Documentos históricos atestam a expansão dos valdenses por toda Europa. Os discípulos de Valdo, chamados também pelos nomes de: os Pobres Homens de Leon, os Pobres Homens da Lombardia, e Valdenses foram os primeiros a se espalharem em virtude da perseguição. Para os antigos valdenses moradores nos vales do Piemonte, que durante séculos haviam desfrutado de certa tranqüilidade, chegara também os tremendos tempos de perseguição. Decretos contra eles foram promulgados, e eles foram impelidos também à fuga.
Esta circunstância, como também a forte convicção, agora abrigada no coração, de transmitir a luz da verdade conservada e nutrida nos vales há séculos, impulsionou centenas e centenas de missionários valdenses, pastores e colportores, a levar a tocha da verdade em distantes regiões obscurecidas pelas trevas da apostasia e tradições humanas.
Documentos históricos confirmam estes fatos. Estas circunstâncias foram utilizadas pela providência divina para preparar o terreno e lançar as sementes que produziriam abundante fruto na grande Reforma Protestante do Século XVI.
Dr. Bray, comenta:
- A dispersão dos valdenses é mencionada e documentada nas mais importantes regiões e reinos da Europa. Quando a perseguição sobrevinha e se tornava forte, as ovelhas eram dispersadas por todas as partes do mundo. Agradou a Providência Divina, dar uma experiência a esses confessores e mártires, as testemunhas de Deus e Sua verdade, a mesma experiência da primitiva igreja "que estava em Jerusalém e que foi dispersa para todas as partes"(At. 8:1), que sendo perseguidos fugiam de uma cidade a outra. E assim mediante a dispersão deles foi derramada em todo o mundo romano.
Da mesma forma os habitantes cristãos dos Alpes, tendo sido impelidos a abandonar suas habitações, pelas horríveis perseguições - dispersaram-se e levaram com eles as verdades do evangelho para distantes lugares: Boêmia, Inglaterra, França, Alemanha, Polônia, Espanha e regiões vizinhas na parte ocidental dos Alpes, também na Calábria e Itália, e para o Oriente. Ali a preciosa semente da verdade por alguns séculos permaneceu como que sepultado, sob a pesada nuvem da apostasia, até que raiou a aurora da Reforma, e nesse tempo ressurgiu novamente com vida, após tão longos invernos, e pela graça de Deus produziu grande colheita de verdade e justiça.
Aqueles valdenses que fugiram para a Itália não deram o nome às igrejas daquele país, que já antes daquele tampo eram chamados de valdenses, do lugar onde viviam. Foi apenas devido a malícia de seus inimigos, e o desejo de apagar a memória de sua antiguidade, que levou seus adversários a imputar a origem deles a um período posterior, e a Pedro Valdo. -
Mr. Morland explica: Não teriam estes refugiados valdenses da França ido para a Itália, feito uma longa viagem pelos Alpes, em direção aos vales do Piemonte, se eles não tivessem a certeza que os nativos daqueles vales professavam a mesma religião e os receberiam como seus irmãos. D'Aubigné, um prudente historiador é desta opinião: Que a denominação valdense como tendo sua origem em Pedro Valdo, foi uma astúcia de seus adversários para fazer o mundo crer que sua religião era uma novidade, ou uma coisa recente. -
William Jones, comenta:
- Um número dos discípulos de Pedro Valdo fugiu para encontrar abrigo nos vales do Piemonte, levando consigo a nova tradução da Bíblia.
A perseguição de Valdo e seus seguidores, com a fuga de Leon, é uma memorável época nos anais da igreja cristã. Por onde quer que iam semeavam as sementes da reforma. As bênçãos e benevolência do Rei dos reis os acompanhava. A Palavra de Deus crecia e se multiplicava, não apenas nos próprios lugares onde o próprio Valdo havia semeado, mas em regiões ainda mais distantes. Em Alsoce e ao longo do curso do Reno, as doutrinas se espalhavam extensivamente. Irrompeu a perseguição - 35 cidadãos de Mentz foram queimados na cidade de Bingen, e 18 na cidade de Mentz. Os bispos de Mentz e Strasburg respiravam nada mais do que vingança e matança. Em Strasburg, onde comenta-se que o próprio Valdo com muita dificuldade escapara de ser preso, 80 pessoas foram sentenciadas as chamas.
No tratamento e perseguição aos valdenses renovaram-se as cenas de martírio do Século II. Multidões morriam louvando a Deus e na bendita esperança da bem aventurança da ressurreição. Mas o sangue dos mártires novamente tornou-se a semente da igreja. E na Boêmia, Croácia, Dalmitia e hungria, surgiram igrejas que floresceram através de todo o período do Século XIII, e que devem sua origem principalmente aos trabalhos de um Bartolomeu, natural de Carcassone, uma cidade não muito distante de Tolouse, no sul da França, lugar que em certo sentido pode ser chamada a metrópole dos albigenses.
Na Boêmia e no país do inquisidor Passow, foi calculado que existia não menos de 80. 000 dessa classe de cristãos no ano 1315.
