O dom de profecia
- Quando: 21/04
- Em: Série Doutrinas
INTRODUÇÃO
Durante o longo curso da História Deus escolheu homens e mulheres para serem Seus porta-vozes especiais: os profetas. A estes o Senhor Se revelava em sonhos e visões (Núm. 12:6). Um profeta é "alguém inspirado e comissionado por Deus para instruir o povo e predizer eventos futuros." (Benjamin Davidson. The Analytical Hebrew and Chaldee Lexicon, p. 530).
Porém, dentre os que reclamam o dom de profecia, há também aqueles que não foram inspirados e comissionados por Deus, e, portanto, são falsos profetas. A Bíblia nos adverte a esse respeito com as seguintes palavras: – I João 4:1
Mas quais são as evidências bíblicas de que um profeta é verdadeiro?
I – PROVAS BÍBLICAS DO PROFETA VERDADEIRO
A – Características que Distinguem o Profeta Verdadeiro do Falso Profeta:
1º) Pela crença na realidade da encarnação de Jesus Cristo:
I João 4:2
A encarnação de Cristo é um dos temas vitais do Cristianismo, e negar essa doutrina é negar o próprio Cristianismo.
2º) Pelos frutos que resultam da sua vida e obra:
Mat. 7:15-23
3º) Pelo cumprimento de suas profecias:
As profecias que não dependem de condições a serem satisfeitas pela atuação humana, devem cumprir-se incondicionalmente: – Deut. 18: 21-22
Profecias condicionais, como é o caso da pregação de Jonas em Nínive (Jonas 3:3-5 e 10), podem ter um cumprimento condicional: – Jer. 18:7-10
"Os falsos profetas discutem somente em termos gerais e em linguagem ambígua. Suas declarações podem ter os mais contraditórios significados. . . . As predições divinas são claras em suas anunciações. Não há ambigüidade, nem duplo significado. . . Ninguém é deixado em dúvida quer o evento a ocorrer seja favorável, quer desfavorável. Ninguém é deixado em dúvida sobre qual o lugar ou o povo que é o objetivo principal da profecia." (The Pulpit Commentary, vol. 12 – Ezekiel II, p. 77).
Porém, somente o cumprimento das predições de alguém não é suficiente para provar que ele é um profeta verdadeiro.
4º) Pela total conformidade doutrinária com a Bíblia:
– Deut. 13:1-3; Gál. 1:8
Como a Bíblia foi escrita sob a inspiração divina, todo verdadeiro profeta falará em plena e em total conformidade com esta; pois Deus não se contradiz.
5º) Pela observância da lei divina: - Isaías 8:19 e 20
Os Dez Mandamentos (Êxodo 201 são a inalterada norma de conduta do cristão. Se alguém que reclama para si o dom profético não vive em conformidade com todos os preceitos do Decálogo, tal indivíduo não é um profeta verdadeiro, e sim um impostor.
B – Fenômenos Físicos do Verdadeiro Profeta em Visão
1º) Ele permanece de olhos abertos: - Núm. 24: 4; Apoc. 1:11
2º) As outras pessoas que estão junto com ele não vêem nada daquilo que o profeta vê, mas percebem que ele está em visão: – Dan. 10:7
3º) Durante a visão o profeta vê, sente e fala: – Dan. 10:16
4º) Durante a visão o profeta não respira: – Dan. 10:17
II – A MANIFESTAÇÃO DO DOM DE PROFECIA NOS "ÚLTIMOS DIAS"
A – Surgiriam Falsos Profetas – Mat. 24:24
a) Tais indivíduos reclamariam para si a inspiração divina, declarando possuir uma revelação nova ou adicional e suplementar para acrescentar ao evangelho eterno. Tão disfarçado será esse embuste, para enganar, se possível, até os escolhidos! . . .
B – Haveria Também o Verdadeiro Dom Profético – Atos 2:17
Em Apoc. 12:17 a Bíblia apresenta duas características distintivas da igreja remanescente do período que antecede a 2ª Vinda de Cristo:
1º) Ela guardaria "os mandamentos de Deus"
2º) E teria o "testemunho de Jesus".
Em Apoc. 19:10 ú. p. a Bíblia declara que "o testemunho de Jesus é o espírito de profecia". Portanto, uma das características da igreja verdadeira seria possuir o dom de profecia.
