No dia 29 de março de 2014, pai e filho voltavam para casa depois da visita feita a alguns amigos.[1] Era por volta das 8 horas da noite. A residência fica em uma região de sítios próximo à Curitiba, PR. O pai estacionava o carro na garagem enquanto o filho mais velho fechava o portão. O rapaz, recém chegado à adolescência, teve a sua atenção chamada para uma estranha luz no céu. Sabendo da paixão de seu pai por astronomia, perguntou-lhe que luz poderia ser aquela. Pelo intenso brilho, ele imaginou a princípio que poderia ser a estrela D’alva, o planeta Vênus. Indo em direção ao filho, antes de focar a manifestação no céu, o pai comentou que poderia ser um satélite, desde que tivesse uma órbita retilínea e velocidade constante. Quando o filho apontou para o ponto luminoso ele percebeu que não se tratava de um satélite, por causa da trajetória que ela desenhava no céu. O estranho ponto de luz começou a fazer movimentos curtos em zigue-zague. Em determinado momento a luz começou a diminuir até ficar uma luminosidade pálida. De repente a luz ficou mais forte até se desmembrar e formar três pontos de luzes ligadas por um filamento luminoso. O ponto de luz mudou de forma para parecer um triângulo. O objeto continuou a se deslocar em direção ao nordeste. Sua luz começou a ficar mais fraca até desaparecer entre algumas nuvens daquele céu de outono. A observação não deve ter durado mais do que três minutos. Se não era um satélite, avião, ou mesmo o planeta Vênus, o que poderia ser aquele estranho objeto? Seria um disco voador?
A humanidade sempre olhou para o céu e se perguntou se estaria sozinha no Universo. Conforme a resposta que se dava a esta questão surgia uma nova religião. Seria possível que em algum lugar houvesse um planeta que possuísse uma civilização evoluída o suficiente para manter contato conosco? Será que eles não poderiam estar em estágio tecnológico superior ao nosso? Isso permitiria que eles construíssem espaçonaves capazes de vencer as vertiginosas distâncias espaciais que nos separam? Se são reais, qual é a origem destes seres? Quais seriam as suas intenções? O que a Bíblia tem a dizer sobre estes seres? Neste assunto existem mais dúvidas do que certezas.
Nas últimas décadas relatos de visualizações e contatos com seres de outros planetas e suas naves luminosas se espalham pelo planeta. Entre 1947, quando começou o interesse moderno pelos Objetos voadores não-identificados (OVNIS), e o ano de 1994 foram feitas mais 7,5 milhões de relatos de aparições das supostas naves extraterrestres no mundo. Isso dá uma média de um relato de aparição de discos voadores a cada três minutos. Até aquele ano já havia sido registrado mais de 58 mil aparições deste tipo no Brasil.[2] Os casos catalogados pela Aeronáutica entre os anos de 1952 e 2010 geraram 675 relatórios, que somaram 2.500 páginas de documentos. Esses dossiês relatam 618 avistamentos de OVNIs no país neste período.[3] O Brasil só poder para os Estados Unidos em números de contatos com extraterrestes.
A mídia de entretenimento contribui muito para despertar a curiosidade das pessoas sobre o tema. Nela, ora os extraterrestres (ETs) são apresentados como seres pacíficos, como nos filmes Avatar (2009) e E.T. (1982), ora são os vilões da história, como em Independence Day (1996) e Guerra de mundos (1953, 2005). Vários heróis das histórias em quadrinhos são extraterrestres. Superman (1938) é o mais famoso deles. Obras como o trabalho do suíço Erich von Däniken, Eram os deuses astronautas(1968), venderam milhões de exemplares explorando o interesse das pessoas sobre o tema. A indústria cultural sabe tirar proveito desta curiosidade sobre a existência dos ETs.