Em resumo, eles se espalharam através de quase todos os países da Europa. Mas por toda parte eram tidos como o lixo do mundo e a escória de todas as coisas. -
Boyler, comenta:
- Quando teve que fugir de Leon, Pedro Valdo foi para os Flanders, onde ele semeou a doutrina do evangelho, que se espalhou na Picardia, que acha-se ligado aos Flanders. Este maltratado povo, sendo perseguido pelo rei da França, fugiu para a Boêmia e foi por esta razão que foram chamados de Picardes, pois eles vieram da Picardia. D'Aubigné em sua História diz: “que aqueles discípulos dos remanescentes de Valdo, que fugiram para a Picardia cresceram e se multiplicaram tanto, que para desarraigá-los ou pelo menos enfraquecê-los, Filipe Augustos, rei da França, destruiu 300 casas. -
George S. Faber, comenta:
- Até os dias de Pedro Valdo, os cristãos valdenses que habitavam nos Alpes Cottiam, parece que nunca se haviam mudado de seus vales de refúgio, exceto para esforço de proselitismo com os habitantes das planícies de Torino e Vercelli.
Com relação ao nome valdenses de Leon, pelo que podemos descobrir, aparecem na história somente no ano 1179. Pois Walter Mapes, o arqui-diácono de Oxford, menciona que naquele ano, ele conversou em Roma com os assim chamados Primati Valdes de Leon; que embora franceses na origem, e tendo sido recentemente convencidos por aquele eminente valdense, Pedro Valdo, que desejava na simplicidade de seu coração e honestidade de propósito, obter, do papa Alexandre III, a licença de atuar como missionários pregadores do evangelho.
Um novo impulso foi dado agora aos esforços dos primitivos valdenses ( os mais antigos de todos os hereges, segundo descrição do inquisidor Reinerius ) para promover a causa da religião pura e incontaminada.
E pela divina providência, o honrado instrumento mencionado por Mapes, Pedro o rico comerciante de Leon, ele mesmo denominado Valdo da região e povo onde sua família viveu e onde ele havia habitado, e cujo nome ele comunicou aos seus conversos franceses.
Durante muitos séculos, como já comentado, parece que os antigos Valenses não se separaram de seus vales nativos. No entanto seu testemunho foi finalmente proclamado contra seus vizinhos papistas. E ali, sua existência era bem conhecida pelos poderes governantes e aos membros influentes da igreja de Roma.
Com Pedro Valdo, no entanto, uma nova sucessão de épocas se inicia. Sob o nome de os Pobres Homens de Leon, Pedro Valdo instituiu uma ordem de pregadores ou missionários que ao invés de ficar quietos em seus lares de geração em geração, haveriam de sair em todo o mundo, para proclamar o evangelho em todas as partes da Europa. Creio que direto ou indiretamente, eles levaram o evangelho a todas as partes da Europa. Dai a linguagem de Reinerius, mesmo no século XIII, não será considerada um exagero: Fere nulla est terra, in qua haec sect non sit. Mas o sul da Europa foi o principal centro de seus missionários.
Reinerius comenta dos Leonistas estando espalhados por todo o mundo. Deve ser entendido com respeito ao termo Leonista como o próprio inquisidor o entendia na metade do Século XIII, após os labores de Pedro e os Pobres Homens de Leon, que já estavam em plena atividade setenta ou oitenta anos. Pois antes do tempo de Pedro Valdo, os valenses longe de se espalharem por todo o mundo como o fizeram os paulicianos e os albigenses, eram conhecidos apenas em sua própria vizinhança. É muito provável que Pedro Valdo copiou dos albigenses que sempre viajavam, a idéia de selecionar missionários para o seu plano missionário.
Reinerius com justiça afirma que o nome apropriado deles é: Os Pobres Valdenses de Leon. Os discípulos de Pedro Valdo foram chamados os Pobres Valdenses de Leon, em evidente distinção dos Pobres Valdenses do Piemonte.
A desaprovação do papa a ordem de pregadores instituído por Valdo foi rapidamente seguido pela perseguição papal. Mas como o arcebispo Usher observa corretamente, a perseguição produziu os mesmos resultados do que ocorrera no passado, depois do apedrejamento de Estevão.
E isto é plenamente testificado pelo inquisidor Eymeric no Século XIV: “Quando os pobres homens não puderam encontrar descanso algum em Leon, por medo do arcebispo e igreja, eles fugiram de cidade em cidade, e, sendo assim dispersos através das regiões da França e Itália, eles ganharam muitos cúmplices, e mesmo no tempo presente, eles semearam seus erros em muitos distritos. " Eymerc. Direct. Inquis. part. II quest 14. Apud Usher de Eccles. Success.
O historiador Thuanus foi induzido a escrever: “Pedro Valdo, o principal líder dos valdenses, deixando o seu próprio país, foi para a Bélgica, na Picardia, como agora é chamada aquela província, alcançando muitos seguidores. Da Picardia passou para a Alemanha, viajando pelos estados vândalos e finalmente se estabeleceu na Boêmia; onde aqueles que, neste dia aceitam sua doutrina, são chamados de Picards. " Thuanus Hist. Lib. VI, Vol. 1, pág. 221. -