Cerca do ano 52 Paulo declarou aos crentes em Tessalônica , que o mistério da iniqüidade já estava operando em seus dias ( 2 Tess. 2:3-8 ), esperando oportunidade e circunstâncias favoráveis para o crescimento.
Cerca do ano 60, a caminho de Jerusalém, Paulo convoca os pastores de Éfeso para virem a Mileto. Em sua solene exortação ele os exorta a cuidarem bem do rebanho de Deus, sobre o qual o Espírito Santo os constituiu presbíteros ( pastores ), e depois acrescentou: "Porque eu sei, que depois de minha partida, entre vós, penetrará lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos após si. " Atos 20:30.
Cerca do ano 66 Pedro escreve de uma classe de insubordinados que interpretavam mal o ensino de Paulo sobre a salvação, como também deturpavam as demais Escrituras para sua própria perdição ( 2 Pe. 3:15-17 ).
Perto do final do século, o apóstolo João descreve uma classe de pregadores na igreja inclinados ao misticismo, que entre outras coisas negavam a Encarnação de Cristo e Sua Divindade ( 1 Jo. 2:18-23 ).
Assim o processo de corrupção da fé ia surgindo e pouco a pouco se fortalecendo, de vários setores dentro da igreja:
Os conversos ao cristianismo vieram de vários setores e classes do paganismo : Filósofos, comerciantes, camponeses, da classe pobre e da classe rica. Vieram de diferentes filosofias da vida cultural social e religiosa do paganismo. Receberam iluminação com respeito à verdade, foram convencidos, aceitaram a fé: "Tornaram-se participantes da obra do Espírito Santo no coração; provaram a boa Palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro. "Hb. 6:4,5. E, pela graça de Deus, não poucos deles conservaram a fé primitiva até o fim, e mesmo até o martírio.
Mas uma classe entre esses milhares de conversos, pouco a pouco foi perdendo as impressões da verdade como ela é descrita nas Escrituras. Perderam a simplicidade da fé, e os antigos princípios de sua educação anterior, pareciam harmonizar-se e mesmo fundir-se com os princípios do evangelho. Esta classe começou a interpretar as claras doutrinas da fé, da expiação de Cristo na cruz, da Divindade e humanidade de Cristo, os requisitos dos Dez Mandamentos, o estado pecaminoso natural no coração do não convertido, etc - tudo foi interpretado sob a luz do misticismo da filosofia grega e de modo especial de Platão - na tentativa de mesclar a Bíblia e sua doutrina com os ensinos dos filósofos e princípios do misticismo grego. Não poucos foram enredados nessas vãs filosofias.
Quatro Escolas Teológicas formaram missionários e moldaram a fé dos cristãos durante os Séculos II, III, IV, e V. A Escola de Alexandria; a Escola da Ásia Menor: a Escola de Antioquia e a Escola do Norte da África. Hurst, em sua História Eclesiástica, descreve os princípios dessas escolas e a influência que exerceram:
A ESCOLA DE ALEXANDRIA
"A primeira dessas escolas foi de Alexandria. Seu modelo estava fundamentado na escola filosófica grega. A opinião mais provável da origem da escola de Alexandria é que ela foi criada como uma instituição de catequese, onde jovens e adultos que recentemente assumiram os votos cristãos eram instruídos nos princípios da igreja cristã.
"A elaborada exegese da escola de Alexandria, enfatizava o ensino oral no ensino filosófico grego. Não havia espaço para o estudo do registro das Escrituras. A Bíblia para os mestres dessa escola era meramente um monte de pedras polidas, e o arquiteto pode construir mediante elas qualquer templo que seu gosto pela alegoria pudesse sugerir.
"O período de atividade da escola de Alexandria, cobriu cerca de dois séculos, desde meados do Século II ao século IV. Pantaenus e Clemente permaneceram à frente no Século II. Orígenes, Heracles e Dinísio, no Século III, Dídimi, o cego, no Século IV. Em acréscimo a estes precisamos incluir Gregory Taumaturge, Petras, Pamfilo e Eusébios.
"Pantaenus foi o fundador da escola de Alexandria. Era de Atenas e antes de abraçar o cristianismo era um filósofo estóico. Tinha um zelo ardente de um evangelista. Fez um giro pela Índia cerca do ano 190.
"Clemente de Alexandria escreveu muitas obras e exerceu grande influência.
"Orígenes foi o mais ilustre professor da escola. Ele reconhecia no Platão reavivado uma poderosa ajuda para o cristianismo. Usou a filosofia grega como uma plataforma pela qual atraía seus ouvintes para o templo do evangelho. Tinha grande popularidade na Síria. Sua influência e filosofia moldou centenas e centenas de missionários.
