Carta à igreja de Éfeso
“Isto diz Aquele que tem na Sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro; Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua perseverança; sei que não podes suportar os maus, e que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança e por amor do Meu nome sofreste, e não desfaleceste. Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres. Tens, porém, isto, que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais Eu também aborreço. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus.” Apocalipse 2: 1-7.
O autor da mensagem à igreja de Éfeso não é ninguém menos que o próprio Senhor Jesus Cristo. Mostra-Se Ele perfeitamente familiarizado com a condição da Sua igreja. No princípio da mensagem menciona algumas boas qualidades dos destinatários: “Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua perseverança... Por amor do Meu nome sofreste, e não desfaleceste....” Em seguida apresenta gravíssimo problema: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor”. Esse grave pecado equivale a tremenda apostasia, porque Jesus adverte: “Lembra-te, pois, donde caíste, arrepende-te, e pratica as primeiras obras”. Caso a igreja não atendesse à advertência de Cristo, o castiçal seria removido, em outras palavras, a igreja deixaria de ser reconhecida por Cristo como Sua igreja.
De acordo com 1 Coríntios 13: 1-8, talentos, capacidade, boas obras, liberalidade, embora importantes em si mesmos, sem o amor de Cristo não tem valor algum diante de Deus.
O abandono do primeiro amor equivale a perigosíssima apostasia, suficiente para que a posição da igreja seja essencialmente alterada diante de Deus.
“As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas.” Apocalipse 1: 20.
“É dito de Cristo que anda no meio dos castiçais de ouro. Assim é simbolizada a Sua relação para com as igrejas. Ele está em constante comunicação com Seu povo. Conhece seu verdadeiro estado. Observa-lhes a ordem, piedade e devoção. Conquanto seja Sumo Sacerdote e Mediador no santuário celestial, é apresentado andando de um para outro lado entre as Suas igrejas terrestres. Com infatigável desvelo e ininterrupta vigilância, observa para ver se a luz de qualquer de Suas sentinelas está bruxuleando ou se extinguindo. Se os castiçais fossem deixados ao cuidado meramente humano, sua trêmula chama elanguesceria e morreria; mas Ele é o verdadeiro guarda dos átrios do templo. Seu assíduo cuidado e graça mantenedora são a fonte de vida e luz.” ATOS DOS APÓSTOLOS, P. 586.
Quais foram essencialmente os problemas dos crentes de Éfeso?
“Depois da descida do Espírito Santo, quando os discípulos saíram para proclamar um Salvador vivo, seu único desejo era a salvação de almas. Rejubilavam-se na doçura da comunhão com os santos. Eram ternos, prestativos, abnegados, voluntários em fazer qualquer sacrifício pelo amor da verdade. Em seu contato diário entre si, revelavam aquele amor que Cristo lhes ordenara. Por palavras e obras de altruísmo, procuravam acender este amor em outros corações.
“Um tal amor deviam os crentes sempre acariciar. Deviam proceder em obediência ao novo mandamento. Tão intimamente deviam estar unidos com Cristo, que pudessem estar habilitados a cumprir todos os Seus reclamos. Sua vida devia magnificar o poder de um Salvador que poderia justificá-los por Sua justiça.
“Mas gradualmente se operou uma mudança. Os crentes começaram a olhar os defeitos uns dos outros. Demorando-se sobre os erros, dando lugar a inamistoso criticismo, perderam de vista o Salvador e Seu amor. Tornaram-se mais estritos na observância de cerimônias exteriores, mais estritos no tocante à teoria que a prática da fé. Em seu zelo para condenar a outros, passavam por alto seus próprios erros. Perderam o amor fraternal que Cristo lhes ordenara, e, o que é mais triste, não tinham consciência dessa perda. Não reconheceram que a felicidade e o gozo lhes estavam abandonando a vida, e que, havendo excluído o amor de Deus do coração, estariam logo andando em trevas.” ATOS DOS APÓSTOLOS, P. 547, 548.
“Depois de algum tempo, porém, começou a minguar o zelo dos crentes, bem assim seu amor a Deus e de uns para com os outros. A frieza invadiu a igreja....
“A discussão sobre insignificantes pontos de doutrina, e o gosto por fábulas de invenção humana, ocupavam o tempo que deveria ser gasto na proclamação do Evangelho.” ATOS DOS APÓSTOLOS, P. 580.
Irmãos, qual é a verdadeira condição espiritual da igreja? Podemos dizer com sã consciência que temos verdadeiramente praticado o primeiro amor? É o nome de Cristo, Sua vida, Seu caráter, Sua perfeita justiça, Sua morte no Calvário, Sua intercessão no santuário celestial, Sua iminente volta, os assuntos que ocupam nossa conversação diária? Se não, nossa vida espiritual está gravemente enferma.
Por que os primitivos crentes foram chamados cristãos?
“Foi em Antioquia que os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos. Este nome foi-lhes dado porque Cristo era o principal tema de sua pregação, conversação e ensino. Continuamente estavam eles repetindo os incidentes ocorridos durante os dias de Seu ministério terrestre, quando Seus discípulos foram abençoados com Sua presença pessoal. Demoravam-se incansavelmente sobre Seus ensinos e milagres de cura. Com lábios trêmulos e olhos rasos d’água falavam de Sua agonia no jardim, Sua traição, julgamento e execução, a paciência e humildade com que havia suportado a afronta e a tortura a Ele impostas por Seus inimigos e a divina piedade com que tinha orado por Seus algozes. Sua ressurreição e ascensão e Sua obra no Céu como Mediador do homem caído eram tópicos sobre os quais se regozijavam em se demorar. Os pagãos bem podiam chamá-los cristãos, uma vez que pregavam a Cristo e dirigiam suas orações a Deus por intermédio dEle.” ATOS DOS APÓSTOLOS, P. 157.
