

PASTORES VALDENSES - MODELO DE MINISTÉRIO PASTORAL FIEL
E. G. White, comenta:
- As igrejas valdenses, em sua pureza e simplicidade assemelhavam-se à igreja dos tempos apostólicos. Rejeitando a supremacia do papa e prelados, mantinham a Escritura Sagrada como a única autoridade suprema, infalível. Seus pastores, diferentes dos altivos sacerdotes de Roma, seguiam o exemplo de seu Mestre que "veio não para ser servido, mas para servir. " Alimentavam o rebanho de Deus, guiando-os às verdes pastagens e fontes vivas de Sua santa Palavra. Longe dos monumentos da pompa e orgulho humano, o povo congregava-se, não em igrejas suntuosas ou grandes catedrais, mas à sombra das montanhas nos vales alpinos, ou, em tempos de perigo, em alguma fortaleza rochosa, a fim de escutar a palavra da verdade proferidas pelos servos de Cristo. Os pastores não somente pregavam o evangelho, mas visitavam os doentes, doutrinavam as crianças, admoestavam os que erravam e trabalhavam para resolver as questões e promover harmonia e amor fraternal. Em tempos de paz eram sustentados por ofertas voluntárias do povo, mas, como Paulo, o fabricante de tendas, cada qual aprendia um ofício ou profissão mediante a qual, sendo necessário, promoveria o sustento próprio. - O Grande Conflito, págs, 64,65
Samuel Morland, comenta:
- Para as circunstâncias particulares da forma de disciplina entre aqueles barbes (pastores) dos valdenses daquele tempo, o que chegou às minhas mãos neste assunto fielmente apresento ao leitor cristão.
COM REFERÊNCIA AO SÍNODO, OS MANUSCRITOS NOS INFORMAM QUE:
1. Os barbes (pastores) se reuniam uma vez ao ano para tratar de assuntos em um concílio geral.
2. E o manuscrito italiano ( cujo original pode ser visto na biblioteca da Universidade de Cambridge, com a data 1587) nos informa que este concílio era constantemente realizado no mês de setembro, e que alguns séculos atrás, eles eram vistos reunidos em um sínodo realizado em Val Clusone, não menos que 140 barbes.
3. O mesmo manuscrito acrescenta, que eles tinham sempre seus sínodos, e uma forma de disciplina entre eles. Em épocas de perseguição, então os barbes realizavam o concílio em secreto, em suas próprias casas, e na estação de verão, nos topos das montanhas, enquanto o povo estava ali pastoreando o rebanho.
DESTES BARBES ( PASTORES ) VALDENSES:
1. Alguns eram casados para manifestar mediante isto sua apreciação a instituição do matrimônio.
2. Outros se mantinham solteiros apenas por conveniência, pois freqüentemente eram obrigados a abandonar suas moradias, a medida que eram requisitados para empreender longas e cansativas viagens a fim de propagar o evangelho nos países remotos, com quem eles tinham então uma constante e particular correspondência após o ano 1160, a saber - na Boêmia, Alemanha, Colônia, Provença, Dauphine, Inglaterra, Calábria e Lombardia.
3. Esses barbes empreendiam essas viagens por turnos, ou itinerantes para visitar seus irmãos ali, e para pregar o evangelho de Cristo entre eles.
4. Aqueles barbes que permaneciam em casa nos vales, além de oficiar e trabalhar na obra do ministério, tomavam ao seu encargo a disciplina e instrução da juventude - especialmente aqueles que eram apontados para o ministério - ensinavam línguas, moral, teologia. Além disso a maioria dos pastores se dedicavam ao estudo e prática do conhecimento do corpo humano e da cirurgia, habilitando-se desta forma a serem sábios médicos tanto para o corpo e alma. Outros entre eles aprendiam as artes mecânicas, a exemplo de Paulo que fazia tendas, e do próprio Cristo que trabalhava na carpintaria de José. -
J. A. Wylie, comenta:
- A IGREJA DOS ALPES, NA SIMPLICIDADE DE SUA CONSTITUIÇÃO,PODE SER
CONSIDERADA COMO UM REFLEXO DA IGREJA NOS PRIMEIRO SÉCULOS:
1. Todo o território que se achava nos limites valdenses, era dividido em distritos.
2. Em cada distrito era colocado um pastor que guiava seu rebanho para as águas vivas da Palavra de Deus. Ele pregava, distribuía a santa ceia, visitava os doentes, catequisava os jovens.
3. Com o pastor estava associado no governo de sua igreja um conselho de leigos.
4. O sínodo se reunia uma vez ao ano. Era composto de todos os pastores, com um número igual de leigos; e o lugar mais freqüente da reunião era nas montanhas, especialmente em Angrona.