A era moderna dos discos voadores
A busca por extraterrestres (ETs) marcou o século passado. Em 1900, um concurso realizado na França oferecia cem mil francos a quem apresentasse uma prova inquestionável da existência de seres de outros planetas, ou mesmo de algum tipo de contato com eles. Habitantes de Marte não valia, porque na época se tinha certeza de que o pequeno planeta vermelho era habitado por uma raça mais inteligente do que os da Terra.[4]
Três anos antes o agricultor norte americano Alexander Hamilton de Le Roy, Kansas, EUA, alegara ter visto um enorme objeto voador que aterrissou a duzentos metros da sua casa. Segundo o relado do fazendeiro, o estranho objeto abduziu um bezerro. No dia seguinte, em uma fazenda próxima foi encontrada a cabeça, a pele e as patas do animal sequestrado. Em entrevista dada na época, Hamilton afirmou que não sabia se aqueles seres eram anjos ou demônios, mas que não queria mais ter nada a ver com eles.[5]
Vários relatos de avistamento de OVNIS foram registrados no período entre as duas grandes guerras mundiais. Contudo, três relatos com ocorreram na mesma época e que tiveram ampla cobertura jornalística marcaram o início da era moderna dos discos voadores. Em 24 de junho de 1947, o piloto norte-americano Kenneth Arnold observou nove objetos voadores prateados e redondos na região do Monte Rainier (estado de Washington, EUA). Ele voltava de um voo em busca dos restos de um avião que havia caído na região quando observou a estranha esquadra. A primeira reação dos amigos que ouviram a história que o piloto contou quando chegou ao aeroporto de Yakima foi de incredulidade. Contudo, não havia razão para ele estar mentindo. A notícia chegou aos jornais, que por causa da descrição feita pelo aviador, acabaram batizaram aqueles objetos de “discos voadores”.[6]
Dez dias depois deste acontecimento, no dia 4 de julho, um objeto brilhante caiu do céu sobre o terreno irregular do Rancho Hub, próximo à cidade de Roswell, no estado americano do Novo México. Enquanto muitas pessoas que testemunharam a queda juraram que se tratava de um disco voador, a Força Aérea dos Estados Unidos garantiu que era um balão meteorológico. Os ufólogos afirmam que os restos da suposta nave e os corpos dos seus ocupantes foram guardados na base militar conhecida como Área 51, no deserto de Nevada, EUA. Depois deste acontecimento a pequena Roswell apareceu no mapa com destaque para os ufólogos. Uma das maiores atrações da cidade é o International UFO Museum de Roswell (Museu Internacional de OVNIs de Roswell), onde há réplicas dos pequenos seres extraterrestres que teriam morrido durante a queda da sua espaçonave.[7] Em 1995 o caso ganhou novo destaque na mídia quando se divulgou um suposto filme que registrava a autópsia completa dos corpos de dois extraterrestes que teriam morrido naquela ocasião. A gravação foi feita por um militar apaixonado por cinema e só foi divulgado quarenta e oito anos depois, quando uma emissora da Inglaterra comprou uma cópia da gravação. Na época o produtor inglês John Purdey comentou: “Trata-se de uma das mais sensacionais descobertas científicas de todos os tempos ou de uma fraude sensacional”.[8] Depois de exaustiva análise por cientistas e especialistas em efeitos especiais revelou-se que o temor de Purdey se justificava, pois o documentário era uma fraude descarada.
Seis meses depois do caso Roswell, no dia 7 de janeiro de 1948, outra aparição da OVNIs ganhou destaque na impressa da época. Neste caso por que o piloto que testemunho a aparição acabou se envolvendo em um acidente fatal. O capitão e piloto Thomas Mantell, a bordo de seu caça Mustang P-51 anunciou pelo rádio que estava vendo um “objeto prateado” perto da base militar de Goldman Field, no Kentucky. As últimas palavras do militar captada pela torre de comando antes do desastre foram: “É um objeto gigantesco, está um pouco acima de mim”. Segundo a investigação realizada pela Força Aérea Americana o piloto perdeu os sentidos quando cruzou os 6 mil metros de altitude, supostamente perseguindo o objeto voador. Seu avião não estava equipado com máscara de oxigênio. Segundo a investigação oficial o objeto perseguido pelo piloto era um balão-sonda.[9]
Discos voadores no Brasil
Depois destes três eventos, relatos de aparições de supostos ETs pipocaram pelo mundo, inclusive no Brasil. A revista Mundo Estranho[10] publicou uma matéria intitulada “ETs no Brasil” onde revê alguns dos mais famosos casos de aparições de extraterrestres e discos voadores em nosso país. Em 1957 o lavrador Antônio Villas Boas teria sido abduzido por uma nave alienígena. O fato teria ocorrido na região de São Francisco de Sales, MG. O relato é apenas reconhecido como um dos mais antigos registrados no país sobre contato com extraterrestres. Sua credibilidade é baixa por que não teve testemunhas e nem fotos que comprovassem a história do agricultor.