III – O SURGIMENTO DO DOM DE PROFECIA NA IGREJA ADVENTISTA NA PESSOA DE ELLEN G. WHITE
A – Os Primeiros Anos da Vida de Ellen G. White e Seu Chamado para o Ministério Profético.
– Ellen Gould Harmon (depois White), nasceu a 26 de novembro de 1827, numa pequena fazenda de colina, perto da vila de Gorham, no Maine, no nordeste dos Estados Unidos. Seus pais chamavam-se Eunice e Roberto. Ellen e sua irmã gêmea Elizabete, eram as últimas de uma família de 8 filhos.
– Aos nove anos, quando Ellen voltava da escola numa tarde, foi ferida por uma pedra que uma colega de classe lhe atirou, atingindo-a bem no nariz. . . . Ela perdeu muito sangue, e ficou inconsciente por três semanas. Ela sofreu muito por causa desse acidente nos anos que se seguiram. . .
– No ano de 1840 Ellen assistiu, com os pais, à reunião campal metodista em Buxton, no Maine e lá, com a idade de 12 anos, entregou o coração a Deus. Voltando para casa, por sua insistência, foi batizada por imersão pelo ministro metodista nas ondas revoltas do Oceano Atlântico, que banhava as praias de Portland, e nesse mesmo dia foi recebida como membro da igreja metodista.
– Ellen assistiu as reuniões adventistas em Portland em 1840 e 1842, juntamente com outros membros de sua família, aceitando os pontos de vista de Guilherme Miller e seus companheiros, aguardando a volta de Cristo em 1843 e depois em 1844.
– Ellen fazia grandes economias para ajudar com os seus meios a promover a causa adventista.
– Após a decepção de 1844, numa manhã do fim de dezembro desse ano, juntou-se com quatro outras irmãs no culto familiar. O Céu parecia escuro perto do grupo de oração, e, ao repousar o poder de Deus sobre Ellen, ela perdeu a noção do ambiente terreno, e numa revelação figurada testemunhou as viagens do povo do advento para a cidade de Deus. (Primeiros Escritos, pp. 13-20)
– "Quando a jovem de dezessete anos relatou, relutantemente e tremendo, essa visão aos crentes de Portland, foi ela aceita como luz de Deus. Atendendo à direção do Senhor, Ellen viajou com amigos e parentes de um lugar para outro, conforme a oportunidade, relatando aos grupos esparsos de adventistas o que lhe fora revelado, tanto na primeira visão, como nas que se sucederam." (Notas e Manuscritos de E. G. White, p. 30).
– Porém surge a indagação: O que levou os pioneiros da Igreja Adventista a aceitarem as revelações de E. G. White como manifestações do verdadeiro dom profético?
– A resposta é simples:
1º) Foi comprovado que todas as suas mensagens, bem como a sua vida e obra. estavam em plena conformidade com o padrão bíblico estabelecido, que caracteriza o verdadeiro dom de profecia.
2º) A aceitação das profecias bíblicas que indicam a manifestação do verdadeiro dom de profecia, como uma das características da igreja remanescente dos últimos dias.
B – Comprovação Bíblica da Genuinidade do Dom Profético de E. G. White
Apliquemos agora a Ellen G. White as provas bíblicas que caracterizam o verdadeiro profeta:
1°) Pela sua crença em Jesus Cristo:
Basta lermos o livro de sua autoria, intitulado O Desejado de Todas as Nações, que é considerado uma das melhores biografias que já foram escritas sobre a vida de Cristo, e comprovaremos a genuinidade da sua profunda fé em Jesus Cristo, Sua preexistência, Sua encarnação, Seu ministério terrestre, Sua morte vicária, Sua ressurreição e ascensão, e Seu sacerdócio no Céu. . .
2º) Pelos seus frutos:
George Whartan James, escritor e conferencista de renome, em sua obra California – Romantic and Beautiful (Califórnia – Romântica e Bela) publicada em 1914, assim se expressou a respeito da Sra. White:
"Todo adventista do sétimo dia no mundo sente a influência desta anciã que calmamente se assenta em sua sala, inspecionando os campos cultivados de Napa Valley, e escreve aquilo que crê ser inspirado do Espírito de Deus para ser transmitido por ela à humanidade.
