Deus concedeu grandes privilégios aos israelitas abençoando-os ricamente por Sua rica bondade. Procurou-os para que honrassem revelando os princípios de Seu reino. Em meio a um povo caído e ímpio — um mundo que irrestritamente se comprazia na violência e no crime, na ambição, na opressão e nas práticas mais corruptas — os israelitas deviam representar o caráter de Deus. Na santidade de sua vida, em sua misericórdia, benignidade e compaixão, deviam demonstrar que a "Lei do Senhor é perfeita e converte a alma". Salmos 19:7 (KJV).
Era o propósito de Deus, mediante a nação judaica, conceder ricas bênçãos a todos os povos. Por meio de Israel devia ser preparado o caminho para a difusão de Sua luz ao mundo inteiro. As nações do mundo, por seguirem práticas corruptas, haviam perdido o conhecimento de Deus. Contudo em Sua misericórdia Deus não os extinguiu. Propôs-Se a dar-lhes oportunidade de se familiarizar com Ele por meio de Sua Igreja. Pretendia que os princípios revelados mediante Seu povo fossem o meio de restaurar a imagem moral de Deus no homem.
A vinha do Senhor, sua propriedade predileta foi plantada na Terra de Canaã. E como a torre na vinha, Deus colocou no meio da Terra Seu santo Templo. No templo Sua glória habitou no santo Shekinah acima do propiciatório.
Nos dias de Salomão, o reino de Israel se estendia desde Hamate ao norte, até a fronteira do Egito, no sul, e do Mar Mediterrâneo ao Rio Eufrates. Esse território era percorrido por muitas rotas naturais de comércio do mundo. Caravanas iam e vinham constantemente de países distantes. Assim era dada a Salomão e seu povo magnífica oportunidade de revelar ao povo o caráter do verdadeiro Deus de maneira tão clara que pessoas de todas as nações fossem ensinadas a reverenciar e obedecer ao Rei dos reis. A todo o mundo devia ser dado o convite evangélico. Mediante o ensino do serviço sacrifical, Cristo devia ser levantado diante das nações, e todos os que para Ele olhassem, viveriam. Todos os que, como Raabe a cananéia, e Rute a moabita, se voltassem da idolatria para a adoração ao verdadeiro Deus haveriam de unir-se ao Seu povo escolhido. À medida que as hostes de Israel crescessem, haveriam de ampliar suas fronteiras até que seu reino abarcasse o mundo.
Salomão, porém, perdeu de vista o elevado e santo propósito de Deus. Deixou de aproveitar as magníficas oportunidades de iluminar os representantes de todas as nações que continuamente passavam por seu território, e paravam para descanso nas cidades principais. Fazia-se uso egoístico dos pontos estratégicos ao longo das estradas bem transitadas. Salomão procurou fortalecer sua posição construindo cidades fortificadas nas rotas comerciais. Reconstruiu Gezer perto de Jope, e que ficava ao longo da estrada entre o Egito e a Síria. Bete-Horom a oeste de Jerusalém, dominando a rota do coração da Judéia até Gezer e o litoral; Megido situada na rota de caravanas de Damasco ao Egito e de Jerusalém para o norte. E "Tadmor no deserto", ao longo das rotas das caravanas orientais. Todas essas cidades foram bem fortificadas.
As vantagens comerciais de um entreposto diante do Mar Vermelho foram aproveitadas com a construção de uma frota de navios em Eziom-Geber na praia do Mar Vermelho, na terra de Edom (Ver 1 Reis 9:26). Marinheiros "que conheciam o mar", naturais de Tiro, juntamente com os servos de Salomão, conduziam esses navios nas viagens a Ofir e traziam de lá ouro e "grande quantidade de madeira de sândalo e pedras preciosas." 1 Reis 9:27; 10:11.
O espírito missionário que Deus implantara no coração de Salomão e no coração de muitos israelitas fiéis, foi rapidamente suplantado por um espírito mercantilista. As preciosas oportunidades possibilitadas pelo contato com muitas nações, foram mal empregadas para engrandecimento pessoal. Os rendimentos do rei e de muitos de seus súditos aumentaram grandemente, mas a que preço! Por causa da cupidez e da estreiteza de vista daqueles a quem haviam sido confiados os oráculos de Deus, permitia-se que as incontáveis multidões que se apinhavam nas rotas comerciais, permanecessem na ignorância do verdadeiro Deus.
Nossa Oportunidade
À Igreja de hoje Deus atribuiu o cuidado de Sua vinha. Os obreiros de hoje são chamados a fazer a obra que Israel deixou de fazer. A salvação de Deus deve tornar-se conhecida de todo o povo que vive na face da Terra. A glória de Deus deve ser revelada, Sua palavra confirmada, e o reino de Deus estabelecido para dar libertação ao mundo. Seus seguidores devem agora levantar-se e resplandecer.