No ano de 1977 luzes misteriosas que pairavam no céu começaram a ferir os moradores da pequena cidade de Colares, PA. Muitos habitantes queixaram-se de queimaduras e houve o relato de encontro com alienígenas. Como a população apavorada, a prefeitura pediu ajuda da Aeronáutica para investigar o caso. O relato é levado a sério pela quantidade de testemunhas envolvidas, cerca de 200 pessoas, entre civis e militares, além das várias fotografias feitas das luzes sobre a cidade.
Um caso de repercussão foi o voo 169 de Fortaleza para São Paulo na madrugada do dia 8 de fevereiro de 1982. Enquanto a nave sobrevoava Petrolina (PE), o comandante avistou uma luz forte à esquerda do Boeing 727. O estranho objeto fez várias acrobacias e acompanhou a avião até a proximidade do Rio de Janeiro. Quase todos os passageiros alegaram ter visto o objeto.
Contudo, a noite de 19 de maio de 1986 ficou conhecida como a “noite dos discos voadores”, nos registros da Aeronáutica. Às 23h25min, a torre de controle de São José dos Campos, no interior de São Paulo, avistou luzes amarelas, verdes e laranja sobrevoando a cidade. O Coronel Ozires Silva, que na época era presidente da Petrobrás, voava pela região e também testemunhou o fenômeno.[11] Por volta de 1h, o radar de Anápolis, Go, registrou o aparecimento de OVNIs. À 1h34min, um caça decolou da Base Aérea de Santa Cruz, no RJ, para investigar o que estava acontecendo. Durante o voo o piloto avistou uma luz branca voando logo abaixo do avião. Ele decidiu perseguir o objeto, que mudou a rota em direção ao mar. O piloto teve que desistir da perseguição quando chegou ao ponto em que a nave não teria mais combustível para voltar.
Outro caça decolou de Anápolis, por ordem da Aeronáutica, para observar as estranhas luzes que apareceram na região. Era 1h48min. A perseguição foi desleal. Embora avião militar voasse a 1.100 km/h não conseguia acompanhar o OVNI. O piloto teve que desistir também. Outro caça decolou do Rio de Janeiro em direção a São José dos Campos, às 1h50min. O piloto viu uma luz vermelha e a perseguiu por alguns minutos até que ela desapareceu. De repente 13 novas luzes aparecerem do nada no radar, logo atrás do caça. O piloto fez uma curva de 180 graus para avistá-los, mas eles desapareceram também. Mais dois caças decolaram da base aérea de Anápolis, mas não conseguiram encontrar mais nada. Às 3h30min, os militares suspenderam as buscas e deram o assunto por encerrado.[12]
Apesar de não investigado pela Aeronáutica, o caso recente mais famoso foi do “ET de Varginha”. Era 20 de janeiro de 1996 quando três meninas disseram que viram uma criatura marrom com olhos vermelhos. Um casal alegou ter avistado um OVNI na região. Os moradores dizem que observaram uma movimentação fora do comum do exército, da polícia militar e dos bombeiros. A mídia explorou ao máximo as histórias tornando a pequena cidade mineira uma espécie de “Roswell brasileira”.
Existem várias outros casos de aparições de discos voadores e de seus ocupantes que apareceram na mídia. Afinal, o que são estas manifestações? São confiáveis estes relatos? São a prova de questionamentos?
