

O que é religião para você? Um conjunto de regras que ditam seu comportamento diante da sociedade? É ir ao culto ao sábado ou domingo vestindo a melhor roupa para estar “adequado” ao grupo dos “melhores” membros de uma igreja e assim mostrar a todos que Deus se agrada de você?
A religião que você professa tem te aproximado de Deus e do próximo? Você está se transformando em um alguém verdadeiramente amável, íntegro, honesto, compreensivo, humilde, sensível, diferente, sábio e fiel? Ou você usa sua religião para dizer que é bom, salvo e puro, enquanto condena o seu próximo por meio do olhar e pensamento?
Você diz que é fiel. Não trai seu cônjuge fisicamente, mas se relaciona virtualmente, emocionalmente e olha com má intenção quem não lhe pertence? Você gasta rios de dinheiro com salão, roupas e sapatos caros para ir à igreja para se exibir diante dos irmãos, mas visita os órfãos, dá comida aos famintos e leva alívio aos atormentados? Ou quando vê alguém mal vestido, sujo e faminto você se afasta e pensa: “Deus tenha piedade!” ou “Vagabundo, vai trabalhar!”, e sai achando que é bom demais para se envolver com o miserável? Ou você é um exemplo de bondade na rua, mas dentro de casa é o terror de seus filhos e esposa (o)?
Você diz que ama a Deus, mas quando as crises tenebrosas aparecem em sua vida, você O culpa e quando a abonança chega você O esquece? Você diz que ama ao próximo, mas só sabe pagar na mesma moeda? É cristão, mas a mão e a língua não são? Posta lindas fotos com os amigos da igreja, mas escreve indiretas ofensivas aos seus inimigos na rede social e os xinga em pensamento?
Meu objetivo não é dizer o que você deve ou não fazer. A religião já faz isso. Não quero também de forma alguma desvalorizar a religião, até porque reconheço seu valor e tenho minhas convicções. Mas, o que quero ressaltar é que se você se acha melhor do que o outro porque vai à igreja, devolve dízimo, canta, prega, ora, se alimenta adequadamente, se veste de forma descente diante da sociedade e guarda a Lei, você está perdendo seu tempo na igreja. Enquanto seres humanos, somos sujos, maus e doentes sem Deus. Devemos ser mais do que bons membros de igreja. Precisamos aprender a amar de verdade a Deus e as pessoas.
Certa vez, um jovem rico perguntou a Cristo o que deveria fazer para ser salvo. Jesus respondeu que ele deveria guardar a Lei. O jovem se sentiu “o cara” e disse que já fazia isso. Cristo então acrescentou: “Vai, vende tudo o que têm e dá aos pobres… Depois vem e segue-me” (Mc.19:21). O jovem saiu decepcionado com Cristo. Deve ter achado que Ele era um fanático ou sem juízo.
Temos mania de condenar o jovem rico porque ele não quis vender tudo, dar aos pobres e seguir a Cristo. Tão fácil isso, não é? Que hipocrisia! Por muito menos negamos a Cristo. Achamos que somos espiritualmente ricos, saudáveis e bons porque somos corretos perante a sociedade e cumprimos legalmente o que a Constituição e o pastor, padre etc mandam. Por isso, não queremos abrir mão de nossa vida que é essencialmente má, de nossos hábitos, pensamentos, atitudes, gostos e egoísmos para servir a Cristo. Perguntamos a Ele o que precisamos fazer para obter a salvação, como se nossas boas obras nos salvassem. Mas, se fosse assim, Cristo não teria nos amado e oferecido salvação de graça quando ainda éramos seus inimigos.
Ser seguidor de Cristo é muito mais que cumprir normas, regras e padrões da sua igreja. Se sua religião não te aproximou de Deus e do próximo você não é convertido. Se você não segue o que Cristo fez, mas apenas o que seu líder espiritual diz e se isso não condiz com o exemplo de Jesus, você ainda não conhece a Deus.
Que fique claro que fazer o que a lei manda não é desnecessário e nem errado. Pelo contrário, é certo. Deus quer que sejamos bons perante a sociedade também, mas Ele quer mais do que isso. Ser religioso pode ser saudável, bonito e correto, mas ser religioso só por palavras não vale de nada. São apenas tentativas de provar para Deus e para os outros que somos bons.
Aceitar a Deus inclui aceitar a salvação de graça e compartilhá-la com outros, reconhecendo que somos pó, pedindo a Ele para purificar não somente o corpo e ações, mas, sobretudo, nosso caráter. Quando o aceitamos, não ocorrem apenas mudanças de comportamento social e moral, mas mudança de alma, de mente e de vida.
Por Rayssa Santos, Jornalista