

Todas as profissões possuem desafios que são próprios do ofício. Em atividades como medicina, psicologia, enfermaria, professorado, vendas e outras que demandam servir as pessoas o desgaste físico, mental e emocional parece ser mais acentuado.
Um dos erros mais comuns dos missionários é esperar que o tempo de descanso e renovação apareça sozinho. É necessário tomar o controle do calendário com antecipação. As atividades que provocam efeito calmante na vida variam de acordo com o gosto de cada um: ler um bom livro, passar tempo com a família, praticar algum passatempo simplesmente pelo prazer que proporciona, passear ou viajar para visitar amigos e familiares, etc.
Os evangelhos mencionam que Jesus se afastava com frequência a lugares solitários para orar (Lc 5:16) Uma das ironias de trabalhar na obra do Senhor é que não temos tempo para o Senhor da obra. Temos a tendência a acreditar que o serviço de Deus nos supre as necessidades espirituais quando a verdade é que o ministério nos suga recursos espirituais que precisam ser repostos. Se não estiver frequentando seu ‘cantinho da comunhão’, o missionário perceberá uma diminuição de conteúdo espiritual a passar para sua congregação.
As demandas do ministério podem desencadear sérios sintomas de esgotamento
Todas as profissões possuem desafios que são próprios do ofício. Em atividades como medicina, psicologia, enfermaria, professorado, vendas e outras que demandam servir as pessoas o desgaste físico, mental e emocional parece ser mais acentuado.
O esgotamento também é uma realidade que afeta os que trabalham diretamente envolvidos na obra da igreja. Um número importante de pastores, obreiros, colportores, professores, tesoureiros, etc. acabam tendo um desempenho aquém do seu potencial porque alcançaram um grau de cansaço físico e mental extremo. A maioria não abandona seu trabalho, porém seu estilo de trabalho se transforma em um “tampar buracos” e manter o seu trabalho numa posição medianamente aceitável. Grandes empreendimentos e ousados métodos de trabalho são evitados nessa situação.
O esgotamento, no entanto, não significa o fim da carreira na obra. É possível seguir alguns passos antes que a situação se torne crônica.
Saiba para quem trabalha
Trabalhar para Deus, para a liderança ou para os membros da igreja?
Geralmente o missionário acaba tendo esses três focos de trabalho, lutando para agradar cada uma das partes.
Existe uma pressão muito grande por ‘agradar’ a liderança e promover um bom conceito do seu trabalho dentro da instituição. Evitar ‘queimar’ o bom nome cria a sensação de estabilidade de emprego e crescimento da utilidade dentro do corpo missionário.
Ter um relacionamento agradável com os membros da igreja é um outro aspecto da pressão diária de quem trabalha na obra. Se existirem pessoas contrárias a métodos ou ideologias de trabalho do missionário, este se vê pressionado a ter que trabalhar sem apoio e o desespero de não estar desenvolvendo um trabalho que seja minimamente aceito pela congregação é extenuante.
Estar em sintonia com a liderança e trabalhar em conjunto com o povo são requisitos muito importantes. Ter a aprovação deles é vital para um bom ministério. Porém, lembre-se: Você não trabalha PARA a liderança, você trabalha COM eles. Você não trabalha PARA os membros, você trabalha COM eles.
O mesmo conceito vale para o nosso relacionamento com Deus. Muitos líderes sentem que trabalham PARA um Deus severo que não deixa de colocar exigências sobre suas vidas. Trabalhar com esse conceito torna a carga insuportável.
O chamado ministerial, no entanto, é o de trabalhar não só PARA o Senhor, mas especialmente COM Ele. Paulo aponta que a nossa vocação é caminhar ‘para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas’. (Ef 2:10) Quando Jesus convidou os doze a que fizessem discípulos de todas as nações, lembrou-lhes que estaria COM eles, até o fim dos séculos. (Mt 28:20)
Reconhecer que a carga mais pesada da obra descansa sobre os ombros de Deus deve trazer alívio e conduzir a um estilo de trabalho mais confiante. Nosso foco não será agradar pessoas (missão impossível) Nossa missão consiste em trabalhar confiantes sabendo que não é o nosso desesperado esforço que faz avançar o reino, mas sim nossa disposição em criar as oportunidades necessárias para que Deus trabalhe.
Planeje tempos de descanso