Algumas possíveis explicações
Diariamente chegam de todas as partes do mundo mais de 100 relatos de aparições de OVNIs. Nem todas estas histórias podem ser consideradas confiáveis. O que poderiam ser, então? Podemos encontrar algumas explicações plausíveis para a grande maioria destes contatos imediatos. Para Ricardo Varella, engenheiro do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 90% dos filmes e fotos de discos voadores que ele analisou “são fraude ou engano de quem tirou a foto”.[13]
A principal iniciativa do Governo Americano de identificar a natureza destas manifestações foi o chamado Projeto Bluebook (livro azul), nos anos 1960. Foram catalogados mais de 12 mil casos de avistamentos. Depois de profunda análise, foram destacados 701 casos que não puderam ser justificados por fenômenos naturais, ou seja, apenas pouco mais de 5% não tiveram explicação. Para o governo inglês a situação é um pouco diferente. Em duas ocasiões distintas, em 1951 e entre 1996 e 2000, produziu-se relatórios sobre as aparições de discos voadores. Em ambos a conclusão foi a mesma: todos os casos registrados podiam ser explicados por fenômenos naturais, ilusões de ótica, alucinações ou fraudes.[14]
As pessoas confundem tais objetos com meteoros, reflexões de holofotes nas nuvens, balões meteorológicos, foguetes e até insetos com órgãos fosforescentes, como o vaga-lume. Em 2001 uma atriz brasileira confundiu o balão dirigível de propaganda da Goodyear em São Paulo com um OVNI.
Fenômenos atmosféricos podem ser confundidos com discos voadores. O engenheiro Agostinho Soares dos Santos explica que “se uma camada de ar frio ficar presa debaixo de uma camada de ar quente, os raios luminosos que passam entre ambas, são desviados de tal modo que uma estrela pode aparecer no céu retratada e ampliada, como uma enorme bola luminosa. Alterações nas condições atmosféricas podem fazer essa bola luminosa cintilar e mudar de cor.”[15] É fácil, para o observador não treinado, confundir este fenômeno com um OVNI.
Outra explicação bem terrestre para a origem dos discos voadores é a mistificação. Muitas pessoas não têm escrúpulos para explorar a credulidade humana. O movimento ufológico pode ser dividido em duas vertentes principais, a mística e a científica. A grande maioria dos envolvidos com o assunto estão associados ao ocultismo e o espiritismo. Rafeal Cury, sócio-fundador do Núcleo de Pesquisa Ufológica explica: “ET é um produto fácil de ser vendido: não precisa entregar, basta dizer que ele existe”.[16]
Reportagem realizada pela revista Isto É[17], em 2000, denuncia um destes místicos ufologistas. No interior do Mato Grosso do Sul, no município de Corguinho, Urandir Fernandes de Oliveira, na época com 36 anos, vivia em uma fazenda onde alegava ter comunicação com ETs. Ele afirmava que tinha mais de 70 mil seguidores em todo o país. Nesta fazenda Urandir desenvolveu o Projeto Portal. Como alegava ter poderes de cura, ele cobrava para realizar tratamentos de saúde e para as pessoas participarem de retiros espirituais. Com isso ele já teria amealhado um patrimônio de 10 milhões de reais, segundo alguns seguidores desiludidos que o abandonaram. Ele transformou a ufologia em religião e negócio. É difícil dar crédito aquilo que uma pessoa com este perfil afirma sobre os ETs. Mesmo os ufólogos mais sérios rejeitavam o trabalho dele. “Ele achincalha com a ufologia brasileira”, reclama Claudeir Covo, presidente do Instituto Nacional de Investigações de Fenômenos Aeroespaciais.[18]
Além do simples engano e das mistificações outra fonte de confusão são as alucinações. A pessoa desprovida da razão, mesmo que temporariamente, pode não estar mentindo quando afirma ter visto discos voadores e seus tripulantes. Porém, isso não quer dizer que o encontro tenha sido real. O psiquiatra Jean Rosembaum cita o caso do lenhador Travis Walton que, em 1975, afirmou ter entrado em um OVNI no Arizona, EUA. Ali ele teria visto seres semelhantes a fetos desenvolvidos, de 1,5 m de altura, com cabeças carecas e ovais, e enormes olhos castanhos. Walton era fã de discos voadores e um pouco antes de sua abdução ele disse à sua mãe que se isso lhe ocorresse ela deveria ficar calma por que tudo acabaria bem. “Ele diz a verdade quando conta que o fato aconteceu”, explica o psiquiatra, “mas trata-se de uma verdade sua, pois a nível da realidade objetiva, tal coisa não se deu”. A alucinação pode acontecer por transtornos mentais ou uso de drogas alucinógenas.[19]
