

Colocado à frente de uma nação estabelecida como luz para as nações circunvizinhas, Salomão poderia haver trazido grande glória ao Senhor do Universo por meio de uma vida de obediência. Poderia ter animado o povo de Deus a evitar os males que eram praticados nas nações ao seu redor. Poderia ter usado a sabedoria dada por Deus e o poder da influência na organização e direção de um grande movimento missionário para iluminar os que ignoravam a Deus e Sua verdade. Assim multidões poderiam ter sido ganhas para a lealdade do Rei dos reis.
Satanás bem sabia os resultados que se seguiriam à obediência e durante os primeiros anos do reinado de Salomão — anos gloriosos em razão da sabedoria, beneficência e retidão do rei — procurou introduzir influências que insidiosamente haviam de minar a lealdade de Salomão aos princípios e fazê-lo separar-se de Deus. E que o inimigo foi bem-sucedido nesse esforço, sabemos pelo relato: "Salomão fez aliança com Faraó, rei do Egito, e tomou por mulher a filha de Faraó. Trouxe-a à cidade de Davi" 1 Reis 3:1.
Ao formar aliança com uma nação pagã e selar o pacto por meio de casamento com uma princesa idólatra, Salomão rejeitou temerariamente as sábias providências que Deus havia tomado para manter a pureza de Seu povo. A esperança de que sua esposa egípcia se convertesse era apenas uma débil desculpa ao pecado. Na transgressão de uma ordem direta de permanecer separado de outras nações, o rei uniu sua força ao braço da carne.
Por algum tempo, Deus em Sua compassiva misericórdia passou por alto esse terrível erro. A esposa de Salomão se converteu; e o rei, por sábia conduta, poderia ter feito muito mais para enfrentar as terríveis forças que sua imprudência havia desencadeado. Mas Salomão começou a perder de vista a Fonte de seu poder e glória. A inclinação alcançou ascendência sobre a razão. Aumentando sua confiança própria, procurou executar à sua maneira os desígnios do Senhor. Racionalizava que as alianças políticas e comerciais com as nações circunvizinhas levariam essas nações ao conhecimento do verdadeiro Deus, e por isso entrou em ímpia aliança com uma nação após outra. Não raro essas alianças eram seladas por meio de casamentos com princesas pagãs. As ordens do Senhor Jeová foram postas de lado em favor dos costumes dos povos ao redor.
Durante os anos da apostasia de Salomão, o declínio espiritual de Israel foi rápido. Como poderia ter sido diferente, se o seu rei se unira com agentes satânicos? Por meio desses agentes o inimigo operou para confundir a mente do povo no tocante à verdadeira e à falsa adoração. Tornaram-se presa fácil. Passou a ser comum o casamento com os pagãos. Os israelitas perderam rapidamente sua aversão à idolatria. Adotaram-se costumes pagãos. Mães idólatras levavam seus filhos a observar rituais pagãos. A fé dos hebreus depressa se foi tornando uma mescla de idéias confusas. O comércio com outras nações colocou os israelitas em íntimo contato com os que não tinham amor a Deus, e o seu próprio amor a Ele foi grandemente diminuído. Tornou-se amortecido seu aguçado senso do elevado e santo caráter de Deus. Recusando-se a seguir a senda da obediência, transferiram sua lealdade para Satanás. O inimigo regozijou-se com seu êxito em obliterar a imagem divina da mente do povo que Deus havia escolhido como Seus representantes. Por meio de casamentos exogâmicos com idólatras e constante associação com eles, Satanás realizou aquilo pelo que durante muito tempo havia trabalhado: uma apostasia nacional.
Alianças Não Bíblicas
O Senhor deseja que Seus servos preservem seu caráter santo e peculiar: "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis", é a Sua ordem; "pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Pois vós sois santuário do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei, e Eu serei o seu Deus e eles serão o Meu povo. Pelo que saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor. Não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei. Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor TodoPoderoso." 2 Coríntios 6:14-18.
Jamais houve um tempo na história da Terra em que essa advertência fosse mais apropriada do que no tempo presente. Muitos professos cristãos acham, como Salomão, que podem unir-se com os infiéis, porque sua influência sobre os que estão em erro será benéfica; mas com muita freqüência, enredados e vencidos, traem sua sagrada fé, sacrificam princípios e se separam de Deus. Um passo em falso leva a outro até que por fim se colocam onde não podem esperar romper as cadeias que os prendem.