Remédio:
1. “Lembra-te, pois, donde caíste”.
“Tem havido um afastamento de Deus entre nós, e a zelosa obra de arrependimento e, de volta ao primeiro amor essencial a restauração diante de Deus e regeneração do coração ainda não foi realizada. Infidelidade tem penetrado em nossas fileiras, pois é moda separar-se de Cristo e dar lugar a incredulidade. Com muitos, o clamor do coração tem sido: ‘Não queremos que esse Homem reine sobre nós. Baal, Baal, é a escolha. A religião de muitos entre nós será a religião do apóstata Israel, porque amam seus próprios caminhos e abandonam o caminho do Senhor. A verdadeira religião, a única religião da Bíblia, que ensina perdão somente pelos méritos de um Salvador crucificado e ressuscitado, que defende a justiça pela fé do Filho de Deus, tem sido menosprezada, combatida, ridicularizada e rejeitada. Tem sido denunciada como levando ao fanatismo. Mas ela é a vida de Cristo na alma, é o princípio ativo de amor comunicado pelo Espírito Santo, que somente tornará a alma frutífera em boas obras. O amor de Cristo é a força e o poder de cada mensagem de Deus que jamais caiu de lábios humanos. Que futuro está diante de nós se deixarmos de chegar à unidade da fé” LS 362. (Life Skeckthes of E.G. White).
2. “Arrepende-te”.
Verdadeiro arrependimento é tristeza pelo pecado e abandono do mesmo.
3. “Pratica as primeiras obras”.
Nosso primeiro amor é Cristo. Deixar o primeiro amor é afastar-se de Cristo. Voltar ao primeiro amor é retornar a Cristo. “Nós amamos a Ele porque Ele nos amou primeiro.”
“O Salvador aguarda a resposta a Seus oferecimentos de amor e perdão, com uma compaixão mais terna do que aquela que move o coração de um pai terrestre para perdoar um filho transviado e sofredor. Ela clama aos errantes: ‘Tornai-vos para Mim, e Eu tornarei para vós.’ Malaquias 3:7. Mas se aquele que vagueia, recusa persistentemente atender a voz que o chama com amor compassivo e terno, será finalmente deixado em trevas. O coração que durante muito tempo desdenhou a misericórdia de Deus, torna-se endurecido no pecado, e não mais é suscetível a influência da graça de Deus. Terrível será a sorte da alma da qual o Salvador, pleiteando por sua defesa, declarará finalmente: ‘Está entregue aos ídolos; deixa-o.’ Oseias 4:17. Haverá menos rigor no dia do Juízo para as cidades da planície do que para aqueles que conheceram o amor de Cristo, e contudo se desviaram à escolha dos prazeres de um mundo de pecado.” PATRIARCAS E PROFETAS, P. 162.
“Vós que estais a desdenhar os oferecimentos da misericórdia, pensai na longa parcela de caracteres que contra vós se acumula nos livros do Céu; pois há um relatório feito das impiedades das nações, das famílias, dos indivíduos. Deus pode suportar muito enquanto a conta prossegue; e convites ao arrependimento e oferecimentos de perdão podem ser feitos; contudo, tempo virá em que a conta se completará, em que se fez a decisão da alma, em que se fixou o destino do homem pela sua própria escolha. Dar-se-á então o sinal para ser executado o juízo.” PATRIARCAS E PROFETAS, P. 162.
“Como o Filho de Deus vivia pela fé no Pai, assim devemos viver pela fé em Cristo. Tão plenamente estava Cristo submetido à vontade de Deus, que unicamente o Pai aparecia em Sua vida. Embora tentado em todos os pontos como nós, manteve-Se diante do mundo imaculado do mal que O rodeava. Assim também nós devemos vencer como Cristo venceu.
“Sois seguidor de Cristo? Então tudo quanto se acha escrito a respeito da vida espiritual está escrito para vós, e pode ser alcançado mediante vossa união com Cristo. Esmorece o vosso zelo? Esfria o primeiro amor? Aceitai novamente o oferecido amor de Cristo. Comei-Lhe da carne, bebei-Lhe do sangue e vos tornareis um com o Pai e com o Filho.” DTN 389, 390.
Apelo
“Filho meu, dá-Me o teu coração, e deleitem-se os teus olhos nos Meus caminhos.” Provérbios 23: 26.
“O Senhor diz aos jovens: ‘Filho Meu, dá-Me o teu coração.’ O Salvador do mundo deseja ter crianças e jovens que Lhe deem o coração. Haverá um grande exército de filhos que serão achados fiéis a Deus, porque andam na luz, como Cristo esta na luz. Amarão a Jesus e será o prazer deles agradá-Lo.” ML 333.
“O coração pertence a Jesus. Ele pagou um preço infinito pela alma; e intercede diante do Pai como nosso Mediador, pleiteando, não como um suplicante, mas como conquistador que reivindica o que Lhe é próprio. Ele é capaz de salvar o maior pecador, pois sempre vive para fazer intercessão por nós. Um coração jovem é uma oferta preciosa, o mais valioso dom que pode ser oferecido a Deus. Tudo que sois, toda a habilidade que possuis, procede de Deus como um sagrado encargo, para Lhe ser devolvido como oferta santa e voluntária. Não podeis dar a Deus nada que não tenha primeiro sido dada a vós. Portanto quando o coração é entregue a Deus, é-Lhe dado um dom que Ele comprou e é Sua propriedade.” ML 407.