O psicólogo suíço Karl Jung (1875-1961) pensava que os OVNIs eram fruto da imaginação da humanidade, ou seja, projeções do subconsciente coletivo que vem a tona em épocas de estresse intenso. Aquilo que era obra de ficção científica, como histórias em quadrinhos e filmes, passa a ser real no imaginário popular.[20]
A verdadeira natureza dos OVNIs
Como vimos existem casos em que as aparições destes objetos voadores são resultado de fraude ou de engano. Contudo existem relatos, a grande minoria é verdade, que não são explicados por eventos naturais. A agência espacial francesa (CNES) também fez um levantamento de 6 mil casos e apenas 14% não tiveram origem definida. Na América Latina, a força aérea do Uruguai catalogou 2.100, dos quais apenas 40 permaneceram sem explicações.[21] Além disso, há histórias e testemunhos dados por pessoas idôneas e treinadas para a análise lógica e objetiva dos fatos, tais como pilotos de aviões comerciais e militares. Na lista de pessoas de reputação que afirmam terem avistado tais objetos podemos incluir o ex-presidente americano Jimmy Carter e o primeiro astronauta brasileiro, Marcos Pontes.
Neste artigo procuramos incluir apenas relatos que revelam certo grau de consistência. É fácil desmoralizar a ufologia citando relatos fantasiosos que são contados em livros, filmes e mesmo depoimentos feitos em congressos ufológicos. Contudo cremos que as alegações feitas por eles merecem um olhar mais atento.
Se há relatos que não são frutos da imaginação significa que estamos realmente sendo visitados por seres de outros planetas? Afirmar que sim daria a questão por encerrado e poderia fechar a porta para outra resposta alternativa. A maior dificuldade em aceitar que estes seres sejam de outros planetas está nas grandes distâncias astronômicas que nos separam de outras estrelas e planetas. No espaço sideral as distâncias não são medidas por quilômetros, mas pela velocidade da luz. Assim um ano luz é a distância que a luz percorre em um ano à velocidade de 300.000 quilômetros por segundo. Para termos uma ideia de distância no espaço, a Terra está à oito minutos-luz distante do Sol. Alfa Centauro, dupla de estrelas da constelação de Órion, está a 4,5 anos-luz da Terra. São as estrelas mais próximas do nosso sistema solar. Para visitar estas estrelas a humanidade precisaria criar uma máquina que viajasse a velocidade da luz por quase cinco anos. Imagine a quantidade de combustível que esta espaçonave consumiria. O máximo de velocidade que o nosso conhecimento tecnológico permite viajar é 80 mil quilômetros/hora. Uma tripulação de pesquisadores gastaria 60 mil anos nesta viagem espacial para superar os 42,5 trilhões de quilômetros que separa a Terra de Alfa-Centauro.[22]
É claro que a imaginação criativa de algum ufólogo vai tentar apresentar alguma explicação científica para tentar enfrentar esta dificuldade. Contudo não se trata apenas de vencer as fantásticas distâncias espaciais que existem entre as estrelas. Além da questão da energia necessária para alcançar a velocidade da luz, como poderia se explicar que uma nave não se desintegraria à esta velocidade? Os ocupantes da nave seriam espremidos pela força centrífuga provocado pelo deslocamento da espaçonave. Cesar Vidal Manzanares comenta que “uma nave que se desloque pelo espaço a uma velocidade de 0,9999 da velocidade da luz e friccionasse com uma simples partícula de poeira cósmica (que existe em abundância em nossa galáxia) experimentaria um efeito trezentas vezes mais devastador que o choque sentido pela cabeça humana quando o automóvel colide a velocidade de cento e sessenta quilômetros por hora.”[23]
Por estas razões a comunidade científica internacional rejeita a ideia de que os extraterrestres são viajantes das estrelas e que viriam de distantes planetas. Acrescente-se o fato de que não há um parafuso ou prego encontrado que prove a realidade destes objetos voadores. Se não são de outro planeta, de onde eles são então?
