

Os genuínos cristãos sofreram perseguições e o cumprimento das predições de que a aceitação da fé os levaria a padecer todo tipo de aflições: "Acautelai-vos dos homens; porque vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas sinagogas; por Minha causa sereis levados à presença de governadores e de reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios. E quando vos entregarem, não cuideis em como, ou o que haveis de falar, porque naquela hora vos será concedido o que haveis de dizer; visto que não sois vós os que falais, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós. " Mateus 10:17-20.
"Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus, serão perseguidos. " (2 Tm. 3:12). Mas dos fiéis cristãos que preservaram a fé nesse tempo de turbulência e aflição, o apóstolo João declara que: "Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram, e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida. " Apocalipse 12:11. Toda a artimanha e métodos de perseguições inventados por Satanás foram impotentes para remover dos cristãos piedosos a esperança da fé evangélica.
Por diversos períodos por cerca de quase 300 anos, aqueles que preservavam sua fidelidade a Cristo e Seus ensinos, foram amargamente perseguidos motivadas por seus inimigos que os afligiam por diversas razões.
Houve perseguições de todo tipo: filosófica, social, política, ameaça de prisão, aprisionamento, tortura, e finalmente levados ao martírio. Contudo, centenas de milhares de cristãos, e mesmo alguns milhões, preservaram a fé, dando testemunho em defesa da salvação em Cristo, mesmo a custa de suas próprias vidas.
Algumas perseguições foram afetaram apenas algumas Províncias do Império, como por exemplo, sob os imperadores: Nero, ( 54-58 ); Domitiano, ( 81-96 ); Trajano, ( 98-117 ); Marcos Aurélio, ( 161-180 ); Maximino ( 235-238 ); Valeriano, ( 254-260 ), Aureliano, ( 270-275 ).
Houve três grandes perseguições gerais: Severo Sétimo, ( 193-211 ); Décio, ( 249-251 ); Diocleciano, ( 302-311 ).
A seguir apresentamos uma descrição histórica do panorama e das aflições a que os cristãos foram submetidos no tempo dos imperadores: Nero, Décio e Diocleciano:
* A PERSEGUIÇÃO DE NERO - cerca do ano 68 d. C.
A descrição é do historiador romano Tácito. Falando de Nero e do incêndio de Roma, ele afirma: "Para desviar a suspeita que caía sobre ele, Nero atribuiu criminalmente e ficticiamente a autoria do crime a outros; e com isto em mente, infligiu as mais terríveis torturas naqueles homens, que, sob a denominação popular de cristãos, eram já vistos com merecida infâmia. A confissão daqueles que eram presos, descobriu uma grande multidão de cúmplices, e eles foram todos condenados, não pelo crime de incendiar a cidade, mas porque odiavam a raça humana.
"Eles morreram em tormentos, amargurados pelos insultos e zombarias. Alguns foram crucificados, outros costurados em peles de animais selvagens e expostos à fúria dos lobos, outros foram encharcados com material combustível e usados como tochas para iluminar a escuridão da noite. Os jardins de Nero foram reservados para este melancólico espetáculo, que foi acompanhada por uma corrida de cavalo e honrado com a presença do imperador, que se misturou com a população no vestuário e atitude de um que guiava a carruagem.
"A culpa que os cristãos receberam foi uma punição exemplar. Mas o ódio da população mudou-se em compaixão, da compreensão que estes infelizes miseráveis foram sacrificados, não pelo rigor da justiça, mas pela crueldade de um tirano ciumento. "
A PERSEGUIÇÃO DE DÉCIO - 249-251 d. C.
"Tão logo Décio assumiu o trono ( diz o historiador Hurst ) e uma tempestade se ergueu na qual a fúria da perseguição sobreveio de forma terrível sobre a igreja de Cristo. Quer por falta de compreensão dos cristãos ou por um violento zelo pelas superstições de seus ancestrais, não sabemos. Mas é certo que ele promulgou editos da espécie mais sanguinária, ordenando os pretores, sob pena de morte, ou extirpar toda a congregação dos cristãos, sem exceção, ou forçá-los mediante tormentos, retornar à adoração do culto pagão.
"Portanto, em todas as Províncias do Império, durante o espaço de dois anos, multidões de cristãos foram mortos pelas formas mais horrendas de castigo que o barbarismo podia inventar. Este período de provações continuou com maior ou menor intensidade, durante os reinados de Gallus, Valeriano, Diocleciano, etc. "
"O Dr. Chandlers' - History of Persecution, descrevendo o período de Décio, afirma:
"As mais terríveis barbaridades foram infligidas em todos que não blasfemassem de Cristo e oferecessem incenso aos deuses imperiais. Eles eram publicamente açoitados. Amarrados a carruagens e arrastados através das ruas e cidades, esmagados até que todos os ossos do corpo se deslocassem. Seus dentes removidos, nariz, orelhas e mãos cortados. Arames introduzidos através das unhas. Eram torturados com alumínio derretido jogados em seus corpos nus. Seus olhos arrancados.
"Eram condenados a trabalhos forçados nas minas. Eram moídos entre pedras, apedrejados até a morte. Queimados vivos. Lançados dos edifícios elevados. Atravessados com lanças ponte agudas. Destruídos pela fome, sede e frio. Lançados às bestas selvagens. Fervidos em caldeirão com fogo lente com fogo lento. Lançados no abismo do oceano. Crucificados. Remoção da pele até a morte com facas afiadas. Esmagados com o rolar de árvores pesadas sobre o corpo. Em uma palavra, destruídos por todos estes métodos que mentes diabólicas podiam inventar. "
A PERSEGUIÇÃO DE DIOCLECIANO - 303-312 d. C.
