Conduta cristã
- Quando: 14/04
- Em: Série Doutrinas
INTRODUÇÃO
A verdadeira religião é essencialmente prática. Cristo a definiu como sendo a dedicação de amor supremo a Deus, e ao próximo como a si mesmo (Mat. 22:27-39).
Na verdade, "a amabilidade do caráter de Cristo se manifestará em Seus seguidores" (Caminho Para Cristo, p. 51); pois "como se poderia viver do amor de Deus e não amar?" (Gaugler, citado em : Franz J. Leenhardt. Epístola aos Romanos, p. 317).
"Religião não consiste meramente num sistema de áridas doutrinas, mas na fé prática, que santifica a vida e corrige a conduta no círculo familiar e na igreja." (Testimonies, vol. 4, p. 337).
"A influência da religião bíblica não é uma influência entre outras: tem de ser suprema, penetrando em todas as outras e dominando-as." (O Desejado de Todas as Nações, p. 312).
Significa exemplificar o caráter de Cristo na vida diária.
Santificação é comunhão e conduta – comunhão com Deus e uma conduta em conformidade com a Sua vontade.
"A oração de Cristo por Seus discípulos pouco antes da Sua crucifixão foi: 'Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade.' A influência da verdade deve afetar não meramente a compreensão, mas também o coração e a vida. A genuína religião prática levará o seu possuidor a controlar suas afeições. Sua conduta exterior deve ser santificada pela verdade." (Testimonies, vol. 4, pp. 371 e 372).
Mas quais são as orientações bíblicas sobre a conduta cristã ideal?
I – A CONDUTA CRISTÃ IDEAL
A – As Virtudes Recomendadas
Em Rom. 12:9-21 encontramos algumas das evidências da aplicação prática da doutrina da justificação pela fé na vida do cristão e em seu relacionamento com os seus semelhantes:
O amor deve ser plenamente sincero. Não deve haver no amor cristão hipocrisia, simulação ou motivos ocultos (verso 9).
Devemos aborrecer a mal e amar o bem (verso 9).
Devemos ser afetuosos uns com os outros em amor fraternal (verso 10).
Devemos dar-nos uns aos outros a prioridade da honra (verso 10).
Não devemos ser remissos no zelo (verso 11).
Devemos ser fervorosos de espírito (verso 11), pois Cristo não pode suportar os que são frios ou mornos (Apoc. 3:15 e 16).
Devemos agir sempre como servos do Senhor (verso 11).
Devemos regozijar-nos na esperança cristã (verso 12).
Devemos enfrentar as tribulações com paciência (verso 12).
Devemos perseverar na oração (verso 12).
Devemos compartilhar com os outros que estão em necessidade (verso 13).
Devemos ser hospitaleiros (verso 13).
O cristão deve suportar a perseguição, orando por aqueles que o perseguem (verso 14).
Devemos simpatizar com os sentimentos de nossos semelhantes, alegrando-nos com os que se alegram e chorando com os que choram (verso 15).
Devemos viver em harmonia (verso 16).
Devemos evitar todo esnobismo e orgulho (verso 16)
Devemos ser humildes (ver. 16).
Devemos fazer com que a nossa conduta tenha boa aparência. A conduta do cristão não só deve ser boa, como deve também demonstrar isto (verso 17).
Devemos, se possível e quanto depender de nós, viver em paz com todos (verso 18).
Devemos afastar de nossa mente todo e qualquer pensamento de vingança (verso 19).
Devemos retribuir o mal que nos é feito com o bem (versos 20 e 21).
Essas virtudes que o apóstolo São Paulo recomenda em Rom. 12:9-21 são uma ampliação e uma elucidação do fruto do Espírito, que encontramos em Gál. 5:22 e 23.
Nesta seção o apóstolo S. Paulo apresenta princípios semelhantes aos que Cristo apresentou no Sermão da Montanha (Mat. 5 a 7).
"O apóstolo Paulo mostra-nos que esse princípio do amor cristão deve ampliar-se, abarcando até mesmo o mundo exterior, não servindo de regra de conduta apenas para a vida religiosa da comunidade cristã. Deus amou o 'mundo', isto é, a comunidade inteira; e espera-se dos crentes a mesma amplitude de amor. E isso lhes compete até mesmo quando os objetos amados são seus perseguidores." (Russell N. Champlin. O Novo Testamento Interpretado Versículo par Versículo, vol. 3, p. 819).
ILUSTRAÇÃO
"Há muitos anos, dois amigos muçulmanos, Abdala e Sabat, Partiram da Arábia para tentar a sorte. Dentro de algum tempo, Abdala foi designado para uma elevada posição no governo de Zeman Shah, rei de Cabul. Enquanto isso, Sabat, foi a Bucara em busca de riqueza e posição, e os dois amigos perderam o contato um com o outro.