A Bíblia pode nos dar uma pista da verdadeira natureza destas manifestações. Além dos seres humanos ela admite a existência de outros seres inteligentes, mas espirituais, chamados de anjos (Hebreus 1.14). Existem duas classes de seres espirituais, os anjos bons e os anjos maus (veja Judas 6). Segundo o apóstolo Paulo estes seres espirituais rebeldes estão em guerra contra Deus e a humanidade. Ele apela e adverte aos cristãos com estas reveladoras palavras: “Vistam-se com toda a armadura que Deus dá a vocês, para ficarem firmes contra as armadilhas do Diabo. Pois nós não estamos lutando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do mal que vivem nas alturas, isto é, os governos, as autoridades e os poderes que dominam completamente este mundo de escuridão.” (Efésios 6.11 e 12, NBLH).
Neste conflito espiritual o inimigo de nossas almas, chamado de Satanás, e seus anjos maus tentam destruir-nos. As Escrituras Sagradas nos advertem ainda: “Estejam alertas e fiquem vigiando porque o inimigo de vocês, o Diabo, anda por aí como um leão que ruge, procurando alguém para devorar.” (1 Pedro 5.8, NBLH). Para alcançar este objetivo o apóstolo Paulo afirma que o diabo tenta nos enganar para nos desencaminhar: “E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz.” 2 Coríntios 11.14.
Por essa razão podemos propor outra explicação para a origem dos extraterrestres. Não queremos dogmatizar quanto a esta questão, mas as evidências a favor da origem espiritual destes seres são muito fortes. Além da Bíblia, existe outras fortes motivos para defender esta ideia. Em muitas de suas manifestações os discos voadores revelam que não estão sujeitos às leis naturais. Segundo a opinião de Carlos Paz Wells, psicólogo paulista e estudioso do fenômeno, as espaçonaves dos extraterrestes podem viajar grandes distâncias por que “eles praticamente se materializam, não voam aos moldes clássicos”.[24]
Outra evidência de que não se trata de objetos tangíveis podemos encontrar na descrição do voo que os aparelhos fazem. Eles podem voar em zigue-zague, acelerar a velocidades supersônicas para logo em seguida frear de forma brusca. É comum haverem mudanças de forma na aparência das naves avistadas. A maioria deles não pode ser detectado pela aparelhagem dos aviões, possivelmente por que não teriam nada de sólido que refletisse as ondas do radar. Agostinho Soares dos Santos, engenheiro e escritor português, explica que “as manobras em ângulo reto só têm uma explicação aceitável: a ausência de massa. Qualquer veículo, ao mudar a direção, sofre o efeito da força centrífuga que tende a mantê-lo na direção anterior. Essa força centrífuga é diretamente proporcional à massa e ao quadrado da velocidade do aparelho. Ora, para que o veículo execute uma viagem perpendicular, é necessário que a força centrífuga seja nula e que sua massa seja zero, pois a velocidade dele, como se sabe, não é. Uma coisa poderosa e inteligente cuja massa é zero, só pode pertencer ao reino espiritual.”[25]
O estudo dos discos voadores está muito relacionado com o misticismo e a espiritualidade. Apesar de rejeitada pelo corrente científica, a ufologia mística é muito mais influente e difundida. Em Congressos e encontros de realizados por seus adeptos é comum a serem promovidas feiras esotéricas, com livros que tratam de reencarnação, tarot, cabala, parapsicologia, astrologia e outra ciências relacionadas com o ocultismo. Os contatos imediatos com ETs envolvem comunicação por telepatia. As mensagens que eles transmitem tem profunda relação com espiritualidade e religião. Para os ufólogos místicos Jesus não passava de um viajante das estrelas.
