

Neste artigo apresentamos alguns registros de historiadores sobre Pedro Valdo.
O Historiador Mosheim
- De todos os movimentos religiosos que surgiram no Século XII, nenhum se distinguiu tanto pelo valor que adquiriu, pela multidão de seus adeptos, e o testemunho que seus mais implacáveis inimigos deram da integridade e inocência de seus membros, do que o movimento de Pedro Valdo.
Esta seita era conhecida por diferentes nomes. Do lugar onde primeiramente apareceram, seus membros eram chamados de Homens Pobres de Leon, ou Leonista; também eram chamados de Insabbatati.
A origem desta famosa seita foi a seguinte: Pedro era um rico comerciante de Leon, denominado Valdensis ou Valdesimo, de vaux ou valdum, uma cidade no distrito de Leon. Era extremamente zeloso pelo progresso da verdadeira piedade e conhecimento cristão. Por volta do ano 1160 ele empregou um certo sacerdote, na tradução do latim para o francês dos Quatro Evangelhos - com outros livros das Escrituras Sagradas, e as mais notáveis frases dos antigos doutores, que eram altamente estimados neste século.
Mas tão logo ele examinou estes livros sagrados com um apropriado grau de atenção, - e ele percebeu que a religião que estava sendo ensinada pela igreja romana, diferia totalmente daquela que fora originalmente inculcada por Cristo e Seus apóstolos. Chocado com esta flagrante contradição entre as doutrinas dos pontífices e as verdades do evangelho, e animado com piedoso zelo de promover sua própria salvação e a dos outros, ele abandonou sua vocação comercial, distribuiu suas riquezas entre os pobres, - formando uma associação com outros homens piedosos que tinham adotado seus sentimentos e compreensão da piedade.
Pedro Valdo começou então a assumir a qualificação de um pregador público e instruir multidões nas doutrinas e preceitos do cristianismo. O arcebispo de Leon e outras ordens da igreja naquela província combateram com vigor, a este novo pregador no exercício de seu ministério.
Mas a oposição deles revelou-se infrutífera, pois a pureza e simplicidade daquela religião que estes bons homens ensinavam; a imaculada inocência que brilhava de suas vidas e ações; e o nobre desapego das riquezas e honras manifestadas na sua conduta e conversação, revelaram-se tão marcantes a todos que retinham qualquer senso de verdadeira piedade, - que seus discípulos e seguidores aumentavam dia após dia.
Eles, portanto, formaram assembléias religiosas, primeiramente na França e posteriormente na Lombardia, - de onde eles propagaram sua doutrina através de outras doutrinas da Europa, com inacreditável rapidez e com tão invencível força, - que nem fogo ou espada, nem tampouco as mais cruéis invenções da implacável perseguição, puderam enfraquecer seu zelo ou abater sua causa. -
T. Fenwick, historiador Valdense
- No Século XII, apareceu Pedro Valdo, um rico comerciante de Leon na França. Ele foi chamado Valdo do lugar de seu nascimento no marquisato de Leon. Mediante seus estudos das Escrituras, ele foi levado a aceitar um cristianismo mais puro daquele encontrado na igreja de Roma - a igreja que ele fora educado.
Tendo dividido sua propriedade entre os pobres, ele reuniu em torno de si alguns outros homens piedosos, e começaram a pregar as doutrinas que havia aprendido das Escrituras. O arcebispo de Leon e outros homens da igreja, começaram a combatê-lo. Como Pedro não ficava quieto teve que deixar Leon.
Pedro Valdo visitou então vários lugares, pregando por onde quer que ia, e as pessoas que se convertiam em geral eram chamadas pelo seu sobrenome, valdenses. -
Perrin e outros historiadores
-Deus nunca ficou sem testemunhas. De tempos em tempos Ele levantava instrumentos para publicar Sua graça, outorgando-lhes com os dons necessários para a edificação de Sua igreja; dando-lhes o Espírito Santo para guiá-los, e Sua verdade para governá-los.
E através destes meios podemos distinguir a igreja que começou com Abel, daquela que começou com Caim. Deus também ensinou Seus instrumentos a definir a igreja pela fé - e a fé pelas Escrituras Sagradas.
Em meio das mais sangrentas perseguições, Ele os fortaleceu, levando-os a contemplar a Jesus e ver que suportar provas por amor do Salvador é proveitosa, mesmo que tenha que perder as coisas deste mundo. Pois os filhos de Deus quando massacrados e queimados por juízos corruptos não estão esquecidos, pois no sangue dos mártires encontramos a semente da igreja.
O que pode ser observado em todos os séculos tem sido de modo mais notável presenciado entre os cristãos chamados de os Homens Pobres de Leon, que foram suscitados em um tempo quando Satanás mantinha as pessoas em ignorância. Satanás havia corrompido a maior parte daqueles que a si mesmo se chamavam cristãos, envolvendo-os na idolatria. Reis e príncipes empregavam sua autoridade para estabelecer a idolatria( Apc. 17:12,13,17 ), e levar a morte todos aqueles que não se tornassem idólatras.