"Esta mulher notável, embora educada quase inteiramente por si mesma, escreveu e publicou mais livros e em mais línguas e que circularam em maior extensão do que as obras escritas por qualquer mulher da história." – pp. 319 e 320 (Citado por Arthur L. White, em Ellen G. White Mensageira da Igreja Remanescente, p. 282).
Entre outros editoriais que apareceram nos jornais dos Estados Unidos, por ocasião do falecimento da Sra. White, destacaremos parte do que foi publicado em "The Independent" de 23 de agosto de 1915, um jornal semanal que era publicado em New York City:
"A Sra. Ellen G. White, dirigente e ensinadora dos adventistas do sétimo dia, viveu e morreu em bem-estar e honra. . . . Suas revelações eram no sentido de instruir seus discípulos, as mais das vezes dirigidos em sua vida espiritual, não se esquecendo de repreender o pecado dos hábitos e da moda. . . . Estes ensinos naturalmente, eram baseados na doutrina mais conservadora da inspiração das Escrituras. O adventismo do sétimo dia não podia insinuar-se por outros caminhos. E o dom de profecia devia ser acatado como prometido à igreja remanescente que devia manter firme a verdade. Esta fé produziu grande pureza de vida e zelo incessante. Nenhuma veemência religiosa. A obra deles começou em 1853, em Battle Creek, e tem progredido até agora quando têm trinta e sete casas publicadoras em todo o mundo, com literatura em oitenta línguas diferentes, e uma receita anual de dois milhões de dólares. Têm presentemente setenta colégios e academias, e cerca de quarenta sanatórios; e em todos estes departamentos Ellen G. White tem sido inspiração e guia. Eis um registro edificante, e ela merece grande honra.
"Recebeu ela realmente visões divinas, e foi realmente escolhida pelo Santo Espírito para ser dotada com o carisma da profecia? Ou era vítima de uma imaginação excitada? Que devemos responder? Uma das doutrinas da Bíblia pode afetar a conclusão. Seja como for, ela foi absolutamente honesta em sua crença e em suas revelações. Sua vida foi digna delas. Não demonstrou nenhum orgulho espiritual nem buscou lucros vis. Viveu a vida e realizou a obra de uma digna profetisa, a mais admirável da sucessão americana." (Citado por Arthur L. White, em Ellen G. White Mensageira da Igreja Remanescente, p. 283)
Estes são depoimentos de pessoas não adventistas, que foram seus contemporâneos.
3º) Pelo cumprimento de suas profecias:
Em novembro de 1848, a Sra. White, numa reunião em Dorchester (Massachusetts), teve uma visão sobre o início e o progresso da obra de publicação. Disse ela ao seu esposo:
"Deves começar a publicar um pequeno jornal. . . . Desde este pequeno começo foi-me mostrado assemelhar-se a torrentes de luz que circundavam o mundo." (Vida e Ensinos, p. 127).
" 'Correntes de luz . . . rodeavam o mundo!' Como poderia ser isso? Jesus logo voltaria. Pequeno era o número. Nenhuma pessoa abastada havia no grupo. Não havia entre eles grandes eruditos. O mundo era incrédulo. . ." (Notas e Manuscritos de E. G. White, p. 55).
– E hoje temos mais de 50 casas publicadoras! . . .
Em 24 de agosto de 1850 a Sra. White viu em visão que as "pancadas misteriosas" eram provenientes do poder de Satanás, e que o espiritismo, que naquele tempo tinha poucos médiuns, se espalharia por todo o mundo. . . (Primeiros Escritos, pp. 59, 60, 86-89).
Várias outras profecias podem ser mencionadas. . . (Para maiores detalhes a respeito ver Notas e Manuscritos de E. G. White, pp. 55-65).
4º) Pela plena e total conformidade dos seus escritos com a Bíblia: Ela declara:
"Tomo a Bíblia exatamente pelo que ela é, a Inspirada Palavra. Creio em suas declarações de uma Bíblia inteira. Surgem homens que pensam encontrar alguma coisa a criticar na Palavra de Deus. . . . Irmãos, não permitais que uma mente ou mão se empenhe em criticar a Bíblia. É uma obra que Satanás se deleita de que qualquer de vós faça, porém não é obra que o Senhor vos assinalasse. . . . Irmãos, apegai-vos à Bíblia, tal como reza, e parai com as críticas quanto à sua validade, e obedecei à Palavra, e nenhum de vós se perderá." (E. G. White. Citado por Francis McLellan Wilcox, em O Testemunho de Jesus, pp. 15 e 16).