5. Algumas vezes 150 barbes com o mesmo número de leigos, se reuniam. Podemos imaginá-los sentados - sobre a grama do vale: Um venerável grupo de homens humildes, eruditos, fervorosos, presidido por um simples moderador, para analisar sobre assuntos de suas igrejas e a condição do rebanho, para oferecer suas orações e louvores ao Eterno, enquanto a majestade dos montes recobertos de neve os contemplava do silencioso firmamento. Não havia necessidade de ritos e cerimônias místicas para tornar solene suas assembléias. -
Froom, comenta:
- Os ministros valdenses valdenses eram chamados barbes, que significava "tio".
1. Há traços de uma escola dos barbes em Pra del Tor, no Piemonte, atrás da difícil entrada do refúgio do vale de Angrona.
2. Servia este vale para três propósitos - cidadela, colégio e um lugar anual do Sínodo. Alí transcreviam os manuscritos da Bíblia.
3. Deste recanto, um dos refúgios mais ocultos da Europa, estes missionários saíam, cruzavam os Alpes - Apeninos e Pirineus - para espalhar a mensagem evangélica que teve abundante fruto na Reforma. Sua pregação, sem dúvida, preparou o caminho para Huss, Lutero e Calvino.
UM TREINAMENTO BEM EQUILIBRADO PRECEDIA A ORDENAÇÃO:
1. A Bíblia era o livro texto. Deviam decorar os Evangelhos, Epístolas e algum dos livros poéticos do Antigo Testamento.
2. Deviam estar atarefados nos manuscritos. Cada um devia possuir seus próprios manuscritos.
3. Este período de instrução ocorria nos primeiros dois ou três anos, e era seguido por um período semelhante de isolamento de dois ou três anos para estudos posteriores antes de ser ordenados. Só então estavam qualificados para administrar a Palavra e a santa ceia.
4. Eram igualmente instruídos no Latim, no vernáculo Romance e o Italiano.
5. Alguns aprendiam profissões que lhe eram úteis nas viagens.
6. Muitos se tornavam sábios na arte de curar como médicos e missionários.
SEPARADOS PARA O MINISTÉRIO:
Quando o período de treinamento terminava e após o caráter ter sido aprovado - pois apenas os genuínos deviam ser consagrados para o ofício - eles eram separados para o ministério pela imposição das mãos, e aqueles que no futuro cometiam graves pecados eram expulsos da igreja e do cargo de pregar. Poucos pastores eram casados, pois desta forma estavam livres para viajar:
1. Algumas vezes jovens barbes entravam nas grandes universidades da Europa, e propagavam silenciosamente as verdades evangélicas, muitos deles sendo hábeis na arte conversar e instruir.
2. No ministério eles pregavam, visitavam os doentes de perto e de longe, administravam o batismo e a santa ceia e instruíam as crianças. Na obra educacional eram auxiliados por leigos. Suas comunidades tinham um bom número de escolas.
3. Agiam também como conselheiros dando orientações.
4. Atuavam como árbitro nas controvérsias, disciplinavam os insubordinados e mesmo exclusões
5. Um problema que não podia ser resolvido no distrito era apresentado perante o sínodo geral.
6. No culto público a congregação orava em uníssono antes e depois do sermão. Cantavam hinos, e a maior parte dos cânticos era feito depois do serviço da igreja.
7. Usavam a oração do Pai Nosso e a Bíblia é continuamente citada pelos barbes.
O SÍNODO ANUAL EM SETEMBRO:
1. Geralmente em Angrona.
2. Era presidido por um moderador, com o título de presidente, que era nomeado a cada Sínodo.
3. Não havia nenhuma distinção de hierarquia, exceto o reconhecimento da idade, serviço e capacidade.
4. Eles mesmos escolhiam os líderes que os governavam.
5. Nestes Sínodos os jovens eram examinados e aqueles que pareciam qualificados eram admitidos no ministério.
6. Eram também designados aqueles que deviam viajar para lugares distantes, em geral por turnos. A regra era uma missão de dois anos, mas ninguém retornava até que um outro viesse tomar seu lugar.
7. Igualmente no Sínodo ocorria a mudança de residência pastoral nos vales ou nas igrejas mais distantes, e os pastores eram transferidos a cada dois ou três anos.
8. Pessoas eram escolhidas para receber doações e ofertas nas igrejas, e estas eram levadas ao Sínodo geral para serem distribuídas, - pois os barbes que serviam como pastores eram geralmente sustentados por contribuições voluntárias - ou seja, seu alimento e vestuário eram supridos.
9. No Sínodo a condição das várias igrejas era relatado, e planos eram idealizados para os anos seguintes, e a indicação feita para os vários cargos. -