

"Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa atuação da terceira pessoa da Divindade, a qual não viria com energia modificada, mas na plenitude do divino poder. É o Espírito que torna eficaz o que foi realizado pelo Redentor do mundo. É por meio do Espírito que o coração é purificado. Por Ele, o crente torna-se participante da natureza divina. Cristo deu Seu Espírito como um poder divino para vencer todas as tendências hereditárias e cultivadas para o mal, e para gravar Seu próprio caráter em Sua igreja.” Review and Herald, 19 de novembro de 1908.
A obra do Espírito Santo em nós é essencial à nossa salvação. Sem a Sua influência, jamais ouviríamos o chamado divino, nem discerniríamos o pecado por meio da lei. Não seríamos atraídos ao nosso bendito Redentor Jesus.
Na ausência do Espírito Santo, a obra de Cristo em nosso favor não encontraria eco (a fé não seria despertada) no coração humano, e não seríamos abençoados. Por outro lado, se Cristo não tivesse obtido vitória completa por meio de vida perfeita, morrendo na cruz a morte substitutiva, e ressuscitando dos mortos, o Espírito não teria obra nenhuma a realizar em nós.
A primeira missão do Espírito Santo é convencer-nos do pecado. Por meio da lei e de toda a Palavra de Deus, o Espírito divino revela-nos a nossa verdadeira condição. Mostra-nos as manchas do caráter e indica o remédio. Tendo sido realizada esta obra preparatória, o Espírito Santo prossegue atuando em nosso coração durante a experiência da justificação e santificação.
O CHAMADO NÃO É JUSTIFICAÇÃO
justificação e chamado não são a mesma coisa. O chamado é quando o pecador é atraído para Cristo. Trata-se da operação do Espírito Santo no coração, convencendo do pecado e convidando ao arrependimento.
“Muitos estão confusos quanto ao que constitui os primeiros passos na obra da salvação. O arrependimento é considerado uma obra que o pecador deve realizar por si mesmo, a fim de poder chegar a Cristo. Pensam que o pecador deve, por si mesmo, conseguir a habilitação para obter a bênção da graça de Deus.
Conquanto seja verdade que o arrependimento deve preceder o perdão, pois é unicamente o coração quebrantado e contrito que é aceitável a Deus, o pecador não pode produzir em si o arrependimento, ou preparar-se para ir a Cristo. A menos que o pecador se arrependa, não pode ser perdoado. A questão que deve ser resolvida, entretanto, é saber se o arrependimento é obra do pecador ou dom de Cristo. Será necessário que o pecador espere até ser tomado de remorsos pelo seu pecado antes de poder dirigirse a Cristo? O primeiro passo em direção de Cristo é dado graças à atração do Espírito de Deus. Ao atender o homem a esse chamado, vai ter com Cristo a fim de que se arrependa.
“O pecador é comparado à ovelha perdida. Esta jamais volta ao redil, a menos que seja procurada pelo pastor e restituída ao aprisco. Por si mesmo, homem nenhum pode arrepender-se, tornando-se digno da bênção da justificação. O Senhor Jesus está constantemente procurando impressionar o espírito do pecador e atraí-lo, a fim de que O contemple, como Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Na vida espiritual, não podemos dar um passo, a não ser que Jesus atraia e fortaleça a alma, levando-nos a experimentar aquele arrependimento que jamais decepciona.
“Quando esteve perante os principais sacerdotes e os saduceus, Pedro apresentou claramente a verdade de que o arrependimento é dom de Deus. Falando de Cristo, ele disse: ‘Deus, com a Sua destra, O elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão dos pecados’. Atos 5:31. O arrependimento, não menos que o perdão e a justificação, é dom de Deus. Não pode ser experimentado a não ser que Cristo o conceda à alma. Se somos atraídos a Cristo, é devido ao Seu poder e virtude. A graça da contrição vem por meio dEle, de quem procede a justificação.” Mensagens Escolhidas, vol. 1,
págs. 390 e 391.
O AGENTE NA OBRA DE SANTIFICAÇÃO
A obra de justificação por meio do que Cristo fez em nosso favor quando esteve na Terra, e do que Ele faz por nós no Santuário Celestial, está intimamente relacionada com a obra que o Espírito Santo está comissionado a realizar em nós.
Perdão e justificação significam uma e a mesma coisa. Quando o crente é perdoado e justificado por Cristo, ocorre o novo nascimento.
“Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no Seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” João 1:12 e 13.
“A velha natureza, nascida do sangue e da vontade da carne, não pode herdar o reino de Deus. Velhos caminhos, tendências hereditárias, hábitos antigos precisam ser abandonados, pois a graça não é herdada. O novo nascimento consiste em ter novos intuitos, novos gostos, novas tendências. Os que, pelo Espírito Santo, são gerados para a vida nova, tornaram-se participantes da natureza divina. Em todos os seus hábitos e práticas evidênciarão sua comunhão com Cristo. Quando homens que alegam ser cristãos retêm todos os seus defeitos naturais de caráter e disposição, então, em que a sua posição difere da dos mundanos? Eles não apreciam a verdade como elemento santificador e refinador. Não nasceram de novo.” Review and Herald, 12 de abril de 1892.