Grande cuidado devem exercer os jovens cristãos na formação de amizades e na escolha de companheiros. Estai atentos para que o que agora pensais ser ouro puro não se demonstre metal vil. Associações mundanas tendem a colocar obstáculos no caminho de vosso serviço a Deus, e muitas almas são arruinadas por uniões infelizes, quer em negócios quer no matrimônio, com os que jamais podem elevar ou enobrecer. Jamais deve o povo de Deus aventurar-se em terreno proibido. O casamento entre crentes e incrédulos é proibido por Deus. Com freqüência, porém, o coração inconverso segue seus próprios desejos e se realizam casamentos não sancionados por Deus. Por causa disto, muitos homens e mulheres estão sem esperança e sem Deus no mundo. Suas nobres aspirações estão amortecidas; por uma cadeia de circunstâncias são retidos na rede de Satanás. Os que são governados por paixão e impulso terão amarga messe a ceifar nesta vida e sua conduta pode resultar na perda de sua alma.
A Obra Institucional
Os que são colocados à frente das instituições do Senhor precisam muito da força, graça e poder mantenedores de Deus, para que não andem contrariamente aos sagrados princípios da verdade. Muitos, muitos mesmo, são tardos de compreensão no que se refere a sua obrigação de preservar a verdade em sua pureza, não contaminada por um só vestígio de erro. O perigo que os ameaça consiste em conservarem a verdade em pouca estima, deixando assim nas mentes a impressão de que pouco importa o que cremos se, ao executarmos planos de invenção humana, podemos exaltarnos perante o mundo como detentores de uma posição superior, como ocupando o lugar mais alto. Deus chama homens cujo coração seja tão fiel como o aço, que permaneçam firmes na integridade, indômitos às circunstâncias. O senhor chama homens que permaneçam separados dos inimigos da verdade. Chama homens que não ousem recorrer ao braço carnal entrando em sociedade com os mundanos, a fim de conseguir recursos para o avanço da Sua obra — mesmo para a construção de instituições. Devido a sua aliança com incrédulos, Salomão obteve grande quantidade de ouro e prata. Sua prosperidade, porém, demonstrou-se sua ruína. Os homens da atualidade não são mais sábios do que ele, e estão igualmente sujeitos a ceder às influências que causaram sua derrota. Durante milhares de anos Satanás esteve adquirindo experiência na arte de enganar; e, aos que vivem nesta geração, apresenta-se ele com poder quase irresistível. Nossa única esperança consiste em obedecer à Palavra de Deus, a qual nos foi dada como guia e conselheiro infalíveis. O povo de Deus hoje deve manter-se distinto e separado do mundo, de seu espírito e de suas influências.
"Saí do meio deles, apartai-vos." 2 Coríntios 6:17. Ouviremos a voz de Deus e obedeceremos, ou faremos parcialmente a obra em questão, procurando servir a Deus e a Mamom? Há importante obra diante de nós. Pensamentos corretos e propósitos puros e santos não nos vêm espontaneamente. Temos que lutar por eles. Os puros e santos princípios devem lançar raízes em todas as nossas instituições, casas editoras, colégios e sanatórios. Se nossas instituições forem o que Deus deseja que sejam, seus funcionários não se amoldarão às instituições mundanas. Elas permanecerão peculiares, governadas e controladas pela norma bíblica. Não se harmonizarão com os princípios do mundo para obter patrocínio. Motivo algum terá suficiente força para movê-las do retilíneo caminho do dever. Os que se acham sob o controle do Espírito de Deus não buscarão seu próprio prazer ou divertimento. Se Cristo reinar no coração dos membros de Sua Igreja, eles atenderão ao apelo: "Saí do meio deles, apartai-vos", "para que não sejais participantes dos seus pecados." 2 Coríntios 6:17; Apocalipse 18:4.
Deus quer que aprendamos a solene lição de que estamos elaborando nosso próprio destino. O caráter que formamos nesta vida decide se estamos ou não aptos para viver pelos séculos eternos. Ninguém pode com segurança tentar servir a Deus e a Mamom ao mesmo tempo. Deus é plenamente apto a conservar-nos no mundo, sem que pertençamos ao mundo. Seu amor não é incerto nem inconstante. Ele sempre vigia sobre Seus filhos, com cuidado imenso e eterno. Requer, porém, que Lhe demos nossa lealdade exclusiva. "Ninguém pode servir a dois senhores. Ou há de odiar a um e amar o outro, ou se devotará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas." Mateus 6:24.
Salomão foi dotado de maravilhosa sabedoria, mas o mundo o desviou de Deus. Precisamos guardar nossa alma com toda diligência, para que os cuidados e as atrações do mundo não absorvam o tempo que deve ser dedicado às coisas eternas. Deus advertiu Salomão de seu perigo, e hoje nos adverte a não pôr em perigo nossa alma por afinidade com o mundo. "Pelo que saí do meio deles", pede o Senhor, "e apartai-vos. . . Não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei. Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso." 2 Coríntios 6:17, 18.