de espiritualidade mostrando que o que importa não é o local onde a pessoa adora, mas a maneira como adora (VS. 23, 24).
Muita gente tenta esquivar a questão real com vários argumentos tolos: “Bem, eu jamais poderia à sua igreja porque vocês são contra beber e fumar”. Outra artimanha popular é levantar questões velhas a respeito de “estão os pagãos realmente perdidos?” e acusam o Cristianismo de ser injusto porque ele supostamente diz que todos os pagãos vão para o inferno.
Muitas dessas saídas marginais são usadas por pessoas numa tentativa de desviar o curso da conversa porque lhes fala de sua necessidade básica de um relacionamento pessoal com Jesus Cristo.
Como o cristão traz de volta a conversa ao curso principal? Bem, certamente ele não usa a abordagem do barbeiro. De certa forma, em primeiro lugar, o barbeiro nunca teve a conversa caminhando na direção certa. A melhor arma do barbeiro era a citação da Bíblia, mas da maneira como a citava ele a maltratava em vez de deixar o Espírito Santo usá-la. Há muitas oportunidades para usar as Escrituras quando der “testemunho” para alguém, mas a Bíblia deveria ser usada como luz para iluminar a verdade, não como um bastão para “surrar um pecador”.
7. Ponha seu ouvinte face a face com Jesus Cristo. Jesus poderia ter iniciado a conversa com a mulher junto ao poço, dizendo: “Senhora, Eu sou o Messias. A senhora não tem por onde escapar”. Se Ele tivesse feito assim, a mulher provavelmente O teria eliminado como algum tipo de religioso louco.
Ao contrário, Jesus, mansa e firmemente, trouxe a mulher junto ao tema verdadeiro: “O que faria ela com o próprio Cristo?” (veja v. 26). Esse passo final é freqüentemente o mais difícil. Contudo, a menos que você traga o seu ouvinte para uma confrontação direta com Jesus Cristo e Suas reivindicações (não as suas próprias reivindicações ou interpretações) você não terá testemunhado. Você terá perambulado por desvios da conversação, talvez agradáveis, mas em assim fazendo você pode terminar, não conduzindo pessoas a Cristo, mas desviando-as Dele.
Toda a narrativa do testemunho do barbeiro a seu desencantado freguês é um bom exemplo de como jamais colocar uma pessoa face a face com Jesus Cristo. Certamente o barbeiro usou uma porção de versículos bíblicos e mencionou o nome de “Cristo”, mas ele o fez de maneira tão detestável que o seu freguês nunca, realmente, ouviu falar de Cristo. Ele apenas ouviu o nome “Cristo” usado por um homem que se abateu sobre ele, condenando e realmente despreocupado a respeito dele pessoalmente. Em outras palavras, o homem reagiu ao barbeiro pensando: “se isso é Cristianismo eu nada quero dele”. O barbeiro estava comunicando, é verdade, mas a mensagem de salvação que ele pensava estar expressando não obtinha êxito porque ele (o barbeiro) não obtinha êxito.
Em meados dos anos 60, um especialista em comunicação, chamado Marshall McLuhan surgiu com uma teoria de que a comunicação não depende basicamente da mensagem enviada, mas a verdadeira comunicação depende mais do veículo (o meio ou caminho) usando para enviar a mensagem. Um dos famosos “slogans” de McLuhan se tornou um provérbio: “o veículo é a mensagem”.
Ora, no caso do barbeiro, o “veículo” era o próprio barbeiro, e aquela era a única “mensagem” que o seu freguês estava recebendo. Tudo o que o homem podia ouvir era a exortação enfadonha de alguém que obviamente não estava pessoalmente preocupado com ele.
No quarto capítulo de João, porém, vemos um perfeito exemplo da impecável mistura do “meio” e da “mensagem”. Cristo é a mensagem que o cristão quer comunicar. E, neste capítulo, vemos que Cristo é também um meio mais efetivo de comunicação. Seu testemunho era “diplomático”, não porque Ele usou algumas regras psicológicas inteligentes mas porque Se preocupou com a mulher e estava interessado nela pessoalmente.
E o que aconteceu? A mulher, por sua vez, correu de volta à cidade e esse era um caso de o “meio” transformando-se em “mensagem” de novo. Ela rapidamente contou o que lhe acontecera, e eles foram em bando “ver por si próprios”. A mulher foi um meio efetivo de comunicar Cristo aos seus visinho, porque ela estava emocionada e envolvida em contar a respeito do que lhe acontecera. Como resultado, o povo despendeu tempo para defrontar-se honestamente com as afirmações de Cristo acerca de suas vidas. O resultado foi que eles também creram e O reconheceram como o Salvador do mundo.