A obra do Espírito Santo é deveras extensa. Ele atua em nós antes, durante e após a justificação. Em primeiro lugar, Ele convida e atrai-nos a Cristo para que sejamos justificados. Então, ao recebermos a Cristo em nossa vida, o Espírito divino, Representante de Cristo, transforma nosso caráter e guia-nos em toda a verdade.
A ligação entre fé (a causa) e as obras (o efeito) é claramente explicada. João 14:12; Efésios 2:8-10; Tito 2:14; 3:8.
Não devemos confundir justificação com santificação, nem subordinar a justificação à santificação. Se forem revertidas as duas experiências, cairemos no erro do Concílio de Trento. A Igreja Católica ensina que o Espírito Santo no ser humano realiza boas obras, para que este seja justificado. Este ensinamento invalida a obra de Cristo na Terra (Sua vida sem pecado e Sua morte na cruz). Torna sem valor, igualmente, a que Ele realiza no Santuário Celeste. Tal doutrina é a obra do anticristo.
“A intercessão de Cristo no Santuário Celestial, em favor do homem, é tão essencial ao plano da redenção como o foi Sua morte sobre a cruz.” O Grande Conflito, pág. 489.
Atenção: Se continuarmos a olhar para nós mesmos, tentando encontrar em nossa vida virtudes que nos tornem dignos de aceitação diante de Cristo, cairemos em grave erro participando do pensamento católico romano acerca da justificação.
Por outro lado, entretanto, não devemos isolar nem separar da justificação a santificação, porque ambas estão de mãos dadas. Uma não atua sem a outra. 1 Coríntios 6:11. Justificação pela fé é mais que um ato forense realizado no tribunal celeste. Fé verdadeira, pela qual obtemos a justificação (Romanos 5:1), opera por amor e purifica a alma. Gálatas 5:6; João 14:15; 1 João 5:3; Romanos 3:31; 1 João 1:9; Tito 2:14; 1 João 3:3; 1 Pedro 1:22; Romanos 2:13.
“O perdão de Deus não é simplesmente um ato judicial pelo qual Ele nos livra da condenação. Não é apenas perdão pelo pecado, mas livramento do pecado. É o ransbordamento de amor redentor que transforma o coração.” O Maior Discurso de Cristo, pág. 114.
“Ser perdoado da maneira como Cristo perdoa não é somente ser absolvido, mas, também, renovado no espírito do nosso entendimento. O Senhor diz: ’Dar-te-ei um coração novo’. A imagem de Cristo deve ser gravada na própria mente, coração e alma. O apóstolo declara: ‘Nós, porém, temos a mente de Cristo’.1 Coríntios 2:16.” Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 190.
O ESPÍRITO SANTO NOS GUIA EM TODA A VERDADE
Lemos em João 16:13: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir.”
Não é essencial que sejamos capazes de definir exatamente o que seja o Espírito Santo. Cristo nos diz que o Espírito é o Consolador, o "Espírito de verdade, que procede do Pai". João 15:26. Declara-se positivamente, a respeito do Espírito Santo, que, em Sua obra de guiar os homens em toda a verdade "não falará de Si mesmo". João 16:13.
A natureza do Espírito Santo é um mistério. Os homens não a podem explicar, porque o Senhor não lho revelou. Com fantasiosos pontos de vista, podem-se reunir passagens da Escritura e darlhes um significado humano; mas a aceitação desses pontos de vista não fortalecerá a igreja. Com relação a tais mistérios - demasiado profundos para o entendimento humano - o silêncio é ouro. Atos dos Apóstolos, págs. 51 e 52.
Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa atuação da terceira pessoa da Divindade, a qual não viria com energia modificada, mas na plenitude do divino poder. É o Espírito que torna eficaz o que foi realizado pelo Redentor do mundo. É por meio do Espírito que o coração é purificado. Por Ele, o crente tornase participante da natureza divina. Cristo deu Seu Espírito como um poder divino para vencer todas as tendências hereditárias e cultivadas para o mal, e para gravar Seu próprio caráter em Sua igreja. Review and Herald, 19 de novembro de 1908.
“O Consolador é chamado ‘o Espírito de verdade’. Sua obra é definir e manter a verdade. Primeiro, Ele habita o coração como o Espírito de verdade. Desse modo, torna-Se o Consolador. Há conforto e paz na verdade, mas nenhuma paz, nem conforto real, pode ser encontrado na falsidade. É por meio de falsas teorias e tradições que Satanás adquire seu domínio sobre a mente. Encaminhando os homens para falsas normas, deforma o caráter.
Por intermédio das Escrituras, o Espírito Santo fala à mente, grava a verdade no coração. Dessa forma expõe o erro, expulsando-o da alma. É pelo Espírito de verdade, operando pela Palavra de Deus, que Cristo submete a Si Seu povo escolhido.
