

Em contraste direto com o testemunho da Bíblia, ensina-se popularmente que os mortos são conscientes. É assaz estranho que também os protestantes, que professam aceitar a Bíblia como sua única regra de fé, creiam nesse engano, pois a Escritura Sagrada não apresenta nenhuma prova de que os mortos sejam conscientes. Antes, pelo contrário, insiste que os mortos estão inconscientes.
“Os vivos sabem que hão de morrer”, diz a Bíblia, “mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tão pouco eles têm jamais recompensa, mas a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Até o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma neste século, em coisa alguma do que se faz debaixo do Sol” (Eclesiastes 9:5-6).
Se é verídica a teoria da “imortalidade da alma”, então os injustos que estão no inferno e os justos que se encontram no Céu, nada sabem e nada sentem.
Mas a verdade é que a consciência do homem está no cérebro, e não numa suposta entidade abstrata, imortal e consciente (coisa que não existe), à qual muitos chamam alma ou espírito. Se o homem possuísse essa entidade imaginária, então de modo nenhum cessariam, na morte, as suas faculdades mentais. Ou será que o escritor do Eclesiastes, esquecendo-se de que a consciência está nessa entidade comumente chamada alma, falou da consciência por alusão à matéria?
Vejamos agora um exemplo prático: O homem, recebendo uma pancada na cabeça, perde os sentidos e fica inconsciente. Se receber uma pancada mais forte e morrer, será que deixará de perder os sentidos, ficando consciente?
Se o homem possuísse essa suposta alma imaterial e imortal a sobreviver, consciente, ao corpo, então a consciência do homem estaria sem dúvida nessa alma. E, neste caso, como poderia uma afecção física no cérebro afetar as faculdades psíquicas de modo a ocasionar doença mental? E como poderia haver perda de memória?
Ainda mais: Em caso de uma intervenção cirúrgica, como pode o anestésico anestesiar não só a carne, mas também a alma (ou espírito) de maneira a deixar o homem completamente inconsciente?
Ou temos que negar o estado consciente dos mortos ou rejeitar a Bíblia, pois excluem-se mutuamente. A Bíblia insistentemente afirma que os mortos não exercem poderes mentais. “Abraão não nos conhece”, lemos em Isaías 63:16. Jó, falando do homem depois de morto, diz: “Os seus filhos estão em honra, sem que ele o saiba; ou ficam minguados, sem que ele o perceba” (Jó 14:21). Aos que morrem “naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos” (Salmos 146:4). Se é essa “alma” imaginária que pensa, então ela deixa de pensar depois da morte. Diz o salmista: “Porque na morte não há lembrança de Ti; no sepulcro quem Te louvará”? (Salmos 6:5). Segundo a teologia popular, os justos, depois da morte, continuam a louvar a Deus no Céu, mas a Bíblia relega este ensino fabuloso, pois diz que “os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio” (Salmos 115:17).