Segundo Roberto Strauhs da Costa, analista de sistema “Jesus é um ET que representa a Terra na Confederação Intergaláctica.” Esta Confederação seria uma espécie de ONU do espaço, que possui representantes de todos os planetas habitados.[26] A maior liderança desta organização seria uma entidade chamada Ashtar Sheran. Segundo reportagem publicada pela revista Isto É, este ser “é uma alienígena loiro de um 1,90 m, olhos azuis, que usa macacões prateados ao estilo do Capitão Kirk, de Jornada nas estrelas, um velho conhecido e o grande mito dos adeptos da ufologia mística. É o presidente da ONU Intergaláctica, na qual Jesus, ou Lord Sananda, é o representante da Terra. A organização nos protege do mal que vem de outras dimensões, trabalhando para a evolução espiritual e científica dos terráqueos. Os que já estiveram com Ashtar garantem que ele é mesmo sedutor, caso de Teresa Moreira Garcia, uma dona de casa, 55 anos, que chora de emoção sempre que toca no assunto. ‘Tem um olhar penetrante e é lindíssimo. Ele transmite uma paz enorme’.’’[27]
Em função das manifestações ufológicas surgiram várias comunidade esotéricas que aguardam a chegada destes visitantes interestelares. A mais famosa do Brasil é a de Alto Paraíso, pequena cidade da Chapada dos Veadeiros, 230 quilômetros ao norte de Brasília. Lá existem tantas seitas e comunidades alternativas espalhadas na região que ninguém arrisca um palpite de quantos seriam.[28]
Outra razão para dizer que se trata de seres espirituais e não visitantes de outros planetas, são os relatos de possessão que ocorreram com pessoas que mantiveram contato com extraterrestres. Manzanares cita o depoimento do agnóstico John Keel: “São inumeráveis as ações demoníacas bem documentadas que estão a disposição de todos os investigadores. As manifestações e ações que são descritos nesta impressionante literatura são similares, para não dizer, idênticas, ao fenômeno dos OVNIs. As vítimas de demonomania (possessão) tem os mesmos sintomas médicos e emocionais que aqueles que tiveram contato com os OVNIs.”[29] Depois de analisar os depoimentos de pessoas que conversaram com os ETs, Keel chegou a uma aterradora conclusão: “Os conteúdos das mensagens (dos OVNIs) são idênticos as mensagens que já a algum tempo recebem os médiuns.”[30]
Pelas razões apresentadas só nos resta concluir que os ETs são seres espirituais. Suas mensagens, ações e os efeitos que produzem nas pessoas que entram em contato apontam nesta direção. Estariam as aparições destes objetos não identificados preparando o caminho para a vinda do Anticristo? Devemos levar em consideração a advertência de Jesus, quando enumerou os sinais da sua segunda vinda: “Vede que não sejais enganados; porque muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu! E também: Chegou a hora! Não os sigais. [...] Então, lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino, contra reino; haverá grandes terremotos, epidemias e fome em vários lugares, coisas espantosas e também grandes sinais do céu.” (Lucas 21.8, 10, 11, ênfase nossa). Seriam estes objetos voadores não identificados cumprimento destas palavras de Cristo?
Quadro 1
TIPOS DE CONTATOS IMEDIATOS
O GRAU
Luzes não identificadas são observadas de longe. A aparição não permite uma descrição mais detalhada. Nestes casos é muito comum os erros de interpretação.
1° GRAU
O objeto é observado a curta distância permitindo uma descrição com mais detalhes.
2º GRAU
Acontece quando o óvni deixa rastros, como marcas de pouso e queima de solo. Há interferência em aparelhos eletrônicos, elétricos e mecânicos.
3° GRAU
Neste ponto há a visualização de tripulantes da nave sem a existência de comunicação.
4° GRAU
Ocorre quando os tripulantes da nave se comunicam por meio de gestos, telepático ou oral.
5º GRAU
Neste caso a pessoa alega que entra na nave, sequestrado ou voluntariamente. É chamado de abdução.
