

Lições da vida de Salomão 7 - A necessidade de sábio discernimento
- Em: Vida Cristã
- Por: Ellen G. White
A necessidade de sábio discernimento
No início de seu reinado, ao serem impostas sobre o rei Salomão muitas responsabilidades relacionadas com a obra do Senhor, sua oração foi: "Portanto, dá a teu servo um coração entendido para julgar o Teu povo, para prudentemente discernir entre o bem e o mal." 1 Reis 3:9.
Eis uma lição para aqueles que ocupam posições de responsabilidade na causa de Deus hoje — não apenas os encarregados de grandes e variados empreendimentos, mas também aqueles que foram incumbidos das menores responsabilidades. Os oficiais de igreja e da escola sabatina, os líderes dos pequenos grupos e os colaboradores na obra evangelística precisam tanto do discernimento divino quanto os oficiais das grandes associações e instituições.
Deus não faz acepção de pessoas. Aquele que deu a Salomão o espírito de sábio discernimento está disposto hoje a comunicar sabedoria aos filhos Seus. O apóstolo Tiago escreve: "Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não censura; e ser-lhe-á dada." Tiago 1:5. E Paulo refere-se aos mestres da verdade, que fielmente estudaram as Escrituras, como tendo "as faculdades exercitadas para discernir tanto o bem como o mal." Hebreus 5:14.
Salomão reconheceu que lhe faltava discernimento. Foi o senso de sua grande necessidade que o levou a buscar de Deus sabedoria. Não havia em seu coração desejo egoísta de obter conhecimento com o objetivo de exaltar-se sobre seus irmãos. Desejava cumprir fielmente os deveres que lhe haviam sido confiados e escolheu o dom que seria o meio de levar seu reino a promover a glória de Deus.
Recebendo Para Dar
Embora o Senhor proveja homens e mulheres de tudo quanto necessitam, comunica seus dons somente àqueles que podem fazer deles o uso apropriado. Pode conceder maior discernimento a alguns do que a outros porque sabe que aqueles hão de empregar este dom para Sua glória.
Quando o obreiro anela por sabedoria celestial mais do que por riqueza, poder ou fama, Deus não o decepciona. Tal obreiro aprenderá do Grande Mestre não apenas o que deve fazer, mas como fazê-lo da maneira que alcance a aprovação divina.
A pessoa a quem o Senhor dotou de especial sabedoria será habilitada, pela bênção de Deus, a instruir seus companheiros de trabalho a terem raciocínio rápido e a serem dignos de confiança e fiéis ao princípio. Seu zelo consagrado, seu sábio conselho e piedade serão uma inspiração para seus colegas de trabalho. Estes serão levados, não a louvar e exaltar o agente humano nem a tornar-se dele dependente, mas a recorrer por si mesmos à Fonte de toda sabedoria verdadeira em busca da ajuda de que precisam. Deus é grandemente desonrado por aqueles que dependem servilmente de seres humanos. Aquele que disse a todos quantos nEle crêem como Salvador pessoal: "Certamente estou convosco todos os dias, até a consumação do século", há de guiar e ensinar aqueles que O reconhecem como seu Guia e Instrutor (Mateus 28:20).
Conservando a Pureza da Igreja
À medida que a obra de Deus avança em nosso tempo, há uma necessidade cada vez maior de homens que possuam discernimento aguçado — homens que conheçam a Deus e nEle confiem em busca de compreensão — homens que trabalhem para a glória do nome do Senhor. Nos dias de Israel designaram-se homens como juízes para tomar decisões relativas ao que era certo e errado.
Embora circundados por influências corruptoras, procuraram fielmente advertir o povo contra os erros e exaltar os princípios da justiça, evitando assim que a causa de Deus se contaminasse com o mal.
A causa do Senhor é agora tão sagrada como o era em tempos antigos. Hoje os homens em posições de confiança, em todo lugar, devem ser fiéis guardiães da pureza da igreja e de tudo quanto a ela se relaciona. Precisamos (e oh! como é grande a nossa necessidade!) de discernimento aguçado e clara visão espiritual. Nestes dias de pecado e multiplicação de iniqüidade, nossos olhos precisam ser ungidos com o colírio celestial, a fim de que possamos ver todas as coisas claramente. As grandes e solenes verdades para este tempo, conforme delineadas no livro do Apocalipse, devem ser proclamadas ao mundo. Estas verdades devem ser introduzidas nos próprios planos e princípios da igreja.
Os interesses da causa de Deus são algumas vezes postos em risco pelas atitudes desavisadas daqueles que, por acalentarem orgulho próprio e buscarem sua própria glória, perdem de vista o objetivo para o qual nossas instituições foram estabelecidas. Pelo fato de não perceberem a importância de levar homens e mulheres ao conhecimento da verdade para este tempo, essas pessoas permitem que influências errôneas penetrem nestas instituições, o que tende a desacreditar a verdade presente e retardar grandemente o crescimento espiritual dos obreiros.
Instituições que foram estabelecidas com o propósito específico de divulgar o conhecimento da derradeira mensagem de misericórdia ao mundo devem ser mantidas livres de toda influência mundana e mercantilista. Nossos irmãos em cargos de responsabilidade devem, com santificado juízo, discernir entre o bem e o mal e ser fiéis ao depósito que Deus lhes deu.
Enquanto permanecer consagrado, o homem a quem Deus dotou de sábio discernimento e capacidade incomum não manifestará avidez por obter elevadas posições nem para dirigir, controlar ou dominar. Pessoa alguma sobre a qual se haja colocado sagradas responsabilidades deve usurpar o poder como fez Satanás nas cortes celestes. Os homens devem forçosamente assumir responsabilidades; mas, ao invés de lutar pela supremacia, todo verdadeiro obreiro suplicará por um coração entendido, para que, discernindo entre o bem e o mal, possa glorificar a Deus.
A pessoa que dirige qualquer departamento da Causa deve ser inteligente, capaz de administrar com êxito grandes empreendimentos e dotada de temperamento tranqüilo, tolerância cristã e pleno domínio próprio. Somente aquele cujo coração estiver transformado pela graça de Cristo, pode ser um verdadeiro líder.
O caminho daqueles que ocupam posições de responsabilidade não é um caminho isento de obstáculos. Ao invés de desfalecerem e ficarem desanimados, aqueles a quem Deus confiou responsabilidades devem divisar em cada dificuldade um chamado à oração. Devem consultar, não as pessoas sem consagração, jactanciosas e que demonstram presunçosa independência, mas a grande Fonte de toda sabedoria. Cumpre-lhes ser obreiros fiéis, trabalhando sempre em parceria com o Obreiro-Mestre. Quando fortalecidos e iluminados por Ele, permanecerão firmes contra toda influência não santificada e discernirão o certo do errado, o bem do mal. Aprovarão aquilo que Deus aprova. Farão diligentes esforços para evitar a introdução ou a manutenção de princípios errôneos nas famílias, nas igrejas, instituições e associações. Ao manterem uma ligação vital com o Céu, serão sempre sábios para discernir entre o bem e o mal.