Um dia Abdala recebeu uma Bíblia, provavelmente de um missionário americano. Leu-a e se converteu. Naquele tempo, a aceitação do cristianismo por um muçulmano de alta posição social significava a morte. Portanto, Abdala procurou cuidadosamente ocultar o fato de que mudara de religião. A despeito, porém, de seus esforços, seu segredo acabou sendo descoberto, e sua vida corria perigo. Ele decidiu fugir e buscar segurança numa comunidade cristã situada perto das praias meridionais do Mar Cáspio. Saiu disfarçadamente de Cabul, mas encontrou-se casualmente com seu velho amigo Sabat, numa das ruas de Bucara, e foi reconhecido por ele.
Sabat, devoto maometano, ouvira falar da conversão de Abdala. Repreendeu-o por tornar-se cristão e ameaçou entregá-lo às autoridades, esperando que isso levasse seu amigo a abandonar o cristianismo. Receoso de perder a vida, Abdala implorou que Sabat o deixasse fugir, mas este último foi inexorável. Mandou que prendessem a Abdala e o conduzissem a Marad Shah, rei de Bucara. Ele foi julgado e condenado à morte, e anunciou-se a hora e o local da execução. Grande multidão, entre a qual se achava Sabat, reuniu-se para observar a cena. Ofereceram a vida a Abdala sob a condição de que rejeitasse o cristianismo, mas com inesperada coragem recusou fazê-lo. Cortaram-lhe uma das mãos e novamente lhe ofereceram a vida sob a condição de que se retratasse. Replicou que nunca poderia fazer isso, e deceparam-lhe a outra mão. Ofereceram a vida a Abdala pela última vez. Sua única reação foi olhar para Sabat com lágrimas de perdão nos alhos. Curvou então a cabeça e recebeu o golpe de morte.
Sabat não pôde apagar da memória o olhar perdoador de seu amigo. Cheio de pesar e remorso, ele saiu de Bucara e vagueou dum lugar para o outro buscando paz, mas não conseguia encontrá-la. Finalmente foi para a Índia, onde travou conhecimento com alguns missionários cristãos e aprendeu o significado do perdão. Aceitou o Cristo de Abdala e acabou encontrando a paz que vinha procurando há muito tempo." (Donaldo E. Mansell. Meditações Matinais – 1982, p. 336) .
Que exemplo maravilhoso o de Abdala, do genuíno amor que leva a amar os próprios inimigos! . . . Na verdade, "o mundo necessita de ver nos cristãos uma evidência do poder do cristianismo." (Obreiros Evangélicos, p. 29).
II – CONSELHOS BÍBLICOS SOBRE AS RELAÇÕES SOCIAIS
A – Quanto ao Relacionamento Familiar
a) Maridos – Efés. 5:25 e 28
– "Quando o esposo tem a nobreza de caráter, a pureza de coração, a elevação de espírito que cada cristão deve possuir, isto se revelará na associação matrimonial." (O Lar Adventista, p. 125).
b) Esposas – Efés. 5:22
A submissão da esposa ao seu marido "deve estar na base da indicação de Deus: 'Como ao Senhor.'. . . Mas não foi desígnio de Deus que os maridos dominassem como cabeça do lar, quando eles próprios não se submetem a Cristo." (Idem, pp. 116-117)
c) Filhos – Efés. 6: 1 e 2
– A expressão "no Senhor" indica que os filhos devem preferir a vontade do Senhor à de seus pais, caso esta não esteja em conformidade com a vontade divina.
d) Pais – Efés. 6: 4
– A verdadeira disciplina é o equilíbrio entre o amor e a justiça.
B – Quanto ao Relacionamento Entre Empregados e Patrões
a ) Empregados – Efés. 6:5-8
– Portanto a greve, que é tão comum em nossos dias, não é de forma alguma compatível com o espírito cristão a ser demonstrado pelos empregados.
b) Patrões – Efés. 6:9
– A Bíblia declara que "digno é o trabalhador do seu salário" (Luc. 10:7), e ela condena severamente os salários injustos: - Tiago 5:4
C – Quanto às Companhias (Amizades)
I Cor. 5:9 e 11
"Como uma corrente participa sempre das propriedades do solo que atravessa, assim os princípios e hábitos dos jovens tomam invariavelmente a cor do caráter de suas companhias." (Conselhos aos Professares, Pais e Estudantes, p. 198).