"Orígines cria que em todo o mundo abundava a verdade; que faíscas da verdade haviam caído sobre todas as nações e animado todas as melhores religiões. Cristianismo, de acordo com Orígenes, é o conquistador universal. Em qualquer campo hostil a verdade pode ser encontrada, e que ela seja então apropriada e usada para novas conquistas. "
Esta filosofia teológica altamente especulativa, formaria a consciência de centenas de missionários e exerceria grande influência sobre a interpretação da Bíblia e suas doutrinas. Esta foi uma fonte de corrupção da fé cristã e da apostasia de muitos e da introdução de princípios e festividades do paganismo rebatizadas com vestes de cristianismo que penetrou na professa igreja cristã nos séculos que se seguiram.
A ESCOLA DA ÁSIA MENOR
"A Ásia Menor constituía um grupo de escritores e professores de Teologia. Não havia um centro formal de educação teológica. Aquela região fora distinguida desde o apóstolo Paulo por sua fidelidade à doutrina e disciplina na igreja.
"No Século II entre os seus homens mais eminentes e notáveis destacam-se: Policarpo, Papias, Melito de Sardes, Hegesippo. A inclinação teológica enfatizava a fé primitiva e apostólica. No Século III tornou-se um forte baluarte contra as filosofias gnósticas. Irineo, Hopolito e Júlio Africano, foram os principais representantes da Ásia Menor.
A ESCOLA DE ANTIOQUIA
A Escola Teológica de Antioquia, estava engajada principalmente na doutrina teológica e na busca da exegese correta do Texto Sagrado.
"Esta escola distinguiu-se por desenvolver a faculdade do raciocínio na compreensão das questões doutrinárias e pelo zelo em propagar as duas naturezas separadas de Cristo. Seus fundadores foram Doroteu e Luciano. Doroteu foi grande teólogo exegético e morreu cerca no ano 290. Luciano prestou o serviço de uma nova edição crítica da Septuaginta, e morreu como mártir na Numidia cerca do ano 311 na perseguição de Maximino.
"O período de prosperidade da escola de Antioquia extende-se de 300 a 429. Destacam-se como seus representantes principais: Teodoro, Eusébio de Emessa, Ciril Apollinaris, Efraem, Diodoro, João Crysostom e Teodoro Mopsuetica.
"Desde Antioquia outras escolas foram estabelecidas, e a principal delas foi Edessa na Mesopotâmia.
A ESCOLA DO NORTE DA ÁFRICA
"A Escola do Norte da África moldou a teologia Latinas até as primeiras décadas do Século III. A igreja ocidental olhava mais para Cártago do que para Roma em questões de fé. Tertuliano, cujas primeiras obras foram em grego foi o principal agente do desenvolvimento dessa escola. Sua fama entre as igrejas alcançava também o oriente.
"Tertuliano, Cipriano, Manucius Félix, Arnobios e Lactancio, constituem seus principais representantes. O período de prosperidade desta escola estende-se do ano 200 à morte de Lactancio em 330 d. C. "
A vida é moldada pela fé. Uma fonte doutrinária saudável forma cristãos que permanecem na plataforma da verdade. Em grande medida este foi o legado da escola de Antioquia, da Ásia Menor e da escola do Norte da África até a morte de Tertuliano. Uma fonte doutrinária filosófica, especulativa molda cristãos fundamentados na tradição humana, na filosofia grega e na mescla de princípios do paganismo. Este foi o legado da Escola de Alexandria, da escola do Norte da África depois da morte de Tertuliano.
A CRESCENTE INFLUÊNCIA DO BISPO DE ROMA
Pouco a pouco o Bispo de Roma foi se erguendo em prestígio e influência. Especialmente a partir do bispo Victor, cerca do ano 200, força e vigor ia sendo acrescentada às ambições de predomínio do bispo de Roma, que posteriormente foram fundamentadas na conversão nominal de Constantino ( 311-335 ), e concretizadas pelo edito do imperador Justiniano em 533, proclamando o bispo de Roma como: "O cabeça das igrejas e o corregedor dos hereges. "
Nos Séculos II e III, as sementes foram semeadas daqueles dogmas e tradições que posteriormente foram aceitos pelo cristianismo nominal e formaram o arcabouço do cristianismo durante toda a Idade Média. Nos Séculos II e III, aqueles que estavam sendo moldados por princípios errôneos de fé e interpretação filosófica das Escrituras, foram levados a aceitar aquele falso cristianismo que predominou a partir do Século IV: Confiar na observância externa de cerimônias; mesclar princípios do cristianismo com princípios do paganismo.