“Descrevendo aos discípulos a obra oficial do Espírito Santo, Jesus procurou inspirar-lhes alegria e esperança que Lhe animavam o próprio coração. Regozijava-Se pelas Suas providências generosas para auxílio de Sua igreja. O Espírito Santo era o mais alto dos dons que Ele podia solicitar do Pai para exaltação de Seu povo.
Seria concedido como agente de regeneração, sem o qual o sacrifício de Cristo não teria sido de proveito nenhum. O poder do mal se estivera fortalecendo por séculos. Alarmante era a submissão dos homens a esse cativeiro satânico.
“Disse Jesus a respeito do Espírito: ‘Ele Me glorificará’. O Salvador veio glorificar o Pai pela demonstração de Seu amor. O Espírito, igualmente, haveria de glorificar a Cristo, revelando ao mundo a Sua graça. A própria imagem de Deus tem que ser reproduzida na humanidade. A honra de Deus, a honra de Cristo, acha-se envolvida no aperfeiçoamento do caráter de Seu povo.
“ ‘E quando Ele, (o Espírito de verdade), vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo’. João 16:8. Sem a contínua presença e ajuda do Espírito Santo, a pregação da Palavra não será de nenhum proveito. Este é o único Mestre eficaz da verdade divina. Somente quando a verdade chega ao coração, acompanhada pelo Espírito, vivificará a consciência e transformará a vida. Alguém pode ser capaz de apresentar a letra da Palavra de Deus, pode estar familiarizado com todos os seus mandamentos e promessas; mas, sem que o Espírito Santo impressione o coração com a verdade, ninguém cairá sobre a Rocha e se despedaçará. Sem a cooperação do Espírito de Deus, a mais esmerada educação e as maiores vantagens não podem tornar uma pessoa veículo de luz. A semeadura da semente evangélica não terá êxito nenhum, a menos que essa semente seja vivificada pelo orvalho do Céu. Antes de ter sido escrito um livro do Novo Testamento, antes de ser pregado qualquer sermão depois da ascensão de Cristo, o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos em oração. Então, seus inimigos deram o testemunho: ‘Enchestes Jerusalém desta vossa doutrina’. Atos 5:28.
“Cristo prometeu à Sua igreja o dom do Espírito Santo. Essa promessa nos pertence, como igualmente pertencia aos primeiros discípulos. Como todas as outras promessas, porém, é concedida sob condição. Existem muitos que crêem e professam reclamar a promessa do Senhor; falam acerca de Cristo e acerca do Espírito Santo. Entretanto, não recebem o benefício. Não entregam a alma para ser guiada e regida pelas forças divinas. Não podemos usar o Espírito Santo. Ele é que deve servir-Se de nós. Mediante o Espírito, Deus opera em Seu povo ‘tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade’. Filipenses 2:13. Muitos, porém, não se submeterão a isto. Querem dirigir a si mesmos. Por isso não recebem o dom celeste. O Espírito é concedido somente aos que esperam humildemente em Deus, que estão atentos à Sua guia e graça. O poder de Deus aguarda que O peçam e O recebam. Essa bênção prometida, reclamada pela fé, traz, após si, todas as outras bênçãos. É concedida segundo as riquezas da graça de Cristo. Ele está pronto a suprir toda alma segundo sua capacidade para receber.” O Desejado de Todas as Nações, págs. 671 e 672.
O BATISMO DO ESPÍRITO SANTO
“A mensagem do terceiro anjo está-se avolumando num alto clamor. Não vos deveis sentir na liberdade de negligenciar o dever atual, e ainda entreter a idéia de que em algum tempo futuro sereis recipientes de grande bênção, quando, sem nenhum esforço de vossa parte, ocorrer maravilhoso reavivamento. Hoje, deveis entregar-vos a Deus, para que Ele vos torne vasos para honra, aptos para Seu serviço. Hoje, deveis entregar-vos a Deus para que sejais esvaziados do próprio eu, esvaziados de inveja, ciúmes, ruins suspeitas, pelejas, tudo quanto seja desonroso para Ele. Hoje, deveis ter purificado vosso vaso a fim de estar prontos para o orvalho celeste, prontos para os aguaceiros da chuva serôdia. Porque a chuva serôdia virá, a bênção de Deus encherá toda alma que estiver purificada de toda contaminação. É nossa obra atual entregar nossa alma a Cristo, a fim de estarmos preparados para o tempo de refrigério pela presença do Senhor – prontos para o batismo do Espírito Santo.” Review and Herald, 22 de março de 1892.
SUMÁRIO
O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Divindade. Sua missão é convencer o ser humano quanto ao pecado, à justiça, ao juízo. Por meio da Palavra de Deus, Ele é o agente principal na transformação do caráter e na implantação da justiça de Cristo na vida do crente.
O Espírito Santo é o Agente de nossa santificação. Ele nos guia em toda a verdade. Também é o Representante de Cristo na Terra.
Diariamente, precisamos do batismo do Espírito Santo, a fim de representarmos o caráter de Deus no mundo.