"Os jovens que estão em harmonia com Cristo, escolherão companheiros que os auxiliem a proceder bem, esquivando-se à sociedade que não contribui para o desenvolvimento dos retos princípios e desígnios nobres." (Mensagens aos Jovens, p. 422).
D – Quanto ao Namoro
1 Tess. 4:4-7
Prov. 5:3 e 8
"Se desejas sinceramente a glória de Deus, agirás com decidida cautela. Não tolerarás que um doentio sentimentalismo amoroso te cegue a visão por tal forma, que não possas discernir os altos direitos de Deus sobre ti como cristão." (Mensagens aos Jovens, p. 438)
E – Quanto ao Casamento
I Cor 7:39
Deut. 7:3 (II Cor. 6:14)
"Os filhos de Deus não devem nunca aventurar-se a pisar terreno proibido. O casamento entre crentes e incrédulos é proibido por Deus." (Mensagens aos Jovens, p. 436).
F – Quanto às Reuniões Sociais
Tiago 4:4
I João 2:15-17
Há vários anos um bispo católico romano declarou que dentre vinte mulheres caídas, dezenove atribuíam sua queda ao baile. (D. Peixoto da Silva. Quinhentas Ilustrações Escolhidas, p. 333).
"Nos Estados Unidos uma pesquisa realizada entre alunas de escolas públicas do norte do Estado da Flórida revelou que em 1977, de mil garotas solteiras grávidas, 964 conceberam enquanto ouviam música 'rock'." (Revista Mocidade, Nº 303, março de 1983, p. 7).
Há um princípio que diz: "Pela contemplação somos transformados." E os locais de divertimentos mundanos, tais como o cinema, o baile, o teatro, os locais de jogos competitivos não são apropriados para o cristão freqüentar.
G – Quanto à Relação do Cristão com as Autoridades
Rom. 13:1-7
A função a ser exercida pelas autoridades foi instituída por Deus, porém isto não significa que todo o indivíduo que exerce essa função tenha sido aí colocado por Deus; pois há casos em que indivíduos usurpam o poder, como foi o caso de Hitler, na Alemanha.
Quando as autoridades são submissas à vontade divina, é dever do cristão submeter-se a elas; porém quando isto não ocorre, a sua atitude deve ser a mesma de Pedro e dos demais apóstolos diante do Sinédrio, em Jerusalém: "Antes importa obedecer a Deus do que aos homens." (Atos 5:29)
Por outro lado, não cabe à igreja envolver-se em questões políticas, pois Cristo mesmo declarou: – João 18:36
III – ORIENTAÇÕES BÍBLICAS SOBRE O VESTUÁRIO E OS ADORNOS
A – Deve Haver Simplicidade, Decência e Bom Gosto
Tiago 4:4
I Ped. 3:3
"O caráter de uma pessoa é julgado pelo aspecto de seu vestuário." (Educação, p. 248).
"Não poderá ser completa nenhuma educação que não ensine princípios corretos em relação ao vestuário." (Idem, p. 246)
"Cristo nos advertiu contra o orgulho da vida, mas não contra sua graça e beleza naturais." (Mensagens aos Jovens, p. 352). Portanto deve havei bom gosto no vestir-se.
B – A Mulher não Deve Usar Roupa de Homem e nem o Homem Roupa de Mulher
Deut. 22:5
"Há uma crescente tendência das mulheres se aproximarem do sexo oposto, tanto quanto possível, no vestuário e na aparência, e adaptarem suas roupas de maneira bem mais semelhante às dos homens; porém Deus afirma ser isto abominação." (Testimonies, vol. 1, p. 421).
C – A Consagração e a Dedicação da Vida a Deus Envolve Também o Abandono do Uso de Jóias
O povo de Israel após o êxodo: – Êxo. 33:6
Jacó e a sua família, antes de subirem a Betel: – Gên. 35:2-4
"Na maioria dos casos a submissão às reivindicações do evangelho requer uma mudança decisiva em matéria de vestuário. Cumpre não haver nenhum desleixo. Por amor de Cristo, cujas testemunhas somos, devemos apresentar exteriormente o melhor dos aspectos." (Mensagens aos Jovens, p. 358).
CONCLUSÃO
Muitos cristãos desejam sinceramente mudar a sua conduta, porém parecem não possuírem forças suficientes para fazê-lo. Mas a Bíblia declara que em Jesus encontramos esse poder que tira de nós o desejo de pecar, colocando a nossa vontade em conformidade com a Sua vontade: – I João1:7; II Ped. 1:4
Que a nossa conduta exterior exemplifique a atuação interior da graça salvadora de Cristo! . . .
(Alberto Ronald Timm)