O grande desafio é que são justamente estas atividades consideradas ‘de segunda importância’ No momento em que acha choque de datas sempre as atividades ministeriais irão vencer.
Não devemos cometer o erro de considerar que tais atividades de lazer e descanso são ‘pouco espirituais’ ou ‘menos espirituais’ que as atividades costumeiras do ministério. O espírito se alimenta, geralmente, desses momentos que costumamos não associar com uma vida produtiva. Com o passar do tempo percebemos que são estas atividades que trazem maior riqueza aos nossos relacionamentos e à nossa missão.
Divida a carga
Deus não nos configurou com a capacidade de carregar sós as cargas da vida. Quando Jesus enviou seus discípulos para o campo missionário o fez de dois em dois, deixando assim um importante modelo para o ministério. Mesmo assim, muitos pastores e líderes escolhem viver em solidão, convencidos de que não tem pessoas que os compreendam ou que tenham capacidade de entender suas cargas. Geralmente quanto maior a posição que ocupa um missionário, maior o isolamento que cria das pessoas ao seu redor.
Convenhamos que as relações de confiança não surgem do dia para a noite. Requer um esforço disciplinado ter amizades verdadeiras e tomar a iniciativa de se aproximar de outros. O resultado, porém, de ter alguém de confiança com quem dividir as cargas, vale o esforço. A amizade pode ser com um colega que passa por situações semelhantes as nossas. Em outros casos pode ser uma benção estabelecer ligação com um mentor, uma pessoa mais experiente em quem é possível buscar sabedoria e orientação. Também é possível encontrar entre membros leigos pessoas compreensíveis e de confiança.
Quem seja a pessoa que o acompanhe, não deixe de dar prioridade a esta relação.
Cultive as disciplinas espirituais

O apóstolo Paulo exorta a Timóteo que guarde, mediante o Espírito Santo, o tesouro a ele encomendado. (2Tm 1:14) Entendia que é fácil começar a carreira com paixão e entusiasmo, mas é mais difícil terminar bem. O líder que não renova sua relação com o Senhor acabará sendo sufocado pelo desanimo, a amargura e o ressentimento, pois são muitas as vezes em que pessoas o usarão para seu próprio benefício.
Abençoe os que o criticam
As críticas e as acusações injustas são uma das experiências mais difíceis de processar no ministério. A frágil autoestima de muitos missionários não lhes permite assimilar de forma adequada a oposição e a crítica. A sensação de colher desprezo e ingratidão quando tudo tem sido feito com sacrifício pode gerar ressentimento e amargura no coração.
A Bíblia nos aconselha nesse sentido a confiarmos no Senhor nossa reputação e o resultado do nosso trabalho. “Porque o Senhor Soberano me ajuda, não serei constrangido. Por isso eu me opus firmemente como pederneira, e sei que não serei envergonhado. Aquele que defende o meu nome está perto. Quem então trará acusações contra mim? Encaremo-nos um ao outro! Quem é meu acusador? Que ele me enfrente!” Is 50:7,8 NVI
Um dos melhores métodos de defender-se do impacto das críticas é orar por quem está criticando, pedindo ao Senhor que nos ensine a amá-los como Ele nos ama. Medite nas críticas que lhe são dirigidas e deixe passar um tempo antes de oferecer resposta, para poder fazê-lo com mansidão e humildade. A presa em defender o bom nome ou a justa causa muitas vezes abre as portas para que se pronunciem palavras que machucam e pioram a situação.
Um dos melhores conselhos que já recebi disse: ‘Não leve muito a sério os elogios e não leve muito a sério as críticas’. Ambos têm o seu lugar na nossa vida, mas se nos detemos demais para analisá-los, podemos perder o foco.
Conclusão
O esgotamento é fruto de um processo que se dá ao longo do tempo. Seu crescimento é, muitas vezes, imperceptível e lento. Essa característica o torna perigoso, mas também oferece a oportunidade de efetuar mudanças que revertam o processo. Se estiver notando certo grau de desânimo e fadiga no seu ministério, uma intervenção certa e o exercício de disciplinas adequadas podem permitir que o seu sucesso no ministério se estenda por mais tempo. Atentemos para esses conselhos e para o convite do supremo pastor: "Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas”. Mt 11:27 NVI.