Os dez anos de perseguição aqui mencionados é um cumprimento fiel da predição de Jesus em Apocalipse 2:10: “Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar alguns dentre vós na prisão, e tereis tribulação de dez dia"( um dia em profecia equivalendo um ano, de acordo com o princípio de interpretação profética em Ezequiel 4:7). E a exortação de Cristo ao Seu povo, foi atendida pelos fiéis: "Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida. "
O historiador Mosheim, na sua História Eclesiástica, descreve este período e os quatro terríveis decretos que foram promulgados:
"Os sacerdotes pagãos estavam alarmados com o crescimento do número de cristãos em todo o império, e temiam que a religião cristã se tornasse triunfante. Sob estes temores de perder sua própria autoridade, eles se dirigiram ao imperador Diocleciano, que eles sabiam ser de disposição crédula e temeroso; e por meio de oráculos fictícios e outros estratagemas falsos, esforçaram-se para levá-lo a perseguir os cristãos.
"Diocleciano permaneceu por algum tempo inflexível, sem se deixar levar pelas traiçoeiras artimanhas desses supersticiosos e egoístas sacerdotes.
"Quando os sacerdotes perceberam o insucesso de seus cruéis esforços, dirigiram-se agora a Maximiano Galério, um dos Césares, e também genro de Diocleciano, a fim de alcançar seus propósitos. Este príncipe de temperamento ruim e selvagem foi o instrumento para executar os maldosos desígnios dos sacerdotes. Galério solicita a Diocleciano, com urgência e infatigável importunação que promulgasse um edito contra os cristãos, obtendo finalmente seu desejo horrível.
"Em 303 d. C. - quando o imperador estava em Nicomédia, uma ordem foi obtida dele. O Decreto do Ano 303, ordenava: Destruir as igrejas dos cristãos; queimar todos os seus escritos; remover deles todos os seus direitos e privilégios civis, tornando-os incapacitados para qualquer honra e promoção civil.
"Este primeiro edito, embora rigoroso e severo, não atingia a vida dos cristão, pois Diocleciano era extremamente contrário à matança e derramamento de sangue. Contudo foi fatal para muitos cristãos, particularmente para aqueles que recusavam entregar os sagrados livros nas mãos dos magistrados. Muitos cristãos e entre eles alguns bispos e presbíteros, vendo as conseqüências desta recusa, entregaram todos os livros religiosos, e outras coisas sagradas que possuíam, a fim de salvar suas vidas. Esta conduta foi altamente condenada pelos mais firmes e resolutos cristãos, que olhavam para esta condescendência como sacrilégio, e estigmatizavam aqueles que se tornavam culpados com o ignominioso título de traidores.
"Muito tempo depois da publicação deste Primeiro Decreto contra os cristãos, um fogo irrompeu por duas vezes no palácio de Nicomédia, onde Galério estava alojado com Diocleciano. Este fogo diz Lactâncio, 'foi provocado por instigação secreta do próprio Galério a fim de acusar os cristãos de o haverem praticado e instigar Diocleciano contra eles. '
"Este terrível estratagema foi bem sucedido, pois nunca houve uma perseguição tão sangrenta e desumana como esta que Diocleciano moveu contra os cristãos. Os cristãos foram acusados por seus inimigos como os autores deste incêndio, e o crédulo imperador Diocleciano, tão facilmente persuadido da autenticidade desta acusação, causou vasto número deles sofrer, em Nicomédia, a punição devida aos incêndios, e a serem atormentados de maneira mais desumana e abominável.
"Por aquele tempo, surgiram tumultos e sedições na Armênia e na Síria, que também foram atribuídos aos cristãos pelos seus implacáveis inimigos, que se aproveitaram destes distúrbios para inflamar a ira do imperador.
"Diocleciano, por um novo decreto: Ordenou que todos os bispos e ministros da igreja de Cristo fossem lançados à prisão.
"Nem terminou aqui está desumana violência, pois um terceiro decreto foi promulgado, no qual estipulava-se: que toda sorte de tormento devia ser empregado, e as mais insuportáveis punições inventadas, para forçar estes respeitáveis cativos a renunciar sua profissão e sacrificar aos deuses pagãos; pois tinham esperança que, se os presbíteros e doutores da igreja pudessem ser levados a ceder, seus respectivos rebanhos seriam facilmente induzidos a seguir seus exemplos.
"Um grande número de pessoas extraordinariamente distinguidos por sua piedade e cultura, tornaram-se vítimas deste cruel estratagema por todo o Império Romano, com a exceção da Gaulia, sob o controle do brando e imparcial domínio de Constâncio Chorus: Alguns eram punidos de maneira tão vergonhosa que as regras da decência nos obriga a ficar em silêncio. Alguns eram levados à morte após terem sido continuamente provados por vagarosas e inexprimíveis torturas. Alguns foram enviados às minas para viver o restante da vida em miséria, pobreza e escravidão.
"No segundo ano desta terrível perseguição, 304 d. C. , um Quarto Edito foi promulgado por Diocleciano, por instigação de Galério e outros implacáveis inimigos de Cristo. Por este Decreto os Magistrados eram ordenados e comissionados: a forçar todos os cristãos, sem distinção de classe ou sexo, a sacrificar aos deuses; e eram autorizados a empregar toda sorte de tormentos a fim de levá-los a este ato de apostasia. A diligência e zelo dos magistrados romanos na execução deste desumano edito, levou milhares e milhares a confessar a Cristo sofrendo todo tipo de tortura e morte. "