Fonte: Revista Isto É, 22 jul 2009, p. 56.
Quadro 2
RELATOS DE OVNIS NA BÍBLIA?
Da destruição de Sodoma e Gomorra até as visões de Ezequiel, muitos ufólogos acreditam que a Bíblia estaria repleta de relatos de contatos com extraterrestres. Para muitos estudiosos desse assunto as Escrituras Sagradas seriam “o maior livro sobre OVNIs já publicado até hoje”, um tremendo exagero. Uma análise mais profunda revela que esta visão do texto sagrado se trata de interpretações fantasiosas que não merecem crédito. Vamos analisar alguns casos:
A arca da aliança
Para alguns estudiosos dos discos voadores a arca da aliança era uma espécie de condensador elétrico que tinha carga de milhares de volts, que poderiam dar descargas violentas de energia. Isso explicaria por que os levitas deviam levar a arca através de varas para não se tocar nela. Quando Uzá tocou na arca teria morrido eletrocutado (2 Samuel 6). Para outros ufólogos ela seria uma espécie de rádio de comunicação entre Moisés e os seres extraterrestres. As duas interpretações não resistem a uma análise mais séria. São apenas tentativas de impor uma ideia preconcebida ao texto bíblico.
A arca não poderia ser uma espécie de pilha gigante por que ela era toda revestida de ouro, por dentro e por fora (Êxodo 25.10, 11). Além disso, as varas usadas para o seu transporte também eram revestidas de ouro (cap. 25.12-14). Portanto a caixa não poderia se polarizar em carga negativa e positiva. A arca não era uma espécie de transmissor por que ela era guardada no segundo compartimento do tabernáculo, longe dos olhos dos curiosos (Hebreus 9.3, 4). Apenas o sumo sacerdote entrava nesta sala para interceder pelo povo. Isso só ocorria uma vez por ano, no dia da expiação (Levítico 16 e 23). Não faz sentido um comunicador que só poderia ser usado uma vez por ano.
Sodoma e Gomorra
Foram os ETs que destruíram as ímpias cidades do vale de Sidim? Teriam eles usado armas nucleares para isso? Se lermos com atenção o relato bíblico (Gênesis 19) perceberemos que nem Ló e suas duas filhas teriam escapado da contaminação radioativa se as cidades fossem destruídas por bombas atômicas. Na descrição da fuga do patriarca e sua família não há referência a ventos fortes e chuva radiativa. (Cesar Vidal Manzanares. OVNIS ?Qual es la verdad? Miami, Florida: UNILIT, 1992, p. 44, 45).
As visões de Ezequiel
Ufólogos afirmam que a visão das rodas dentro de rodas em Ezequiel 1 seriam referência direta a naves interplanetárias. Será? A forma harmoniosa como estas rodas giravam uma dentro da outra não descreve um disco voador, mas chama a atenção do leitor para a harmonia que reina no céu. “O que a visão das rodas provavelmente queria salientar é o contraste entre a desarmonia existe na terra e a perfeita harmonia que impera na esfera celeste” (Siegried J. Schwantes. Breve comentário sobre o livro do profeta Ezequiel. São Paulo: Seminário Adventista Latino Americano de Teologia, 1985, p. 6).
[1] Ocultamos a identidade das pessoas envolvidas para preservar sua privacidade, contudo, o testemunho é idôneo e confiável.
[2] DORNELLES, Renato. Nos últimos 46 anos á mais de 7,5 milhões de informes. Zero Hora, 4 mar 1994, p. 37.
[3] NOGUEIRA, Salvador. O arquivo X brasileiro. Revista Superinteressante, set 2013, p. 34.
[4] Busca da humanidade por ETs começou no século 18. Zero Hora, 24 jun 1997, p. 49.
[5] MANZANARES, Cesar Vida. OVNIS ?Qual és la verdade? Miami, Florida, EUA: Unilit, 1992, p. 9.
[6] FERNANDES, Ademir. Há meio século os OVNIs instigam os terráqueos. Zero Hora, 24 jun 1997, p. 48.