Os que, em resposta ao chamado da hora, entraram no serviço do Obreiro-Mestre, podem bem estudar Seus métodos de trabalho. Durante o Seu ministério terreno, nosso Salvador aproveitou as oportunidades de encontrar-Se ao longo das grandes estradas. Era em Cafarnaum que Jesus ficava nos intervalos de Suas viagens de lugar em lugar, e a cidade passou a ser conhecida como "Sua própria cidade." Mateus 9:1. Esta cidade estava bem adaptada para ser o centro da obra do Salvador. Situada na estrada de Damasco a Jerusalém, ao Egito e ao Mar Mediterrâneo, era uma das estradas principais. Pessoas de muitas terras passavam pela cidade, ou ficavam para repousar de suas viagens de um lugar a outro. Ali Jesus Se encontrava com pessoas de todas as nações e de todos os níveis, tanto os ricos e os grandes como os pobres e humildes, e assim eram Suas lições levadas a outros países e a muitas famílias. Por este meio era despertado o interesse no estudo das profecias, a atenção dirigida para o Salvador, e Sua missão apresentada ao mundo.
Nestes dias de viagens, as oportunidades de entrar em contato com homens e mulheres de todas as classes e de muitas nacionalidades, são maiores que nos dias de Israel. As movimentadas vias de comunicação multiplicaram-se aos milhares. Deus tem preparado maravilhosamente o caminho. A instrumentalidade da imprensa, com suas múltiplas vantagens, acha-se ao nosso dispor. Bíblias e publicações em muitas línguas, apresentando a verdade para este tempo, acham-se ao nosso alcance, podendo ser rapidamente levadas a toda parte do mundo.
Cumpre-nos apresentar a última advertência de Deus aos homens, e que diligência deve ser a nossa em estudar a Bíblia, e nosso zelo em disseminar a luz! Que toda alma que recebe a iluminação divina procure compartilhá-la.
Saiam os obreiros de casa em casa, abrindo a Bíblia ao povo, divulgando as publicações falando a outros da luz que abençoou sua própria alma. Seja a literatura distribuída judiciosamente nos trens, nas ruas, nos grandes navios que singram os mares, e através do correio.
Os cristãos que vivem nos grandes centros de comércio e viagem têm excelentes oportunidades. Os crentes dessas cidades podem trabalhar para Deus, na vizinhança de seus lares. Devem trabalhar calmamente em humildade, levando consigo por onde quer vão a atmosfera do céu. Se perderem de vista o eu e apontarem sempre para Cristo, a influência deles será sentida.
A verdade não deve ser escondida nos recessos da Terra. Deve tornar-se conhecida, e resplandecer em nossas grandes cidades. A exemplo de Cristo, devem os mensageiros do Altíssimo hoje tomar sua posição nas grandes rotas de passagens, onde podem encontrar pessoas de todas as partes do mundo. Como Ele, devem levar a verdadeira luz, semear a semente do Evangelho, separar a verdade do erro e apresentá-la em sua simplicidade e clareza primitivas de modo que os homens possam compreendê-la. A mensagem do terceiro anjo é uma mensagem mundial que deve ser dada a todas as cidades e lugarejos; deve ser proclamada nos caminhos e valados.
Nos renomados centros de turismo e estações de tratamento, onde milhares vão em busca de saúde e de prazer, devem estacionar pastores e colportores capazes de prender a atenção das multidões.
Atentem esses obreiros para a oportunidade de apresentar a mensagem para este tempo e realizem reuniões sempre que surja ocasião. Agarrem sem demora as oportunidades de falar ao povo. Acompanhados pelo poder do espírito Santo, saiam eles ao encontro do povo com a mensagem apresentada por João Batista: "Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos Céus." A Palavra de Deus deve ser apresentada com clareza e poder, para que aqueles que têm ouvidos para ouvir, ouçam a verdade. Assim, o Evangelho da verdade presente será posto no caminho daqueles que não o conhecem, sendo aceito por não poucos e levado por estes a seus próprios lares em todas as partes do mundo.
Grande obra deve ser feita, e os que conhecem a verdade devem agora fazer intensas súplicas por auxílio. Importa que o amor de Jesus lhes sature o coração. Importa que o Espírito de Cristo seja sobre eles derramado, preparando-os para subsistir no juízo. Ao se consagrarem a Deus, convincente poder lhes acompanhará os esforços de apresentar a verdade a outros. Não devemos mais dormir no terreno encantado de Satanás, mas arregimentar todos os nossos recursos e valernos de todos os meios que a Providência nos concedeu. Deve ser proclamada a última advertência diante de "muitos povos, nações, línguas e reis." Apocalipse 10:11. Faz-se a promessa: "Certamente estou convosco todos os dias, até à consumação do século." Mateus 28:28. "Levanta-te, resplandece, pois já vem a tua luz, e a glória do Senhor vai nascendo sobre ti. As trevas cobrem a Terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor vem surgindo, e a Sua glória se vê sobre ti. As nações caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu. . . . Far-te-ei uma excelência perpétua, uma alegria de geração em geração. ... Então todo o teu povo será justo, e para sempre herdarão a Terra. Serão renovos por Mim plantados, obra das Minhas mãos, para que Eu seja glorificado." Isaías 60:1-3, 15, 21.