Cerca do ano 1160 d. C, era um crime capital para qualquer pessoa não crer e aceitar que - depois da consagração pronunciada pelo sacerdote, o próprio corpo de nosso Senhor Jesus Cristo estava presente na hóstia, inclusive aquele mesmo corpo que foi pendurado na cruz; desaparecendo o pão, e sendo transubstanciado no corpo real de Cristo.
Além disso a adoração da hóstia foi imposta. Em honra hóstia, eles adornavam as ruas através dos quais a hóstia era levada em procissão, com flores e altar, diante do qual as multidões se ajoelhavam, adorando e chamando a hóstia seu Deus. Os devotos supersticiosos batiam em seu peito e choravam, como ainda é costume entre os papistas até o tempo presente.
Essa doutrina era desconhecida pelos apóstolos. Era igualmente desconhecida pelas igrejas primitivas, que nunca ensinaram que um sacrifício expiatória estava sendo agora feito pelos vivos e mortos.
Por causa disso muitos cristãos escolheram antes a morte temporal, resistindo tal idolatria, do que aceitar este culto idólatra e finalmente perder sua salvação.
Pedro Valdo, um cidadão de Leon, demonstrou-se muito corajoso em combater aquela invenção profana. Também atacou várias outras corrupções que haviam sido adotadas pelos sacerdócio romano, pois ele afirmava que:
* Os papistas haviam deixado de lado a fé de Jesus;
* A igreja de Roma é a prostituta de Babilônia, e como a figueira estéril amaldiçoada por Cristo;
* O papa não deve ser obedecido pois ele não é a cabeça da igreja;
* O monastério (os monges) é uma coisa abominável;
* Votos monásticos são o caráter e marca da besta;
* Purgatório, missas, dedicação de templos, adoração dos santos e comemoração dos mortos, são apenas invenções do diabo e fruto da avareza.
Pedro Valdo foi ouvido com grande atenção, pois era estimado por sua erudição e piedade, e grande benevolência em relação aos pobres. Pois ele não apenas os nutria com alimento físico, mas igualmente nutria suas almas com o pão espiritual, exortando-os principalmente a buscar o Senhor Jesus, o verdadeiro Pão de suas almas. - Ver Guido de Perpignan, Flower of Chronicles; Sea of Histories, 203; Claudius Rubis, History of the City of Lyons, p. 269.
Historiadores registram que Pedro Valdo tomou a resolução de viver uma vida pura, assemelhando-se o quanto possível à vida dos apóstolos, por causa de um repentino e tremendo acidente:
Estando um dia em companhia com alguns de seus amigos depois da janta, enquanto estavam conversando, um do grupo instantaneamente caiu morto, o que aterrorizou todos os presentes. Valdo foi o mais sensivelmente afetado. E por meio desse episódio ele foi estimulado a fazer uma extraordinária reforma, dedicando seu tempo em ler as Escrituras Sagradas, procurando ali a salvação. Ao mesmo tempo ele continuava a instruir os pobres que se ajuntavam a ele em busca de benevolência. ( Ver Louis Camerareus; History of the Orthodox Bretheren of Bohemia, p. 7. - Guide Perpignan Flower of Chorniels.
O arcebispo de Leon, John de Belse Mayons, tendo sido informado que Valdo fez profissão de ensinar o povo, e que ele resolutamente condenava os vícios, luxo, arrogância dos papas e seu clero, o proibiu de ensinar. O prelado declarou que Valdo era apenas um leigo, e que estava ultrapassando os limites de sua condição, portanto ele devia restringir-se dentro desta proibição, sob pena de excomunhão e de ser processado como um herege. - Ver Catalogue of the Witnesses of the Truth, p. 535; - Simon de Voin - Names of Doctors of the Church.
Pedro Valdo respondeu que não podia ficar quieto em assunto de tão grande importância como o era a salvação dos homens; e que ele preferia antes obedecer a Deus que o havia incumbido de pregar, do que o homem que o havia ordenado de ficar em silêncio.
Por causa dessa resposta o arcebispo procurou prendê-lo. Mas Pedro Valdo viveu oculto emLeon, sob a proteção de seus amigos, por cerca de três anos. O papa Alexandre III, tendo ouvido que em Leon algumas pessoas punham em dúvida sua soberana autoridade sobre toda a igreja, e temendo que isso fosse o começo de uma rebelião contra sua suprema dignidade, promulgou um anátema contra Pedro Valdo e todos os seus adeptos. O papa também ordenou o arcebispo combatê-los pelas censuras eclesiásticas, até a total extirpação.
Claudius Rubis afirma que Pedro Valdo e seus discípulos foram inteiramente afugentados de Leon; e Albert de Capitaneis diz que eles não puderam ser extirpados. Pouco mais sabemos desta primeira perseguição, exceto que aqueles que fugiram de Leon, seguiram a Valdo, e posteriormente se dispersaram em diversos grupos e lugares. -( Claudius Rubis, History, p. 269; Albert de Capitaneis, Original of the Vaudois ).