Quanto ao objetivo dos seus escritos em relação com a Bíblia, ela declara:
– "Pouca atenção é dada à Bíblia, e o Senhor deu uma luz menor (os escritos de E. G. White) para conduzir homens e mulheres à luz maior (a Bíblia)." (E.G. White. Citado por Denton E Rebok, em Crede em Seus Profetas, pp. 132 e 133).
– "Os Testemunhos não são para diminuir a Palavra de Deus, mas para exaltá-la e atrair para ela a mente para que a bela singeleza da verdade a todos impressione." (Testimonies vol. 5, p. 665).
5º) Pela observância da Lei.
– Nos seus escritos podemos ver que ela não invalida nenhum mandamento do Decálogo, pelo contrário ela declara que eles são ainda hoje a norma de conduta para o cristão, inclusive o 4º Mandamento que requer a observância do sábado (Patriarcas e Profetas, pp. 303-314).
6º) Pelos fenômenos físicos, quando ela estava em visão:
A descrição dos fenômenos físicos que acompanhavam as visões da Sra. White, que foi dada por G. I. Butler, presidente da Associação Geral, em 1874, cumpre minuciosamente as características do padrão bíblico a esse respeito. (Ver: Denton E Rebok, Crede em Seus Profetas, pp. 122-124).
C – Não um Acréscimo ao Cânon Sagrado
O Pastor Urias Smith, num editorial da Review and Herald, de 13 de janeiro de 1863, intitulado "Rejeitamos nós a Bíblia ao Apoiar as Visões?", declara:
"Imaginemos que estamos prestes a partir de viagem. O dono do navio dá-nos um livro de direções, dizendo que ele contém instruções suficientes para toda a nossa viagem, e que se as atendermos, chegaremos a salvo a nosso porto de destino. Ao fazer-nos à vela, abrimos o livro a fim de conhecer-lhe o conteúdo. Verificamos que seu autor estabelece princípios gerais para nos governarem durante a viagem, e instruir-nos o quanto possível, tocando nas várias contingências que Possam surgir até ao fim; mas diz-nos também que a última parte de nossa navegação será especialmente perigosa; que os aspectos da costa variam sempre em virtude das areias movediças e das tempestades; 'mas quanto a esta parte da jornada', diz ele, 'arranjei um piloto para vós, o qual vos procurará e dará direções segundo as circunstâncias que vos rodearem e os perigos puderem exigir; é preciso que lhe deis ouvidos.'
"Com estas direções, chegamos aos perigosos tempos indicados, e aparece o piloto, segundo a promessa. Alguns dentre a tripulação, no entanto, ao oferecer ele seus serviços, insurgem-se contra ele. 'Temos o livro original de instruções', dizem, 'e isto nos basta. Firmamo-nos nisto, e nisto apenas; não queremos suas direções.' Quem dá agora ouvidos ao original livro de direções: os que rejeitam o piloto, ou o os que o recebem, segundo as instruções da livro? Julgai." (Citado por Francis M. Wilcox, em O Testemunho de Jesus, p. 72).
CONCLUSÃO
Na verdade, o êxodo de Israel do Egito na antigüidade, para a terra de Canaã, era em muitos sentidos simbólico do êxodo dos filhos de Deus deste mundo de pecado para a Canaã celestial. O movimento do êxodo tinha a si ligado um profeta do Senhor, o qual, pelas suas instruções, guiou a igreja em suas peregrinações pelo deserto. Declara o profeta Oséias: "Mas o Senhor por meio dum profeta fez subir a Israel do Egito, e por um profeta foi ele guardado." Oséias 12:13.
"Um notável característico da igreja remanescente, era haver nela a manifestação do Espírito de Profecia." ( F. M. Wilcox, Idem, p. 34).
A promessa divina é: "Crede no Senhor vossa Deus, e estareis seguros, crede nos Seus profetas, e prosperareis." (II Crôn. 20:20 u.p.)
E o apóstolo São Paulo nos admoesta: k – I Tess. 5:19 e 20.
Creiamos na bendita herança profética que o Senhor nos legou através da vida e obras da Sra. White! . . .
(Alberto Ronald Timm)